Construída em segredo na década de 1960 para esconder uma frota de caças soviéticos na então Jugoslávia, a base tinha os seus próprios sistemas de energia, purificação de água e ventilação e podia operar de forma autónoma.
No seu apogeu, a base subterrânea podia abrigar quase 60 aeronaves MiG-21, com seus 3,5 quilómetros de túneis, além de centros de comando, escritórios e dormitórios.
Os restos das enormes portas retráteis de betão de 100 toneladas ainda são visíveis nas quatro entradas. Além do interior cavernoso, a base tinha cinco pistas que atravessavam a fronteira entre a Croácia e a Bósnia.
"Todos os sistemas eram de última geração naquela época", disse Mirsad Fazlic, ex-piloto que trabalhou na base por quase uma década em 1980. "Era então a melhor tecnologia militar e civil."
Durante as guerras que se seguiram à dissolução da Jugoslávia na década de 1990, a instalação foi destruída. "Tudo o que estava lá dentro, todo aquele equipamento, tudo foi queimado", afirmou Fazlic. "Só restaram os túneis e as paredes."
Após a destruição, a base ficou, em grande parte, vazia e em ruínas, atraindo turistas aventureiros que procuravam explorar antigas relíquias da era comunista.
Tudo mudou em 2016 com o lançamento de um documentário esloveno, chamado "Houston, We Have a Problem!", que faz referência à base. Desde então, moradores estimam que o complexo estatal tem atraído mais de 150 mil pessoas por ano.
As autoridades da área têm grandes esperanças de que, com o marketing certo, a base possa atrair muito mais, especialmente alguns dos 1,7 milhões de turistas que visitam o Parque Nacional dos Lagos de Plitvice todos os anos. Aquela que é uma das atrações mais famosas da Croácia fica a cerca de 20 quilómetros da antiga base.
"Ao revitalizar Zeljava, criaríamos conteúdo adicional para o parque nacional, permitindo que os turistas ficassem um dia a mais", disse Ante Kovac, autarca da região.
Corridas de carros já foram realizadas na base, e as autoridades acreditam que o lugar poderia abrigar centros de dados, sediar festas ou ter um museu da Guerra Fria.
Atualmente, os visitantes caminham com lanternas pelos túneis húmidos e escuros, evitando cuidadosamente buracos no chão, enquanto alguns conduzem por partes da base.
"É uma loucura que tenha ficado congelada no tempo", afirmou Angelo Virag, um fotógrafo visitante da capital croata, Zagreb, que ficou admirado com a "originalidade da obra de engenharia".
O seu primo Mario Garbin - de Perth, Austrália - falou sobre a "natureza crua e autêntica da infraestrutura que foi deixada intocada nos últimos 30 anos".
O fanático por aviação Hamdija Mesic, da cidade bósnia vizinha de Bihac, disse esperar que as duas pistas localizados na Bósnia sejam reabertas para colegas pilotos em breve. "Uma instalação tão grande abandonada aos estragos do tempo não pode ser encontrada em nenhum outro lugar do mundo", disse à AFP.
No entanto, outros esperam que o local permaneça como está.
"Não há sinais de onde tem de ir e o que ver, é mais como um lugar de descoberta", contou à AFP Maria Moreno, uma designer de interiores espanhola. "Foi por isso que gostei. "Transformá-lo em atração turística perderia o charme."
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