Têm a bicicleta à mão? Subam para ela e venham connosco. Atravessemos juntos este caminho estreito, desenhado no meio dos arrozais, o verde repete-se: à direita, à esquerda. Sintamos o vento: passa-nos pelos cabelos, protegidos num lenço enrolado. E o sol desenha-nos as sombras: somos mãe e filha, u
Perguntar-se-ão, estes homens, sobre a fibra de que são feitos?
Enfrentam a rebentação das ondas, em pé, com um remo que os sustenta, o mesmo com que comandam o barco. Pelo percurso vão largando as redes e com elas as bandeiras vermelhas – como a do seu país – que lhes ensinarão o caminho de regress
Viajar com uma criança pequena é também ver através dos seus olhos e (re)construir a capacidade de ver a beleza no que há, no lugar de apontar o que falta.
E se houvesse um lugar onde todas as luzes se apagam ao mesmo tempo? Um lugar onde a electricidade é trocada pela lua – cheia – que ilumina as ruelas da cidade velha? Um lugar onde nenhum veículo motorizado é permitido e onde o rio se enche de flores de lótus, desenhadas em papel colorido, com uma v
Estamos no meio dos arrozais, perdidos algures pelo vale Muong Hoa. Connosco, além da Say, há um grupo de mulheres que nos acompanham durante esta caminhada, pertencem à tribo Hmong e são facilmente identificadas pelos seus trajes pretos tradicionais e pelos lenços de um axadrezado colorido, que tra
Há um lugar no mundo onde um dragão mora no oceano. Correu das montanhas para se esconder nas águas. Enquanto corria, a sua cauda afundou a terra, desenhou vales e estes encheram-se de água, deixando a descoberto pedaços de terra que saem do mar, onde ele se esconde. Nós fomos conhecer esse lugar ún
Era domingo – tínhamos um bilhete nas mãos, na parte de trás marcava 21h15, 100’000 dongs vietnamitas e na frente lia-se assim: Nhà Hát Múa Rôi Thang Long (Thang Long Puppet Theatre). Fomos ao mais famoso teatro de marionetas na água.
"Negro como o diabo, quente como o inferno, puro como um anjo, doce como o amor". A citação é de Charles Maurice de Talleyrand-Perigord, um político e diplomata francês e figura controversa na história do país. E, excluindo a última parte da frase - o doce no café preto -, concordamos com a restante
Hanói acorda às 6h e às 6h de cá já não há cama em que caibamos, agitam-se os corpos, mesmo mal dormidos (de um dia inteiro de viagem). Agitam-se como se copiassem a agitação lá fora: buzinas, pessoas a falar, galos a cantar, tudo ao mesmo tempo e tudo tão intenso que chega ao 5º andar da rua Bat Su
Em viagem, cruzamos-nos com rostos desconhecidos muitas vezes por dia: rostos que nunca vimos antes, rostos que nunca veremos de novo. Neste dia, deixaríamos a China e, de todos os olhos, guardámos os do senhor de olhos pequenos que parecia receber-nos com o seu olhar, acolher-nos no melhor de si.
A terra dançou danças irrepetíveis para fazer nascer Yangshuo. Não vos vou falar dos movimentos das placas tectónicas, disso falar-vos-ia se não tivesse cá estado, se não tivesse sentido Yangshuo. O que aqui há tem de ter nascido no coração de alguém, antes de ter nascido de qualquer explicação cien
É do cimo de Lijiang que vos falo, com uma parte da cordilheira do Himalaia no horizonte. Estamos na Província de Yunnan, no sudoeste da China. Subimos o Lion Hill Park, atravessámos o Pavilhão Wangu para vermos de cima os telhados negros, a calçada antiga.
É esta a China que quero sentir, foi desta China que viemos à procura: a terra vermelha que nos entra pela janela dentro, os campos de arroz e de outros cultivos, os camponeses de cabeças enfiadas nos seus chapéus tradicionais.
Estávamos no tempo dos imperadores e esse tempo era vivido numa quadricularização dos tempos, dos espaços. As preces, as rezas, os pedidos de bom tempo e boas colheitas eram feitas no Templo do Céu - e, acreditem, neste templo também nós pedimos aos céus, já vos contamos o quê. Já o descanso e a pau
É a estrutura arquitetónica mais longa do mundo, estende-se ao longo de quatro províncias, atravessa o Deserto de Gobi a Mongólia e a região autónoma da Ningxia. Os olhos são poucos, são curtos, fazem-se pequenos, tentam alongar-se, esticar-se, aumentar-se mas deixam muralha para lá de tudo o que po
É assim que é mais conhecido o Yonghe Temple, em Pequim. Há já um prenúncio do que nos espera pelas ruas que nos levam até lá: estátuas de Buda, talismãs, amuletos budistas vários e incenso relembram-nos que estamos bem perto do maior e mais famoso templo budista tibetano, fora do Tibete.
O barulho, a multidão: entram-nos pelos ouvidos, pelos olhos, pelos corpos - que se tocam - num caminhar que eles (que o fazem no quotidiano) sabem de cor; que nós tentamos descodificar numa amálgama de caracteres chineses que, até esta entrada em Pequim, nunca havíamos visto.
Já estamos dentro do balão, deste balão que toca os céus e pousa em terras que ainda não conhecemos mas até às quais seremos levados por esta vontade de ir.
Muitas vezes nos perguntam qual a idade mínima do bebé para viajar. A resposta dependerá sempre do tipo de viagem em mente, devendo imperar o bom senso em cada tomada de decisão.
“E a Mia?! Vocês vão levá-la para esses países, isso não é perigoso?” vs “Eh pá! Que fixe, vocês é que são malucos - ou corajosos -, quem me dera; como vos invejo”. Estas foram as reacções que fomos ouvindo quando confiamos, aos mais próximos, esta nossa ideia de partir pelo mundo, em família.
A memória não nos aponta um dia certo no calendário, nem ponteiros claros no relógio, quando tentamos situar o momento em que decidimos largar este mundo pelo desejo de conhecer o mundo: mais mundo.
Somos uma família – nós e a nossa pequena Mia – com um desejo: viajar pelo mundo. Pôr os pés à conversa com terras desconhecidas. Queremos ser uma casa com seis pés (ou quatro – quando os mais pequeninos, já cansados, quiserem balançar-se ao ritmo do colo) e de braços e olhos bem abertos, para abraç