A ponte é de estilo românico, em alvenaria de granito, com três arcos e o central é o mais alto. Ultrapassa os 20 metros de altura.
No tabuleiro pedonal, de 65 metros de comprimento, o arco central corresponde também ao ponto mais alto.
Num dos acessos ainda vemos os vestígios de uma torre, com dois arcos, que dá mais graciosidade à construção.
José Mattoso, em Portugal - o Sabor da Terra, afirma que seria para cobrar "um imposto de portagem. A qualidade da construção reflete certamente a importância de uma via que, entretanto, se perdeu. Imperturbável, permanece a ligar duas margens de silêncio". Por outro lado, a torre manifesta também uma intenção defensiva, o estatuto de fortaleza.
Até ao tratado de Alcanizes, o rio Côa fazia de fronteira com o reino de Leão. Após o tratado o território português expandiu-se vários quilómetros e as estruturas defensivas – Sortelha, Vilar Maior, Vila do Touro, Alfaiates, Castelo Melhor – deixaram de ter essa função.
Os conflitos fronteiriços do passado dão hoje lugar a um ambiente harmonioso com a ponte de pedra a destacar-se numa zona onde o rio fica mais apertado. “Fica no meio de um vale. Não é muito muito acentuado. A vegetação também é diferente.
De um lado há mais barroco e do outro lado predomina a giesta. O próprio percurso do rio proporciona beleza à ponte. Ela, de facto, é imponente. Tem um aspeto lindíssimo, aparentemente está bem cuidada tendo em conta a sua idade. Está limitada à passagem de peões e bicicleta, eventualmente uma mota. Não passam carros que ela está trancada.”
A descrição é de Marco Capela. Estava a correr pela ponte quando pedi para falar com ele. Como ele diz, é um luxo poder desfrutar de trilhos neste ambiente natural. “Este trajeto está identificado como trilho de PR e BTT. Correr pela ponte é magnifico.
Ao lado da ponte passa a Grande Rota do Vale do Côa.
Por vezes, algumas pessoas fazem uma paragem no percurso. No entanto, pelo significado histórico, pela arquitetura, dimensão da ponte e pelo seu enquadramento paisagístico, há quem venha de propósito ver a ponte de Sequeiros.
“Há muita gente a passar por aqui. Com a pandemia há mais gente porque que aproveitam para visitar sítios isolados. Há muitas fotografias da ponte nas redes sociais. Não digo todos os dias, mas quando passo, há quase sempre gente por aqui.”
Podemos descer até ao leito do rio através de um caminho improvisado. De um lado vemos a chegada do Côa através de lameiros e pequenos socalcos.
No outro lado temos uma gruta no meio das rochas. Após a passagem pela ponte a água fica mais serena, ganha profundidade, comprimida por margens estreitas e rochosas.
Do leito do rio temos também uma noção mais concreta da robustez da ponte que há vários séculos resiste à erosão da água.
É um dos poucos exemplares de ponte fortaleza que chegou aos dias de hoje e está classificada como Imóvel de Interesse Público.
O acesso é fácil, por Vale Longo, no concelho de Sabugal. Pode ser complementado com passagem por várias praias fluviais que tiram proveito da frescura e beleza do rio Côa, um dos menos poluídos em Portugal.
Ponte de Sequeiros – a harmonia da guerra e da paz faz parte do programa da Antena1 Vou Ali e Já Venho e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.
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