Serra da Porra
Começamos pela Serra da Porra que nos é detalhada por Honorato Neves um apaixonado e profundo conhecedor da etnografia da região.
Estamos no alto da Meimoa, num miradouro, virados para uma elevação em forma de cone que está em frente.
Na memória de Honorato Neves desde pequeno que sempre ouviu chamar Serra da Porra. “Não se sabe a origem mas é o nome que o povo lhe dá. Na cartografia está como Serra do Porrete”.
A vista do miradouro alcança mais elevações. A Malcata enche o horizonte com montes muito altos e a Serra da Porra é vizinha da Meimoa “e parte integra a Reserva Natural da Serra da Malcata.”
No passado, não muito distante, o verde dos pinhais não era tão dominante devido ao cultivo de cereais. “A serra era toda cultivada até ao talefe que está no alto. Predominavam o centeio. Toda a gente lavrava.
O outro aproveitamento era do mato para o Ti Zé Pequeno fazer carvão para as braseiras. Era o chamado borralho. Ainda hoje chamam à família dele “os borralhos”.
Outra alteração que Honorato Neves refere é a modificações dos cursos de água. Nas visitas frequentes que faz à serra diz que a mudança é muito grande e deveu-se à introdução de novas culturas.
Serra das Mesas
Na Serra das Mesas a água é também um elemento natural relevante porque é onde nasce o rio Côa. A nascente está referenciada a mais de 1.200 metros de altura, no alto de uma encosta granítica.
O fio de água, que depois só voltamos a ver próximo de Foios, está mesmo ao lado das “mesas”.
São pedaços de granito com forma cúbica e com brechas entre eles com mais de um metro de altura e que lhes dá uma forma parecida com uma mesa.
Mais ainda porque a parte superior é muito lisa, devido à erosão e assemelham-se ao tampo das mesas.
Aqui encontra excertos de um estudo sobre a morfologia granítica na Serra das Mesas e contributos de Victor Clamote para uma melhor perceção da Serra das Mesas.
Do alto da serra vê-se Foios e logo ali ao lado está Navasfrias, no lado espanhol. A serra das Mesas funcionava como ponto de observação para os contrabandistas.
Era ali que às escondidas juntavam o café para o carrego durante a noite. José Maria fez contrabando desde miúdo e “várias vezes ao dia cada um levava cinco quilos de cada até à Serra das Mesas.
Ao anoitecer escondíamos o café debaixo de uma lata e durante a noite partíamos com o carrego.”
Hoje, como diz José Leal, que também vive em Foios, “os caminhos do contrabando para a serra das Mesas são os trilhos para caminhadas que terminam em convívio, com uma merenda na serra”.
As serras vizinhas da Porra e das Mesas faz parte do programa da Antena1, Vou Ali e Já Venho, e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.
Comentários