Por ser uma área muito grande o mais indicado é escolher uma das Aldeias do Xisto para pernoitar e depois descobrir as que estão mais próximo.

Há uma grande diversidade de características do ponto de vista paisagístico, preservação do património, afluência de visitantes e os projetos/vivências que dão alma a cada um dos lugares.

Começamos no núcleo central da serra. No concelho da Lousã. Vamos à descoberta de cinco aldeias do xisto: Talasnal, Chiqueiro, Casal Novo – todas com vista para o castelo da Lousã ou para a sede de concelho -, e noutra encosta da serra, a caminho de Castanheira de Pêra, as aldeias de Candal e Cerdeira.

Chiqueiro
Chiqueiro créditos: andarilho.pt

Todas sofreram um duro processo de desertificação após a plantação de pinheiros que sacrificou a pastorícia e com as sucessivas vagas de emigração. Algumas das localidades ficaram abandonada e das três aldeias com vista para o castelo, só o Chiqueiro tinha recentemente um pastor, como também residentes permanentes.

Mudemos o nome, por ironia chamemos, o Chique, é um núcleo urbano muito pequeno. Uma rua estreita que desce a encosta e ladeada de meia dúzia de casas. Algumas têm xisto novo e estão alinhadas, com paredes direitas, recuperadas recentemente. O ambiente é predominantemente agrícola.

Chique está no ponto mais alto da encosta da serra e um exercício interessante é tentar descobri-la quando estamos na encosta em frente, um pouco acima do castelo, num dos vários miradouros.

Aqui tem mais informação sobre Chiqueiro e Casal Novo.

Casal Novo não é propriamente uma aldeia. Tal como Chiqueiro, será mais correcto descrever como um pequeno lugar com meia dúzia de casas.

Também ladeiam a rua que desce até ao melhor miradouro da sede de concelho. É a varanda da Lousã.

Aqui sente-se o isolamento e são desnecessários auscultadores – o ruído da civilização passa longe, na estrada, no topo de Casal Novo, a caminho da aldeia do xisto desta zona com mais sucesso: Talasnal.

Talasnal
Talasnal - vista na estrada um pouco antes da chegada créditos: andarilho.pt

Antes de passearmos nas ruas estreitas e inclinadas ou dormirmos numa casa de xisto na encosta, é obrigatório parar num miradouro improvisado na berma da estrada, e ter uma visão de conjunto de Talasnal.

Ao nascer do sol, sentimos o acordar fresco da serra que nos convida à preguiça. A meio de uma tarde de verão as sombras densas das ruas estreitas protegem-nos do calor abrasivo do xisto. Ao pôr do sol o brilho intenso da rocha torna vibrante o ambiente que, no lusco-fusco, ganha imaginação com as luzes cintilantes a descerem a encosta e a projetar em cada rua um lugar mágico.

Talasnal
Talasnal créditos: andarilho.pt

Sensação semelhante a acordar numa manhã de nevoeiro a cobrir o ventre da serra. Tudo fica indefinido. O verde das encostas e as linhas retilíneas das paredes das casas. Sugestão: fique sentado numa esplanada. Saboreie um café e um talanisco enquanto observa a dança do nevoeiro.

Talasnal
créditos: andarilho.pt

Talasnal tem várias ruas, algumas íngremes e com escadas e terminam em miradouros para a serra e o castelo. Muitas construções foram recuperadas e mantêm a traça original.

Aqui tem mais informação sobre Talasnal

Talasnal vê-se com facilidade quando estamos no castelo da Lousã e no santuário de Nossa Senhora da Piedade. A fortificação foi sujeita a obras para permitir a visitação.

Santuario Senhora da Piedade
Santuario Senhora da Piedade créditos: andarilho.pt

O santuário, além da procura por motivos religiosos, tem forte aceitação pela praia fluvial.

Ficam ao lado da estrada N236 que tem vários miradouros e que nos vai levar até Cerdeira e Candal.

Ambas ficam a cerca de uma dezena de quilómetros da Lousã, mas o acesso a Cerdeira exige, em algumas curvas apertadas, aos católicos, uma oração no santuário.

Cerdeira estende-se num vale ao lado da estrada. As casas foram quase todas restauradas e descrevem uma linha sinuosa definida por um caminho que sobe a encosta. Estão alinhadas num anfiteatro natural. Muitas habitações têm uma varanda ou terraço para o infinito.

Cerdeira
Há várias esculturas ao longo da aldeia. No chão, nas portas, vasos, paredes… créditos: andarilho.pt

Em alguns locais encontramos peças de cerâmica, que foram cozidas num forno construído na aldeia.

Foi a componente cultural – e a paixão de uma escultora alemã – que ressuscitou Cerdeira após ter sido duplamente morta. Um homicídio que originou o total abandono da aldeia.

Aqui encontra mais informação sobre Cerdeira.

Candal também sobre do problema da desertificação, mas o vaivém da N236 contagia-a com vida. A aldeia está ao lado da rodovia que liga Lousã a Castanheira de Pêra.

Candal
Ribeira de Candal créditos: andarilho.pt

Por outro lado, a ribeira de Candal que atravessa o casario dá outra alma ao núcleo urbano que se aconchega na curvatura da encosta. Um arquiteto diria que forma um anfiteatro natural com as janelas e portas viradas para a estrada, para todos verem quem passa.

Candal
A aldeia está muito bem cuidada e a maior parte das casas foram reabilitadas créditos: andarilho.pt

Outros preferem sentar-se num banco junto ao chafariz. Os visitantes também sabem da fama do restaurante que fica próximo da estrada. Há alojamento e, mesmo que seja de passagem, vale a pena ficar algum tempo e passear pelo meio do casario.

Aqui tem mais informação sobre Candal.

As aldeias do xisto do concelho de Góis não sofrem a invasão de turistas no Verão. Aigra Nova, Aigra Velha, Comareira e Pena.

Pena
Aldeia da Pena e o Penedo Abelha créditos: andarilho.pt

São relativamente pequenas, com muito poucos residentes permanentes – por vezes sem ninguém – e contagiam-nos com a sua genuinidade. Esqueçam o egoísmo, aqui o prazer é estar acompanhado apenas por quem sabe o valor do silêncio. Cada vez menos.

Aigra Velha
Aigra Velha créditos: Who Trips

Por outro lado, a autenticidade substitui a exuberância. Nós e a natureza.

As aldeias estão escondidas no meio da serra, longe de concentrações urbanas e preservam muito do seu património. Desde espaços coletivos como a eira, o aproveitamento comum  de chafarizes ou de cursos de água no fundo dos vales.

Aigra Velha
Bica de Aigra Velha créditos: andarilho.pt

Há ainda sinais de pastorícia e da agricultura de subsistência nas pequenas hortas junto às casas ou os antigos currais que, entretanto, foram adaptados a outras funções.

Em especial na Comareira e na Aigra Velha o seu vizinho é o silêncio. A vista é para o trabalho de regeneração da natureza que está a pintar de verde as encostas da serra.

A Comareira e a Aigra Velha, cada uma delas, tem pouco mais de uma dezena de habitações com o xisto cru e os portados de madeira.

Comareira
Casa de Campo da Comareira créditos: andarilho.pt

O que o tempo corroeu estão agora alguns proprietários a restaurar, mas há ainda vestígios de casas que devem ter um século.

Aqui pode ver mais informação sobre Comareira e aqui sobre Aigra Velha.

Aigra Nova tem mais construções e até pode ver um Ecomuseu.

Corrida do Entrudo
Ecomuseu da Lousitânea em Aigra Nova créditos: Andarilho

É uma iniciativa da Lousitanea, Liga de Amigos da Serra da Lousã, uma associação que desenvolve várias iniciativas de preservação destas aldeias e de valorização do seu património. A sede é na Aigra Nova.

Aqui encontra a reportagem sobre Aigra Nova.

Há vários percursos pedestres e na Aigra Nova até podemos ser acompanhados por um burro.

Aigra Nova
Um dos burros mirandeses créditos: andarilho.pt

Neste grupo de aldeias do concelho de Góis, a que fica mais distante é a da Pena, mas merece uma visita. É maior do que as outras. Começa junto à ribeira e sobe a encosta.

Pena
Pena créditos: andarilho.pt

É um desfile de casas. A obra humana corre em paralelo com a obra da natureza, um desfile de enormes penedos em granito na outra encosta.

Um deles é o Penedo Abelha. No alto, vemos as figuras cimeiras desta área da Lousã: os vigilantes Penedos de Góis.

Aqui tem mais informação sobre Pena.

Antes de deixarmos o concelho de Góis temos de ver uma obra-prima da natureza, adorada pelo homem. O Desfiladeiro do Cabril do Ceira ou também conhecido como Cerro da Candosa.

Faltam três Aldeias do Xisto. Duas mais a sul, a outra, Gondramaz, a oeste e com ventos marítimos.

Gondramaz
Gondramaz créditos: andarilho.pt

Pertence ao concelho de Miranda do Corvo e está a meio da encosta da serra da Lousã.

Gondramaz é uma aldeia pequena, foi toda renovada e está rodeada de árvores. Encanta os visitantes devido à sua simplicidade.

Na verdade é uma rua que desce a serra e por vezes se desdobra em pequenas ruelas. A rua termina com um restaurante e uma piscina. Tudo o resto é xisto. De tom amarelo e um pouco diferente das restantes aldeias da Lousã. Só a capelinha de N. Senhora da Conceição tem uma cor diferente porque está rebocada de branco.

Gondramaz
A rua que estrutura a aldeia créditos: andarilho.pt

Actualmente, residem em permanência sete pessoas e quase sempre há mais gente na aldeia porque ganhou novos habitantes. Gondramaz está a 9km de Miranda do Corvo e é uma das aldeias de xisto com melhores acessibilidades.

Aqui tem mais pormenores sobre Gondramaz.

Ferraria de São João e Casal de S. Simão já estão a uma distância considerável do núcleo central da Lousã.

Ferraria de S. João pertence ao concelho de Penela e Casal de S. Simão a Figueiró dos Vinhos.

São duas aldeias muito diferentes.

Ferraria de S. João é mais rural, mais dependente da atividade agrícola e da floresta. Tem alguns habitantes permanentes, ganhou outros recentemente e aposta em BTT.

Mais informação sobre Ferraria de S. João.

Casal de S. Simão é das aldeias mais bonitas da rede das Aldeias do Xisto.

Casal de São Simão
Muitas casas mantêm a traça original créditos: andarilho.pt

Esteve quase ao abandono e teve a fortuna de ser redescoberta. Quase todas as habitações foram restauradas seguindo o modelo da arquitetura tradicional.

Casal de São Simão
Ribeira de Alge em S. Simão créditos: andarilho.pt

Tem um bom restaurante, uma praia fluvial e foram desenvolvidos outros projetos como o passadiços que permitem a descoberta das Fragas de S. Simão.

Aqui encontra mais informação sobre Casal de S. Simão.