
A maior parte das casas são térreas com portas de madeira e algumas guardavam animais.

Ouviam-se cabras numa das casas e noutra um cão fazia imenso esforço para romper por debaixo de uma porta, ou pelo menos observar as visitas.

Na esquina ao lado surgiu um gato, sem metade de uma orelha.
A proteção contra intrusos era um dos motivos porque as casas estavam viradas umas para as outras e com ligações internas entre elas.
A origem do povoado remonta ao séc. XVI e os intrusos podiam ser lobos ou pessoas, como os fiscais do Estado Novo que confiscavam alimentos.
Perante esta contrariedade, os habitantes construíram um esconderijo entre a cozinha e os currais.
Esta função hoje é desnecessária porque a aldeia está quase despovoada.

Numa casa havia roupa estendida e um casal tratava da vinha perto do ribeiro que passa num vale.

Acede-se ao vale através da Quelha da Bica. Tem este nome devido a uma fonte no início da descida.
A encosta está cultivada. Antes era terra de pastoreio.

No meio da aldeia, há um forno e um alambique. Foram recuperados e fazem aqui broa de milho e a aguardente, seguindo um processo de fabrico centenário.
Fazem parte do património da família Claro, um pastor que se apercebeu que o abandono das aldeias iria levar à perda de todo o património cultural.
Conta-nos Jorge Lucas, da Lousitânea, a Liga de Amigos da Serra da Lousã, que foi André Claro quem deu o impulso para a revitalização destas aldeias de xisto.
Toda a zona envolvente está arborizada, com muitos pinheiros. Antes faziam queimadas para rejuvenescer a vegetação, uma prática em desuso.

Aigra Velha fica no alto de uma encosta, a mais de 700 metros de altitude, não muito longe de Aigra Nova e da Pena.
Da aldeia consegue-se ver a Serra da Estrela e os Penedos de Góis, que parecem estar muito perto, mas a distância é grande.
Tal como sucedeu em outros lugares desta região, os cães são o comité de receção.
Eles percebem quem é visitante e aproximam-se com ar meigo, à espera de um petisco.
Aigra Velha fica a 14km de Góis e o acesso pela N342 é sempre por estrada, estreita e alcatroada.
Aigra Velha e enigmática faz parte do podcast semanal da Antena1 Vou Ali e Já Venho e pode ouvir aqui.
A emissão deste episódio, Aigra Velha e enigmática, pode ouvir aqui.
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