A aldeia é um anfiteatro de casas que sobe uma encosta íngreme até ao miradouro. Daqui podemos contemplar as ruelas, a eira e as casas alinhadas em socalcos. A maioria são casas de dois pisos.
A cor escura e agreste das construções ganha conforto no verde dos castanheiros e dos abrunheiros.
A ribeira de Candal acentua a harmonia. Desce por um dos lados da aldeia e forma uma piscina muito bonita que surpreende quem passa porque está no meio das casas.
A ribeira passa depois por um túnel debaixo da estrada nacional que liga Lousã a Castanheira de Pêra. Despedimo-nos dela pelo barulho das cascatas porque a vegetação densa encobre o seu percurso. É aqui, junto à estrada, que está o chafariz.
É pequeno e com um poema que sintetiza o ambiente:
O Chafariz do Candal
Tem duas pedras de assento
Uma é para namorar
Outra para passar o tempo.
Candal foi das aldeias de xisto desta região que teve sempre mais desenvolvimento devido à passagem da estrada. No entanto, de forma permanente, residem menos de uma dezena de pessoas e o único estabelecimento comercial é o restaurante Sabores da Aldeia que fica à beira da estrada.
É muito afamado e há razões para isso tendo em conta a qualidade dos pratos servidos por Ana Pinto que reside no Candal há oito anos. Ela diz que há muita gente com casas que ainda são pertença das famílias originais e passam aqui um fim de semana ou parte das férias.
Mesmo com mais habitantes a aldeia mantém um ambiente distendido. É um lugar muito calmo onde é ainda possível descansar. Ouve-se o “barulhinho” da água porque a aldeia é atravessada por três linhas de água. É um sítio ideal para repousar.
No entanto, quem reside em permanência tem muito trabalho para cuidar da aldeia.
Há pouca gente para o trabalho que se tem de fazer. "Para manter este lugar é preciso que haja muita gente. No dia em que não houver pessoas a trabalhar este lugar passa a ser mato e ruínas. Por exemplo, as pessoas que nos preparam a lenha ou os que restauram as casas têm sempre muito trabalho", afirma Ana Pinto.
A desertificação não é um problema só de agora. Há três décadas o Candal só tinha 15 habitantes. O êxodo começou há um século. A economia pastoril foi afectada com a plantação massiva de pinheiros por ordem do Estado Novo. O ponto final foi na década de 70 quando fecharam a escola que tinha sido construída com dinheiro enviado pelos emigrantes.
A primeira vaga de emigração, nos anos 20 do século passado, foi para os EUA. As próprias casas expressam o novo estatuto económico. Algumas das habitações próximas da estrada foram construídas com o dinheiro de emigrantes dos EUA.
São casas maiores, têm pedra de cantaria à volta das janelas e, como era tradicional na época, o sinal de riqueza era rebocar. As casas são de xisto e em algumas zonas do interior das habitações são facilmente perceptíveis os materiais utilizados. É o caso da casa onde funciona o restaurante e a Loja de Xisto.
A fase seguinte da emigração foi para o Brasil e depois para a região de Lisboa, onde faziam trabalhos que exigiam grande esforço físico.
Candal para namorar ou passar o tempo faz parte do programa da Antena1 Vou Ali e Já Venho e pode ouvir aqui.
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