Isso deve-se, em grande parte, a uma associação sem fins lucrativos que procura conservar e valorizar o património local, a Lousitânea, Liga de Amigos da Serra da Lousã. Foi criada em 2001 e tem sede na Aigra Nova.
O ponto central da Lousitânea é o Ecomuseu Tradições do Xisto, composto por vários núcleos e onde se pode ver o modo de vida das populações destas aldeias, os utensílios, o aproveitamento dos recursos humanos, a cultura e a organização social.
O arranque deste projeto ainda foi a tempo de contar com o envolvimento e o saber dos últimos residentes.
Foi um fator determinante para o sucesso. Por um lado, existe uma comunhão de esforços para salvaguardar o património cultural, por outro, é um fator de enriquecimento da vivência dos visitantes, que podem partilhar experiências e saberes com pessoas que habitam na região.
Alguns deles são excelentes contadores de histórias, felizes por transmitirem o legado que ameaçava desaparecer com o abandono das aldeias.
Um dos núcleos de maior sucesso é um curral tradicional onde dois burros mirandeses revelam que não são nada burros porque, mal se aproximam visitantes, vão logo ter com eles. Esperam uma cenoura ou uma alface como recompensa. É possível fazer passeios guiados, de burro, pela serra.
Um outro núcleo que se destaca é a maternidade de árvores, um viveiro de espécies da serra da Lousã. Há mais núcleos em Aigra Nova.
Um dos pontos que, pelos vistos, colhe mais interesse dos visitantes é a loja do Lousitânea, junto ao Ecomuseu.
Eu quis repetir uma gamelinha de castanha e já não havia mais. A meio da tarde já tinham esgotado...
É um bolo com textura muito suave, saboroso, com um formato de gamela e feito de castanha, mel e canela. Muito bom. O doce de castanha também estava esgotado.
A castanha desempenhou um papel fundamental nestes povoados isolados. Substituía o pão e era um dos elementos essenciais na dieta alimentar.
Na encosta ao lado das casas, há também muitas cerejeiras.
Aigra Nova é das maiores aldeias de xisto desta zona da serra da Lousã, mas não é muito grande.
Tem três ruas, fica numa encosta e no topo está a Quintã, o largo onde antes se discutia a vida comunitária. Como não havia tabernas, nem igrejas, o espaço comum onde se juntavam era na Quintã. Funcionava aqui o processo de intermediação sobre os rebanhos comunitários, utilização comum de alguns terrenos ou de recursos naturais.
Em sentido oposto, no fundo do vale, passa a ribeira de Mouro, onde há javalis e veados.
Muitas casas são de dois pisos. O térreo era para os animais e o superior também dava para guardar alimentos. A aldeia tem fornecimento de energia eléctrica.
Uma das vantagens da desertificação foi o património natural não ter sido destruído pelo homem e esta região é um exemplo disso.
Muitos estrangeiros vêm para aqui pela riqueza do património natural e também porque querem estar próximos de comunidades agro-pastoris.
A Aigra Nova faz parte da Rede Natura 200 e está classificada como Sítio de Importância Comunitária da Serra da Lousã.
Ao redor da aldeia, há pequenos terrenos cultivados, mas predomina a floresta, sobretudo pinheiros.
Para se chegar a Aigra Nova o melhor caminho é, provavelmente, pela N342 entre Góis e Lousã. Há um desvio para as aldeias de xisto e está bem sinalizado.
Pouco depois da Comareira, surge Aigra Nova mas a estrada não tem continuidade. Tem de se recuar quase 1km, voltar à Comareira ou fazer o desvio para Aigra Velha, outra das aldeias de Xisto.
Aigra Nova - leve uma cenoura e prove uma gamelinha faz parte do podcast semanal da Antena1 Vou Ali e Já Venho e pode ouvir aqui.
A emissão deste episódio, Aigra Nova - leve uma cenoura e prove uma gamelinha , pode ouvir aqui.
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