A largura do estreito é de 45 metros. No passado, a passagem era ainda mais estreita e alta o que provocou uma imensa queda de água. A profundidade do leito do rio, após a passagem das Portas de Ródão, mostra que a queda de água teria uma força impressionante.
O processo de erosão já leva mais de dois milhões de anos e a relação do Tejo com as montanhas já foi muito mais imponente. Ainda hoje impressiona e são contadas muitas histórias sobre a travessia de barco.
Até quem viaja de comboio e passa ao lado das escarpas também se impressiona com a beleza do lugar que está classificado como Monumento Natural Portas de Ródão. Esta é uma das viagens de comboio mais interessantes, do ponto de vista paisagístico, em Portugal.
Pode-se também alugar um barco, por exemplo no cais de Vila Velha de Ródão e fazer o passeio ao longo dos quatro quilómetros do rio Tejo.
Para Ana Silva, do Turismo de Vila Velha de Ródão, a experiência de barco “é como que uma libertação. Nós não vamos só fazer um passeio de barco. Há uma série de animais que conseguimos avistar".
"Entramos na garganta das Portas de Ródão e conseguimos ver os grifos no seu habitat natural a alimentarem as crias. Depois, de repente, levantam e começam a planar.”
Acrescenta Ana Silva que é importante ter um bom guia porque “ali conseguimos falar de toda a história de Ródão. Estamos a passar as Portas de Ródão, um monumento natural e um geomonumento do Geopark Naturtejo da meseta meridional, o primeiro geoparque em Portugal, e estamos a ver os grifos no seu habitat natural, estamos a ver a cegonha preta que temos dois casais, patos bravos, corvos marinhos e temos uma pequena ilha onde conseguimos ver cágados enormes. É uma descoberta e se formos com um bom guia ele vai-nos explicar tudo".
"Temos ainda a torre de menagem em cima do monte, conta-nos uma lenda e também o Conhal do Arneiro. É uma exploração mineira da época dos romanos que fica imediatamente a seguir às Portas de Ródão.”
A torre de menagem a que Ana Silva se refere é o castelo do rei Wamba que está na serra das Talhadas e tem um miradouro. Próximo do alto de uma das portas. Tem uma vista magnifica e uma das particularidades é que vemos com facilidade os grifos a planar. Esta é a maior colónia de grifos em Portugal.
Esta zona foi a preferida por muitas espécies e até foram encontrados vestígios ósseos dos últimos exemplares do elefante-europeu antes da sua extinção durante a última glaciação. Os exemplares que andariam nesta zona do Tejo já seriam raros no continente europeu, há cerca de 30 mil anos.
Os vestígios foram encontrados na Estação Arqueológica da Foz do Enxarrique, na confluência da ribeira com o mesmo nome e o Rio Tejo.
Encontraram-se também artefactos em pedra lascada, que terão cerca de 30 mil anos.
A alguns quilómetros de distancia, junto à Ribeira de Vilas Ruivas foram descobertas as mais antigas estruturas habitacionais até hoje conhecidas em Portugal e terão sido construídas há quase 50 mil anos.
A Estação Arqueológica da Foz do Enxarrique está ao lado do cais de Vila Velha de Ródão.
A estrutura está preparada para receber visitantes e funciona como um museu ao ar livre. É muito interessante o local e é também um miradouro para o Tejo.
O Monumento Natural Portas de Ródão está integrado no Geopark Naturtejo e envolve territórios dos concelhos de vila velha de Ródão e Nisa.
Aqui pode encontrar informação detalhada sobre o geomonumento.
Atravessar as Portas de Ródão faz parte do programa da Antena1 Vou Ali e Já Venho, e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.
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