Das emblemáticas muralhas ao fresco Alvarinho, há ainda muito mais para visitar nesta terra do Alto Minho que recebe os visitantes de braços abertos e mesa farta. Descubra, a seguir, um roteiro por Monção que se torna ainda mais atrativo nesta época de verão.

Percorrer a fortaleza e deslumbrar-se com as vistas

Muita história está guardada nas pedras que constituem a Fortaleza de Monção. As muralhas situam-se na orla ribeirinha do rio Minho e as primeiras estruturas de defesa foram construídas em 1306, por ordem de Dom Dinis, que, envolvido numa prolongada guerra com Castela, mandou erguer um castelo com uma torre de menagem e uma cerca amuralhada em redor da vila.

Monção
Monção Muralhas de Monção créditos: Alice Barcellos

Mais tarde, durante a Guerra da Restauração (século XVII), a cerca medieval e o castelo deram lugar a uma fortificação do tipo Vauban, de planta poligonal abaluartada. Monumento nacional desde 1910, a Fortaleza de Monção guarda belas vistas para o rio Minho e para a Galiza.

Descobrir o centro histórico

A partir das muralhas, é fácil chegar até ao centro histórico que se percorre muito bem a pé. Um bom ponto de partida é a Igreja Matriz, templo românico do século XIII que sofreu algumas alterações e restauros ao longo dos tempos. Na igreja, está situada a capela em memória de Deu-la-Deu Martins, heroína local. Conheça aqui a lenda de Deu-la-Deu.

Monção
Monção Igreja Matriz créditos: Alice Barcellos

A pouco metros da Igreja Matriz, na Rua Direita, encontra-se a Casa do Arco, onde viveu o poeta monçanense, João Verde. Outros pontos a visitar: Praça da República e Praça Deu-la-Deu, Paços do Concelho, Arquivo Municipal, Casa-Museu de Monção e Igreja da Misericórdia.

Conhecer o Museu do Alvarinho

Localizado no centro histórico, no mesmo edifício do Posto de Turismo, visitar o Museu do Alvarinho é uma boa forma de começar a conhecer uma das castas mais antigas do noroeste da Península Ibérica. O museu apresenta uma viagem pelo mundo do vinho Alvarinho, disponibilizando informação interativa sobre a origem, evolução e empresas dedicadas à produção deste ex-libris do concelho de Monção.

Monção
Monção Museu do Alvarinho créditos: Alice Barcellos

Experimentar a gastronomia tradicional

Por esta altura, a fome já deve apertar e não faltam opções para experimentar a gastronomia tradicional da região, cujo prato mais famoso é o "Cordeiro à moda de Monção”, conhecido como a “Foda à Monção” e galardoado no concurso “7 Maravilhas à Mesa de Portugal”. Da ementa mais típica também fazem parte do arroz de lampreia do Minho, o sável, o bacalhau e o naco de vitela. No que toca à doçaria, as mais populares são as “Roscas de Monção”.

Monção
Monção Cordeiro à moda de Monção créditos: Alice Barcellos

Percorrer os passadiços até ao Parque das Caldas

Através do percurso pelos Passadiços "Galiza mail'o Minho" (nome de um poema de João Verde que retrata as relações fronteiriças), é possível ir das muralhas até às margens do rio do Minho e ao Parque das Caldas, espaço servido por balneário termal, complexo de piscinas municipal, parque desportivo e parque infantil. Uma caminhada breve que permite apreciar o enquadramento natural e edificado de Monção. Quem pretender alargar a o percurso, pode aproveitar para fazer o trecho da Ecopista do Rio Minho que liga o Parque das Caldas até ao posto agrícola de Troviscoso.

Monção
Monção Ecopista do Rio Minho no Parque das Caldas créditos: Alice Barcellos

Visitar uma quinta de Alvarinho

“Alvarinho: dá muito, avinha bem e quer terrenos fortes”. Esta foi uma das primeiras referências à casta Alvarinho em Monção, no século XIX, no Tratado da Agricultura dos Vinhos. Atualmente, existem muitas quintas na região que produzem Alvarinho e nada melhor do que visitar uma para realizar uma experiência de enoturismo. Aqui encontra algumas opções.

Monção
Monção Palácio da Brejoeira créditos: Alice Barcellos

Se pretende aliar o enoturismo à história, sugerimos uma visita ao Palácio da Brejoeira, construção em estilo neoclássico e com apontamentos de barroco, dos princípios do século XIX, classificado como Monumento Nacional desde 1910. A imponência do palácio impressiona e as histórias contadas sobre os vários proprietários suscitam curiosidade. A visita termina com uma prova dos vinhos lá produzidos desde 1977.

Explorar a aldeia Branda de Santo António

Provavelmente, já ouviu falar da Branda de Santo António como a “aldeia portuguesa dos Hobbits” pois o lugar “viralizou” na internet com esta alcunha. De facto, as casinhas em pedra fazem lembrar um cenário de filme de fantasia, mas há muito mais para descobrir nesta aldeia no alto da serra.

Branda de Santo António
Branda de Santo António Chegada a Branda de Santo António créditos: Alice Barcellos

Durante a Idade Média, na região do Alto Minho, a economia agropecuária desenvolveu-se, num cenário onde as práticas nómadas ganharam expressão. Assim, surgiram as brandas, normalmente em altitudes acima de 500 metros, para onde os pastores subiam no verão com o gado, e aí permaneciam enquanto o tempo favorecia as pastagens de maior altitude. Com o fim do verão, desciam às inverneiras, onde era passado o inverno.

A Branda de Santo António de Vale de Poldros, que pode descobrir na freguesia de Riba de Mouro, é um destes exemplos, tendo origens remotas, provavelmente na Idade Média. Localizada a cerca de mil metros de altitude, a aldeia é lugar suspenso no tempo que nos faz refletir sobre as vivências das populações que, outrora, ali viveram. Atualmente, a aldeia está desabitada, contanto com algumas casas de férias e alojamento local.

Pelo caminho até a aldeia, pode contemplar belas paisagens de natureza e, com sorte, observar cavalos selvagens.

Branda de Santo António
Branda de Santo António Cavalos garranos selvagens no caminho para Branda de Santo António créditos: Alice Barcellos

Subir até a Torre de Lapela

Em Monção, outro lugar que nos faz viajar no tempo é a Torre de Lapela, a última testemunha “viva” de um antigo castelo medieval sobranceiro ao rio. Conhecida também como Sentinela do Minho, desconhece-se com precisão a data de fundação do castelo de Lapela, mas, segundo a tradição, terá sido mandado construir por Dom Afonso Henriques após o Recontro de Valdevez, batalha essencial na afirmação de Portugal enquanto nação.

Torre de Lapela
Torre de Lapela Torre de Lapela créditos: Alice Barcellos
Torre de Lapela
Torre de Lapela Torre de Lapela créditos: Alice Barcellos

Resistindo a séculos de guerras e disputas entre portugueses e espanhóis, o declínio do castelo dá-se durante a Guerra da Restauração, quando a construção é duramente atingida pela artilharia espanhola. A torre de menagem foi a única estrutura que sobrou. Hoje, do alto dos seus 35 metros, temos uma vista 360 graus fora de série. Ao visitar o núcleo museológico da Torre de Lapela, ficamos a saber mais sobre o sítio, enquanto vamos subindo pelo interior da estrutura até chegarmos ao topo.

Caminhar pela aldeia de Ponte de Mouro até a praia fluvial

Continuando a viagem histórica, a próxima paragem é na aldeia de Ponte de Mouro, entre as freguesias de Barbeita e Ceivães. Na ponte do século XIV, encontra-se o que resta de um caminho antigo que vinha de Braga, passava por Arcos de Valdevez e se dirigia a Valadares, Melgaço, São Gregório e Serra da Peneda, tendo testemunhado a passagem de almocreves e peregrinos.

Ponte de Mouro
Ponte de Mouro Ponte de Mouro créditos: Alice Barcellos

Ali, sobre o rio Mouro, deu-se o encontro histórico de Dom João I com o Duque de Lencastre. Foi neste encontro que se estabeleceram as condições da cooperação militar portuguesa, com o rei inglês, que pretendia conquistar Castela. Ficou também acordado o casamento do rei português com Dona Filipa de Lencastre, filha do duque.

Hoje, a pacatez que se sente pelas ruelas da aldeia contrastam com tais acontecimentos históricos e o lugar mais procurado é a zona de lazer junto ao rio Mouro, um dos mais límpidos de Portugal. A partir do acesso feito por passadiços percorremos um pequeno trilho entre antigos moinhos e zonas de acesso à água que proporcionam um dia bem passado em comunhão com a natureza.

Ponte de Mouro
Ponte de Mouro Zona de lazer de Ponte de Mouro créditos: Alice Barcellos

Contemplar a Cascata do Fojo

Na freguesia de Lara, envolvida pelo verde das vinhas, encontramos mais um refúgio de natureza. Desde 2022 que o acesso à cascata foi facilitado com passadiços que permitem chegar, através de um percurso breve, a esta queda de água que se precipita entre duas paredes rochosas, criando pequenas lagoas. No espaço, existem mesas de piquenique, ideais para uma pausa relaxada.

Cascata do Fojo
Cascata do Fojo Cascata do Fojo créditos: Alice Barcellos

Monção - Guia rápido

Onde ficar: Hotel Bienestar Termas de Monção. Hotel Dom Afonso. Hotel Convento dos Capuchos. Raiano Guest House. Casinhas da Vila. Pink House. Quinta de Vilanova. Quinta da Teimosa. Recanto de Moulães.

Onde comer: Restaurante 7 à 7. Olmo. Pizzaria Don Genaro. Restaurante Recanto d'Avó. Churrasqueia Chiote. Baluarte.

Quantos dias ficar: ideal para uma escapadinha de fim de semana. Mais dias permitem alargar o roteiro pelas regiões do Alto Minho e Galiza. O melhor é ir de carro, para ter mais liberdade de exploração.

Experiência extra: participar na Feira do Alvarinho

Se ficou convencido que vale a pena visitar Monção, saiba que, todos os verões, realiza-se a Feira do Alvarinho, aquela que é já considerada a maior “wine party” de Portugal. No evento, estão presentes vários produtores de vinhos e espaços gastronómicos típicos da região, além da realização de concertos, atividades para crianças, entre outras animações.

Este ano, a Feira do Alvarinho decorreu de 3 a 6 de julho e reuniu milhares de pessoas no Parque das Caldas.

O SAPO Viagens visitou Monção a convite do município