A altura atinge quase os 8 metros e o que mais se destaca é a largura do tronco, com um perímetro de mais de 6 metros.
Na base é muito maior, com cerca de 13 metros (medição no ICNF) e uma concavidade onde antes uma pessoa podia estar em pé.
A árvore está protegida com um muro e no interior a quantidade de terra é suficiente para tapar as raízes da oliveira. Antes do processo de estudo e salvaguarda, “o nível de terra era mais baixo e viam-se as raízes. O buraco na base era maior e as pessoas, pelo que dizem, passavam por aqui e algumas até faziam as necessidades. Outros abrigavam-se da chuva e por vezes jogavam às cartas.”
Ainda segundo o testemunho de José Francisco, que tem uma casa mesmo em frente da Oliveira do Mouchão, “quando da recuperação da árvore, os técnicos recomendaram que era importante fazer um muro do diâmetro da copa e proteger as raízes que estavam ao ar livre. Encheram o espaço de terra boa e colocaram adubo. Depois da recuperação a oliveira está muito bonita.”
José Francisco é proprietário de um pequeno olival do qual fazia parte a Oliveira do Mouchão. Foi uma árvore de valia porque foi dada à igreja como pagamento de uma promessa e mais tarde vendida em leilão.
A oliveira já esteve para ser lenha e em 2007 foi classificada de Interesse Público.
Atualmente, faz parte da lista de Árvores Monumentais do ICNF, Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas.
A datação foi realizada em 2016 pelo investigador José Luís Lousada da UTAD, Universidade de Trás os Montes e Alto Douro. Na altura as medições deram os seguintes valores:
- Perímetro base: 11,2 metros
- Perímetro à altura do peito: 6,5 metros
- Altura até às primeiras pernadas: 3,2 metros
Em 2020, ficou em segundo lugar no concurso da Árvore do Ano.
Depois de ser protegida, a Oliveira do Mouchão tem recebido muitas visitas. “Todos os dias passa aqui gente. Grupos, estudantes, estrangeiros... Quase todos os dias vem gente.”
José Francisco relata que os visitantes “ficam um pouco surpreendidas pelo tamanho, fazem comentários, tiram fotografias. Realmente, em termos comuns das oliveiras que nós vemos, nota-se que é uma árvore muito grande.”
José Francisco chamou-nos ainda a atenção para o facto de a Oliveira do Mouchão dar muita azeitona e de duas espécies, “uma parte é galega, a do meio, e nota-se que a folha é diferente. A outra é bravia, mais pequena. Em tempos ela deve ter sido enxertada e deixaram crescer o rebento bravio.”
Esta foi uma técnica introduzida em Portugal pelos Fenícios. Recorriam ao zambujeiro, uma oliveira brava, mais resistente, para plantar a árvore que depois era enxertada com uma espécie mais apreciada para o consumo de azeitona e a qualidade do azeite.
Toda esta região teve no passado uma grande quantidade de oliveiras e no concelho de Abrantes juntou-se a produção metalomecânica de instrumentos para extração do azeite. Ainda hoje resiste em Mouriscas uma fábrica (Sifameca) de seiras e capachos que eram muito usados nos lagares.
Na zona envolvente da Oliveira do Machão encontram-se várias oliveiras e, quando questionado se tem alguma oliveira com, talvez, um décimo da idade da do Mouchão, José Francisco fez as contas e concluiu que talvez renha uma quase milenar.
Segundo o investigador da UTAD, José Luís Lousada, há “centenas de oliveiras portuguesas que já ultrapassaram a idade de Cristo, em especial a sul do Mondego. A oliveira “é uma árvore com grande capacidade de rejuvenescimento.”
A Oliveira do Mouchão está próxima do rio Tejo, a cerca de um quilómetro e algumas pessoas reuniam-se junto à árvore antes de irem à pesca do mouchão. De tanta espera ficou com o nome.
O local é também ponto de passagem da Rota das Ribeiras de Arcês, Rio Frio e Tejo – GR55 – que atravessa os concelhos de Abrantes, Sardoal e Mação. Tem três etapas com níveis de dificuldade diferentes.
Oliveira do Mouchão - a mais antiga em Portugal faz parte do programa da Antena1 Vou Ali e Já Venho e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.
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