Porém Elvas não se destaca apenas e só pelos extraordinários exemplos de construção militar. No seu bonito centro histórico abundam outros pontos de interesse, assim como bons restaurantes e opções hoteleiras de qualidade.

Dia 1 - O CENTRO HISTÓRICO

A Praça da República, centro nevrálgico da cidade, é o lugar mais lógico para começar, logo pela manhã, um passeio pelo centro histórico de Elvas.  

Tem um bonito pavimento em calçada portuguesa e é aqui que fica a Igreja de Nossa Senhora da Assunção — a antiga Sé. É também aqui que se encontra o Posto de Turismo que recebe, com a tradicional simpatia alentejana, todos os visitantes que ali entram para pedir indicações.

A ANTIGA SÉ

A antiga Sé de Elvas é um templo manuelino que com o passar dos séculos perdeu a sua traça original por conta das alterações levadas a cabo por ordem dos bispos da cidade. Começou a ser edificada em 1517 sob a direção do arquiteto régio Francisco de Arruda que, na época, trabalhava também no monumental Aqueduto da Amoreira.  Nomeada Sé de Elvas em 1570, perdeu o seu título em 1881.

No exterior da igreja chama a atenção o portal neoclássico e os portais laterais manuelinos, enquanto no interior o visitante é surpreendido por uma capela-mor em mármore de várias cores e uma decoração próxima do imaginário medieval.

No edifício contíguo, datado do século XVII, encontra-se o Museu de Arte Sacra que abriga inúmeras obras de arte recolhidas em diversas igrejas da região.

Contornando a antiga Sé e subindo pela Rua da Porta do Sol, passa-se pela Igreja Nossa Senhora da Consolação e chega-se até ao Largo de Santa Clara, que vale a pena incluir na visita nem que seja para ver o Pelourinho, ou Picota, que fica no seu centro. O original, do século XVI, estava na Praça da Republica e era usado para pendurar as cabeças dos condenados para que todos pudessem ver o que acontecia a quem cometesse ilegalidades. O que atualmente se encontra no Largo de Santa Clara é apenas uma réplica, foi construída em 1940 a partir de uma gravura antiga e aproveitando algumas partes do original que estavam guardadas no Museu Municipal.

O Arco de Santa Clara que outrora fazia parte das muralhas da cidade e dava acesso à antiga cidadela fica um pouco mais à frente. Atravessando-o e continuando a subir pelo mesmo caminho, em pouco tempo avista-se o Castelo de Elvas.

Pelourinho de Elvas
créditos: The Travellight World

O CASTELO

O Castelo de Elvas, como é comum neste tipo de edificação, situa-se na zona mais alta da cidade. Foi construído sobre uma antiga fortificação islâmica conquistada por D. Sancho II no século XIII e ao longo dos séculos sofreu várias modificações.

Fez parte do sistema defensivo português, mas era muito vulnerável a ataques de artilharia e em meados do século XIX deixou de ter função militar e foi abandonado até que em 1906 alguns habitantes de Elvas promoveram o seu restauro. Assim nasceu o primeiro Monumento Nacional Português.

Perto do Castelo, encontra-se o Cemitério dos Ingleses, construído aquando das guerras peninsulares  para sepultar os ingleses que aí perderam a vida e que por serem anglicanos, não podiam ser sepultados nas igrejas da cidade.

O pequeno cemitério contém cinco sepulturas: três são de soldados ingleses que morreram na batalha de La Albuera, a quarta é a do Major William Nicholas Bull e a quinta lápide é supostamente a da viúva do major.

Castelo de Elvas
créditos: The Travellight World

Se nesta altura do passeio, a fome já apertar, vale a pena parar para almoçar no restaurante Pedras do Castelo (Rua da Parada do Castelo, 4) e provar o saboroso porco preto grelhado.

Quem, contudo, preferir regressar à zona da Praça da República também vai encontrar bons restaurantes onde brilham os melhores pratos da  gastronomia alentejana.

Se continuar na área do Castelo não deixe de espreitar a bonita Rua das Beatas, uma rua estreita com casas caiadas, decoradas com vasos de flores, plantas trepadeiras e catos.

Descendo da colina pare na Capela de Nossa Senhora da Conceição, outra atração a não perder. Foi construída no séc. XVII sobre a Porta da Esquina da muralha seiscentista de Elvas, para pedir a proteção divina para a fortificação. Tem um desenho arquitetónico original e um aspeto muito pitoresco.

Capela de Nossa Senhora da Conceição de Elvas
créditos: The Travellight World

OS QUARTÉIS 

Ao passar pela Av. 14 de Janeiro vai reparar noutro imponente edifício — O Quartel do Trem — construído entre 1694 e 1715, atualmente abriga a Escola Superior Agrária de Elvas.

Ali perto encontra também os quartéis seiscentistas da Rua dos Quartéis, mais um ponto de interesse da cidade.

No séc. XX, foram utilizados como habitações de gente humilde, mas hoje, depois de reabilitados, constituem um conjunto de lojas de artesanato. 

Vista de Elvas e dos quartéis
créditos: The Travellight World

Regresse à Praça da República e seguindo pela Rua do Arco dos Pregos e pela Rua dos Açougues vai chegar à Casa da História Judaica. 

Fica situada no local onde teria funcionado a antiga sinagoga e agora abriga um museu que elucida os visitantes sobre a história do povo judeu que em Elvas, até finais do século XV (altura em que foi expulso de Portugal) teve uma importante comunidade.

Um jantar no Restaurante El Cristo, um dos restaurantes mais reconhecidos de Elvas, é a melhor maneira de terminar o dia. Este restaurante funciona há mais de 40 anos, o serviço é excelente e a comida do melhor que há. 

Não aceitam reservas, o ideal é ir comer cedo e experimentar a sapateira e o bacalhau dourado.

Dia 2 - O AQUEDUTO,  AS MURALHAS E OS FORTES

Guarde o segundo dia para apreciar a monumentalidade do Aqueduto da Amoreira, conhecer melhor as muralhas seiscentistas e as Portas de Olivença e visitar o Museu Militar, o Forte da Graça e o Forte de Santa Lúcia

O AQUEDUTO DA AMOREIRA

O Aqueduto da Amoreira é uma enorme construção que se iniciou no séc. XV, inspirado no desenho dos aquedutos  romanos. Forneceu água a toda a cidade até ao séc. XIX. 

Tem 12.380 metros, 843 arcos e várias cisternas públicas e privadas dentro das muralhas.

Durante a guerra de meados do século XVII, denominada Guerra de Restauração, estavam prestes a demoli-la para construir um novo conjunto de fortificações.

Graças aos cidadãos que se opuseram, não foi demolida e construíram uma cisterna subterrânea com 56 metros de comprimento por cinco metros de largura e oito metros de altura, que continua a abastecer a cidade portuguesa em tempos de seca.

Pela sua monumentalidade e estado de conservação, constitui um dos mais admiráveis ​​exemplares históricos, técnicos e artísticos do mundo.

Aqueduto da Amoreira - Elvas
créditos: The Travellight World

AS MURALHAS

As bem preservadas muralhas seiscentistas de Elvas são um excelente exemplo das  fortificações construídas no séc. XVII.  

Alguns dos seus segmentos, como as grandiosas Portas de Olivença — uma das principais entradas da cidade; e os  Quartéis do Casarão, que hoje integram o Museu Militar de Elvas, merecem especial atenção. 

O museu, localizado na Avenida de São Domingos é uma paragem obrigatória para  quem quer perceber a importância histórica desta cidade fronteiriça tanto do ponto de vista militar, como religioso, civil e arqueológico. 

Os fortes ainda ficam longe do centro da cidade, por isso para lá chegar o ideal é ter transporte próprio.

O FORTE DA GRAÇA

O Forte da Graça, também conhecido por Forte Conde de Lippe, situa-se no monte com o mesmo nome, um dos mais altos da região e de grande importância estratégica-defensiva. Fica a cerca de 1km de distância a norte da cidade de Elvas e é uma obra-prima da arquitetura militar europeia.

O corpo central é formado por quatro baluartes e a sua porta principal é de uma beleza arquitetónica fenomenal.

O monumento foi recentemente alvo de uma intervenção que se traduziu na recuperação da casa do governador, das casas dos oficiais e reposição de todas as cores e materiais originais do Forte. Foram igualmente recuperadas estruturas como a cisterna, a prisão, as galerias de tiro e a capela, onde foram descobertos frescos do século XIX, também eles alvo de intervenção.

Forte da Graça - Elvas
créditos: The Travellight World

O FORTE DE SANTA LUZIA

O Forte de Santa Luzia situa-se no cimo do monte com o mesmo nome e desde 2012 faz parte do Património Mundial da UNESCO.

A sua posição dominante foi muito importante na defesa de Elvas e, juntamente com o Forte da Graça, pode gabar-se de nunca ter sido tomada por forças inimigas.

O Forte de Santa Luzia tem uma planta retangular e quatro baluartes nos vértices com guaritas nos cantos salientes. Mas o que mais chama a atenção é o seu formato de estrela. 

É um dos melhores e mais genuínos exemplos da arte de fortificar e um dos monumentos militares mais significativos deste período.

O Forte de Santa Luzia esteve sempre pronto para o combate, sendo alvo de várias investidas e tomando parte em várias ações militares, desde o cerco do Marquês de Torrecusa, em 1644, até à Batalha das Linhas de Elvas em 1659 e no cerco que a antecedeu. 

O Forte de Santa Luzia apresenta uma planta quadrangular com cerca de 150 metros, sendo constituído por diversos baluartes em estilo Vauban, revelins, coroas e outras obras militares. Ao centro tem um fortim do qual se eleva a Casa do Governador.

Forte de Santa Luzia - Elvas
créditos: The Travellight World

ONDE SE HOSPEDAR EM ELVAS

O Hotel o Vila Galé Collection é uma excelente opção de alojamento. Se quer saber mais sobre este hotel, leia aqui.

O QUE FAZER SE TIVER MAIS UM DIA EM ELVAS

Se tiver mais um dia disponível na cidade, não deixe de visitar Badajoz.

Artigo originalmente publicado no blogue The Travellight World

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