A oferta deste circuito turístico tem aumentado, de ano para ano, movida por uma crescente procura, fácil de explicar, não só pela oportunidade única de viajar em carruagens centenárias, mas também pela animação e ambiente festivos a bordo, e ainda, pela magnífica paisagem com que o passageiro é brindado.

"O Doiro sublimado. O prodígio de uma paisagem que deixa de o ser à força de se desmedir. Não é um panorama que os olhos contemplam: é um excesso de natureza [...] Um poema geológico. A Beleza absoluta", assim escreveu Miguel Torga, no Diário XII. Perante isto, poucas as palavras poderão fazer jus às belíssimas paisagens do Douro Vinhateiro.

O troço entre a Régua e o Tua é feito a não mais de 50km/h, o que permite aos passageiros apreciar, com tempo, toda a região e paisagem circundante, Património Mundial da UNESCO. As janelas abertas das carruagens convidam a debruçar-se sobre elas, brindados pelo vento que, agradavelmente, despenteia e refresca. O rio segue, sem pressa, tão próximo da linha, que julgamos ser salpicados pela sua água. O verde das vinhas e das árvores são maravilhosas telas, desenhadas com um cuidado reservado a grandes mestres.

A viagem, proposta pela CP, começa ainda no cais de embarque da Régua, com animação a cargo do Grupo Folclórico e Recreativo de Godim, um cálice de vinho do Porto, "Porto Ferreira", águas e rebuçados da Régua e doces regionais. Um brinde a D. Antónia Ferreira, impulsionadora da produção de vinho do Porto e responsável pelo prolongamento da Linha do Douro até Barca d’Alva.

Ao longo de 36 quilómetros, os passageiros podem apreciar a beleza do Vale do Douro, as várias estações e apeadeiros ao longo da linha, alguns deles recuperados e reconvertidos, as imponentes villas, os casarios e os palacetes. A primeira paragem, em Pinhão, para abastecer a caldeira, é o convite perfeito para apreciar os 24 painéis de azulejos, que embelezam as paredes da estação e uma breve visita pela Wine House.

A viagem prossegue até ao Tua, marcada pela passagem na ponte metálica, pelo verde, pelo azul, pelo vento. No Tua, os diligentes ferroviários voltam a encher a caldeira, a locomotiva separa-se das carruagens para dar meia-volta, acoplar-se de novo, e regressar ao ponto de partida. Numa curta incursão pela estação de Tua, o Centro Interpretativo e as Portas de Entrada do Vale do Tua, na antiga estação e armazém ferroviários, são as sugestões de visita, em lampejos que convidam a uma visita menos apressada, numa futura ocasião.

A viagem no Comboio Histórico do Douro é um despertar de sentidos, num regresso ao passado, com todo o tempo do mundo para apreciar uma viagem de sobre carris, cercados por paisagens impressionantes. Nos dias que correm, que almejamos por TGVs e Alfas, onde só o destino interessa, poder calmamente apreciar o caminho é um momento grandioso.

A CP, numa parceria com as Autarquias de Alijó, Carrazeda de Ansiães e Peso da Régua, tem agendadas 51 circulações, entre os meses de junho e outubro, às quartas-feiras, sábados e domingos, com partida da Régua às 15h30 e chegada ao Tua às 16h40 e partida do Tua às 17h08 e chegada à Estação da Régua às 18h26.