Se é daquelas pessoas que tem curiosidade sobre o acidente nuclear de Chernobyl mas não teria coragem de percorrer a zona de exclusão da central nuclear ao vivo e a cores, com o medidor de radioatividade na mão a apitar, então uma visita virtual ao espaço pode ser o programa ideal.

"Meet the Dogs of Chernobyl" (Encontre os cães de Chernobyl) é o nome da visita virtual promovida pela organização humanitária norte-americana Clean Futures Fund (CFF), disponível nas experiências online da Airbnb.

Nesta visita, que já estava disponível em formato presencial (antes da pandemia), ficamos a saber que existem mais de 500 cães que habitam as zonas afetadas pelo desastre nuclear de 1986.

Entre a antiga central nuclear, a cidade de Chernobyl, a cidade-fantasma de Pripiat e outras localidades abandonadas da zona de exclusão, existem centenas de habitantes de quatro patas que são descendentes dos cães que estavam lá aquando do acidente.

Quando as localidades afetadas pela explosão foram evacuadas, os habitantes não foram autorizados a levar nada. Animais de estimação foram abandonados.

Cães de Chernobyl
Uma imagem de 1986 que mostra um trabalhador de Chernobyl com dois cachorros depois do acidente créditos: CFF/DR

De acordo com a CFF, na altura do acidente, muitos cães fugiram para as florestas circundantes e há evidências que apontam que alguns cães de Chernobyl possam ter procriado com os lobos da zona de exclusão.

Esta organização tem um programa específico para os cães de Chernobyl que tem como objetivo tratar estes animais abandonados, através de apoio veterinário, vacinação, castração e alimentação.

"Temos vistos cães mais saudáveis, que vivem mais tempo, devido à diminuição da competição por abrigo e comida. Com o programa de alimentação, os cães não precisam de ir procurar comida para longe, o que diminui o contacto com predadores", declarou o cofundador da CFF, Lucas Hixson, à Lonely Planet.

Chernobyl durante a pandemia de Covid-19

Muitos dos cães que vivem na antiga central nuclear são tratados pelos trabalhadores de Chernobyl. Cerca de 3.500 pessoas trabalham no lugar.

Os turistas que visitam a zona de exclusão também costumam alimentar os cães.

Com a pandemia de Covid-19, a zona de exclusão foi encerrada e os cães ficaram entregues à sua sorte. No entanto, a CFF conseguiu uma autorização especial do governo ucraniano para continuar a ir ao lugar e alimentar os cães.

De lugar proibido a atração turística

A 26 de abril de 1986, às 01:23, o reator número quatro da central a cerca de 100 quilómetros a norte de Kiev explodiu num teste de segurança e o combustível nuclear ficou a queimar durante dez dias, lançando para a atmosfera elementos radioativos.

34 anos após aquele que é visto como o pior acidente nuclear da história, Chernobyl transformou-se numa atração turística, com várias agências a organizar tours e com o próprio governo ucraniano a reconhecer o lugar como uma atração turística oficial.

Em outubro do ano passado, a sala de controlo do reator 4 abriu ao público, juntando-se a outros espaços da zona que já podiam ser visitados.

O programa inclui visitas à nova cúpula de confinamento sobre o reator, a aldeias abandonadas e outros espaços da zona de exclusão.

O ponto alto da visita é Pripiat, cidade-fantasma situada a alguns quilómetros da central evacuada em três horas a 27 de abril de 1986. Na altura do acidente, era habitada por 50 mil pessoas, que nunca mais voltaram. No total, cerca de 350.000 pessoas foram retiradas ao longo de anos de um perímetro de 30 quilómetros em redor da central - a chamada zona de exclusão.

O balanço humano da catástrofe ainda hoje é controverso, com estimativas que vão de trinta a 100.000 mortos.

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