O palacete, no alto do monte, a imitar um castelo, e a capela mostram que outros, ao longo de vários séculos, procuraram viver neste ambiente.
Estamos a 488 metros de altitude. Um pouco antes de chegarmos ao santuário, a natureza oferece-nos uma varanda com uma paisagem magnífica.
No entanto, no ponto mais alto, junto à capela de Nossa Senhora da Penha, o horizonte é maior. Na descrição de Fábio Coelho, “tem uma paisagem incrível. Dá para ver a zona de Cascais, Sintra, até à Praia das Maçãs. Consegue-se ver uma grande amplitude desta zona. Já conhecíamos, viemos aqui quando éramos miúdos e quisemos voltar a recordar o sítio.”
Quando o céu está limpo, a vista alcança o Cabo Espichel e a serra da Arrábida e, na direção norte, o Cabo Carvoeiro e as Berlengas. Mais próximo temos Cascais e o Cabo da Roca com o farol que nos parece minúsculo.
Uma longa linha ao longo da costa, muitas vezes repleta de vento, perigosa para a navegação marítima e que hoje é apelativa para o surf. Mas, não há bela sem senão. Como é uma zona com ventos marítimos são frequentes os nevoeiros e a paisagem muda radicalmente. Nem sempre se conseguem dias assim de céu limpo, como foi no dia que encontrei Diogo Silva com um amigo e que iam fazer um passeio a pé.
“É a primeira vez que vou fazer este trilho, o do Adro Nunes. Não estudámos o percurso e vamos à descoberta. Já vim várias vezes mas tinha ficado sempre no santuário. Tirava umas fotos e depois ia embora. Hoje pensei em explorar esta zona.”
O santuário está integrado numa propriedade do Parque Natural de Sintra Cascais e tem vários caminhos. No percurso podemos até descobrir fontes que antes eram usadas por peregrinos, como por exemplo, a Fonte dos Romeiros, do século XVI.
A zona tem vestígios de presença humana de há vários milhares de anos, mas foi mais procurada a partir do século XVI. Na sequência de uma lenda, da aparição de Nossa Senhora a uma pastorinha, foi construída uma capela que, após sucessivas renovações, encontra-se no ponto mais alto do cume.
Está fechada, embora o interior tenha um riquíssimo património com painéis de azulejos historiados do século XVIII. Mármore de várias cores reveste a capela mor e, entre as lajes de pedra do pavimento, encontra-se a sepultura do eremita Pedro da Conceição que procedeu à reconstrução da capela.
O edifício partilha o lugar com um palacete de estilo revivalista e a imitar uma fortaleza. Foi construído em 1918 para servir de residência ao proprietário, António Carvalho Monteiro, mas nunca foi habitado.
Com o palacete foram também edificados pequenos anexos. Foram recentemente pintados de amarelo e um deles tem um terraço com um muro com uma janela para o oceano que encanta Diogo Silva – “a janela tem vista panorâmica para a costa e Cascais. Gosto bastante. Dá para boas fotos e no topo, onde era o que penso ser a antiga igreja, tem uma vista panorâmica 360º à volta da serra. É pena estar abandonado. Podiam ter aproveitado para fazer qualquer coisa.”
O ambiente recolhido, o palácio com estilo romântico, a paisagem natural, a vista para o oceano terão incentivado as construções.
Muitos eremitas viveram aqui na procura de isolamento e tinham de zelar pela ermida de São Saturnino, fundada no tempo de D. Afonso Henriques.
Está um pouco abaixo da capela e do palacete. É um edifício pequeno e também está abandonado. Há um século atrás foi a casa dos caseiros da propriedade e depois foi utilizada como estábulo. Agora seduz alguns jovens que gostam de se sentar no exterior e aproveitar o sol.
O santuário da Peninha está classificado como imóvel de Interesse Público.
Surfar a paisagem no santuário da Peninha em Sintra faz parte do programa da Antena1 Vou Ali e Já Venho, e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.
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