A Casa Sónia em Vila Franca de Xira é um pequeno universo repleto de objetos dedicados exclusivamente à Festa Brava, touros e cavalos. Numa pequena loja temos uma grande variedade de objetos e peças de vestuário associadas ao universo ribatejano.
Não é a despropósito que a loja está no centro histórico de Vila Franca de Xira, próximo da Praça de Touros. A Casa Sónia é um estabelecimento muito pequeno, antigo e de origem familiar. “Eu estou aqui há 35 anos. Antes já tina estado a minha mãe com uma retrosaria. Como não havia nada destes artigos em Vila Franca, comecei um negócio mais regional.”
A narração é de Alice Lambuça e deu continuidade a uma atividade da mãe, de produção de peças de vestuário feitas à medida. “Produzo para campinos e forcados. Calções de campino, coletes de campino, jaquetas. Para os forcados é igual, embora o tecido seja diferente. É também calções, os forcados não usam colete, têm a jaqueta.”
A grande maioria das peças de vestuário que produz segue com todo o rigor a tradição. Por exemplo, nas jaquetas, a escolha é entre a versão portuguesa ou espanhola. “À espanhola são abotoadas até acima e têm um cós. À portuguesa é gola de banda e como se fosse um casaco.” Outra diferença tem a ver com a época do ano porque “o tecido difere. Se for de verão é mais fino. As de inverno são quentes, o tecido é parecido com os das samarras e algumas têm também gola de raposa. A jaquetas dos forcados é rameada.”
São poucas as exceções à tradição. Segundo Alice Lambuça, a jaqueta é das poucas peças que ultrapassou o universo regional e ganhou novos consumidores. “Já tenho visto senhoras com jaquetas, também usam. Pode não ser é azul escuro. Já tenho feito para senhoras.”
Um dos ícones do campino é o colete vermelho. “Também há preto. Do campino mais idoso ou viúvo.” No entanto, “o que faz parte do traje do campino em festas é o vermelho. É usado com os calções azuis escuros e com meia branca. Nas festas ao andarem na rua usam esta farda. Jaqueta ao ombro, barrete verde, colete vermelho.”
Algumas destas peças de vestuário são feitas à medida e no passado chegou a fazer capotes para os mais jovens. Agora já não, embora tenha alguns exemplares à venda, como também samarras. Apesar da diversidade de artigos regionais, os tempos não estão fáceis. “Nada se vende muito e agora está pior. Está mau. O que se vende mais aqui são barretes. Barretes e bonés à ribatejano.”
Alice Lambuça é uma aficionada da Festa Brava. Gosta do toureio a pé, mas não aprecia corridas de toiros de morte.
Jaquetas e outro vestuário tradicional dos campinos faz parte do programa da Antena1 Vou Ali e Já Venho, e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.
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