O priolo é uma ave que só existe na ilha de S. Miguel. "É muito engraçado. É uma ave relativamente pequena. É mais pequena do que um melro e um pouco maior que um pardal. Não tem cores muito chamativas. Tem tons cinzentos, preto metalizado, a cabeça preta e é muito fácil de distinguir".
A descrição é de Joaquim Teodósio, da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA), que há mais de uma década participa em vários projetos na ilha de S. Miguel tendo em vista a salvaguarda do priolo.
Joaquim Teodósio dá ainda a conhecer outros encantos da ave que, apesar de não ser muito chamativa, “torna-se interessante a sua observação. Tem um porte engraçado. O pio não é muito elaborado mas distingue-se pela sua melancolia. Quando é vista as pessoas acham que tem algum carisma”. Só pode ser vista no Pico da Vara e na serra da Tronqueira.
O priolo esteve praticamente extinto porque só vive na Laurissilva, a floresta nativa dos Açores que foi quase toda destruída. É por isso que um dos objetivos dos projetos é “recuperar o habitat do priolo que devido à destruição e alteração da floresta onde ele se alimenta ficou confinado à zona montanhosa do Nordeste da ilha de S. Miguel.”
O sucesso dos projetos é visível em vários aspetos. Um dos mais evidentes é que dos 400 priolos que existiam no final do século passado agora há cerca de um milhar. Quem visita aquela zona tem uma elevada probabilidade de ver pelo menos uma ave. “O priolo é curioso, aproxima-se um pouco quando vê pessoas e deixa-se observar. É muito interessante para quem esteja no meio da serra da Tronqueira, com aquela vegetação que é o mais original possível que se encontra na ilha, poder ver um priolo. É uma sensação única.”
Há muitos estrangeiros que fazem caminhadas com o propósito de observar esta espécie única no mundo. O número tem aumentado também devido ao incremento de turismo de natureza nos Açores. Uma atividade que também está a ganhar forte adesão com os portugueses.
Toda a zona do Nordeste da ilha de S. Miguel é muito bonita. Numa metáfora podemos dizer que a natureza em algumas zonas de montanha está em estado bruto, com pouca intervenção da mão humana. Não é fácil chegar a alguns destes locais, como por exemplo ao Pico da Vara e o melhor ponto de partida é o Centro Ambiental do Priolo.
“Além de se obter informação sobre o priolo e a floresta Laurissilva também podem ser dadas indicações sobre os locais onde sejam mais provável a sua observação. Na verdade, algumas vezes até andam no próprio Centro.”
O alcance dos projetos de salvaguarda do priolo e da Laurissilva têm sido projetados a nível internacional como exemplos de sucesso e com práticas que são apontadas como instrumentos relevantes na conservação das aves e do seu habitat.
Por último, caminhar pelas aldeias e percorrer o Nordeste é também uma forma de descobrir o carinho que os locais têm pelo priolo. Há postais, calendários, bordados em casas, nos cafés e restaurantes. Por outro, lado referem-se à floresta como um santuário a preservar tendo em vista a salvaguarda do priolo.
O casal perfeito: o Priolo e a Laurissilva faz parte do programa da Antena1, Vou Ali e Já Venho, e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.
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