A moagem é feita com um par de mós. “A que gira é a mó de cima e a debaixo está dormente é como quando estamos sonolentos”.
José Meias também lhe fala com muito entusiasmo de muitos outros ditados populares relacionados com a moagem, as farinhas e o pão.
Numa exposição dedicada aos 600 anos de moagem, os mais novos têm também uma oportunidade para conhecer vários cereais e depois verificarem como ficam em farinha.
Um dos exemplos é o primeiro milho dos nossos antepassados, o milho painço, que era muito consumido antes da massificação do milho americano.
A visita permite ainda descobrir o único moinho de maré a funcionar no estuário do Tejo. No século XV foram construídos 42 moinhos entre Almada e Alcochete e no Seixal dos 13 que foram edificados só 10 estão visíveis e este é o único a funcionar.
Um dos motivos é porque foi adquirido pelo Município do Seixal com todas as peças e até integrou o moleiro no Ecomuseu que esteve a trabalhar até morrer em 1999. Nesta altura, foi feita uma profunda alteração e faz em Setembro 10 anos que o moinho reabriu as portas.
O edifício tem um enquadramento paisagístico muito bonito. É um refúgio da zona urbana. Está envolvido por um canavial e um braço de rio. Na parte de trás, onde fica a caldeira do moinho que enche na maré cheia, também há muita vegetação. A água entra de forma natural através de uma comporta.
Na base do moinho podemos ver oito canais e é por aqui que corre a água para o rio Tejo na maré vazia e faz movimentar os rodízios que, por sua vez, fazem girar as mós.
O tempo que medeia entre a maré cheia e a maré vazia é de 30 a 40 minutos. É nesta altura que tudo tem de estar preparado para a moagem.
O moinho de Corroios data de 1403 e foi uma iniciativa de Nuno Álvares Pereira. Na origem havia três pares de mós. Ao longo do tempo o moinho foi ampliado e chegou a ter oito engenhos de moagem. Tal como a maré, o moinho teve altos e baixos e o declínio foi em meados do século passado com a industrialização.
No interior, vemos ainda oito pares de mós, vários instrumentos para a moagem como também de manutenção porque as mós têm de ser picadas para garantir eficácia na trituração. Há também uma exposição sobre a moagem e história deste moinho. Das janelas contemplamos o sapal de Corroios que pertence à Reserva Ecológicas Nacional e é procurado para observação de aves. É vulgar ver flamingos e garças reais.
O braço de rio, que se chama Judeu, é navegável. O Ecomuseu tem duas embarcações típicas do Tejo – um varino que se chama Amoroso e um bote de fragata que se chama O Baía do Seixal – e quando a água atinge os 3,60 metros de altura vêm até ao Moinho de Corroios com visitantes.
Nos dias em que o braço de rio não é navegável as embarcações navegam no Tejo e na Baía do Seixal.
A mó de baixo no Moinho de Corroios faz parte do programa da Antena1, Vou Ali e Já Venho, e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.
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