Foi no inicio do século XIX que a Costa Nova começou a ter a presença de alguns pescadores. Com a abertura da nova barra do Porto de Aveiro, em 1808, este areal começou a ser habitado por pescadores de Ílhavo.

As primeiras construções serviam para guardar as redes e outros instrumentos de pesca. Em alguns palheiros também ficavam as juntas de bois que nesta região eram utilizadas para puxarem as redes.

Costa Nova
Costa Nova Caminho entre os palheiros créditos: Who Trips

Os animais eram levados para a praia por caminhos estreitos entre as construções e ainda hoje se vêm algumas dessas passagens.

Todas as construções eram em madeira e o interior era aberto e amplo.

Os primeiros palheiros eram discretos. A madeira estava pintada de vermelho ocre e preto.

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Costa Nova Palheiro José Estevão créditos: Who Trips

Um dos melhores exemplos é o palheiro José Estêvão pintado de vermelho com listas negras que podemos ver junto à marginal.

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Costa Nova José Estêvão créditos: Who Trips

A construção original é de 1808. Foi mais tarde adquirido pelo jornalista e politico liberal José Estêvão que aqui confraternizou com personalidades de vários quadrantes políticos e intelectuais do século XIX.

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Costa Nova Excerto de uma carta de Eça de Queiróz créditos: Who Trips

Um deles foi Eça de Queiroz que numa carta caracterizou: “a Costa Nova um dos mais deliciosos pontos do globo. É verdade que estávamos lá em grande alegria e no excelente palheiro de José Estevao”. A frase está escrita no muro do Palheiro José Estêvão junto à marginal.

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Costa Nova Palheiro na marginal junto à Ria créditos: Who Trips

O contexto socioeconómico da Costa Nova e dos palheiros foi evoluindo. O próprio José Estêvão também contribuiu para isso. Alguns palheiros começaram a ser alugados para a época balnear.

Por outro lado, a partir do século XX deixaram de utilizar os bois na pesca e o espaço começou a ser ocupado por familiares que se juntavam aos pescadores no verão.

O palheiros começaram a sofrer alterações e a serem adaptados para habitação.

Surgiram novas divisões interiores e as paredes exteriores tornaram-se coloridas, com riscas verticais e pequenas varandas.

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Costa Nova Palheiro na marginal junto à Ria créditos: Who Trips

Ganharam o estatuto de residência ou de casa de praia para famílias com algumas posses, conforme começou a ser moda na altura.

São muitos poucos os palheiros de madeira que ainda existem.

A maioria usa outro tipo de materiais mas a arquitectura é relativamente semelhante porque houve a preocupação das autarquias em aplicarem normas que impediam um desvirtuamento das construções.

As cores mais vistosas e frequentes são o vermelho, azul, verde e amarelo.

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Costa Nova Palheiro na marginal junto à Ria créditos: Who Trips

Muitas ainda servem para habitação e a grande concentração é na marginal, em frente da Ria. Dão um colorido único e uma vontade permanente de os visitantes tirarem fotografias porque o palheiro seguinte é mais bonito do que o anterior.

Algumas construções recentes também se inspiram nos palheiros.

Sublinhe-se também que toda esta região tem ainda uma forte influência de arte nova. Em alguns lugares estes dois estilos são vizinhos, o que torna ainda mais particular a paisagem urbana na Costa Nova.

Costa Nova: a arte em terra dos pescadores faz parte do podcast da Antena1, Vou Ali e Já Venho, e pode ouvir aqui.