Há mais de 30 anos que o imenso areal de mais de 7km da Praia de Mira recebe consecutivamente o galardão de Bandeira Azul.
A qualidade da praia revela-se também na beleza das dunas e do amplo areal entre o mar e a marginal que é romântica no Inverno e frenética no Verão devido aos turistas, em particular ao fim de semana.
Num dos pontos mais altos da praia estão dois ícones de Mira.
Uma enorme estátua dedicada aos pescadores e, ao lado, a bonita igreja da Nossa Senhora da Conceição que data de 1843. Feita de madeira, tal como os antigos palheiros que eram as casas dos pescadores e o lugar de arrumação dos utensílios da faina da pesca.
A igreja está pintada de azul e branco e o interior é sóbrio e sereno para acalmar as preces antes da ida dos homens para o mar.
Mira tem uma forte vocação marítima e uma das artes mais tradicionais tem lugar no areal e é um postal ilustrado para os visitantes: a arte Xávega.
Os barcos chamados de “meia lua”, rasos para escorregarem na areia, lançam as redes de cerco e nos extremos têm cordas com bóias. Um dos cabos fica em terra. A rede é estendida em alto mar, no centro está um saco de rede e o barco traz a outra ponta.
As cordas são puxadas por tratores e até há poucos anos atrás era por juntas de bois. Como dizem os locais, este processo por arrasto “é pescar ao cerco e alar para terra”.
As redes são abertas no areal e os visitantes podem acompanhar de perto todo o processo. Podem ver em detalhe o pescado que é retirado do meio da rede no areal. A maioria são sardinhas e petingas. Há também muitos robalos e algumas raias.
Ainda há três grupos de pescadores que praticam a arte xávega na Praia de Mira e todas as manhãs, no testemunho de Joana Sousa, do Turismo de Mira, ficamos a saber quando os homens vão ao mar: o arrais de cada grupo vai de madrugada ver o mar e, se verificar que há condições para a pesca, lança um número determinado de foguetes. Cada grupo tem um número. "Quem dorme na Praia de Mira já se habituou a ouvir os sons por volta das seis da manhã e ficam a saber que os homens vão ao mar".
Próximo da igreja estão alguns estaleiros com os barcos e os utensílios da pesca.
Muitos destes instrumentos e o dia a dia da comunidade piscatória da Praia de Mira está recriado no Museu Etnográfico onde Joana Sousa foi a nossa anfitriã.
No museu é possível ver como era a casa de um pescador, os trajes, os utensílios para a pesca ou as esteiras onde dormiam quando aguardavam a chamada para o mar.
A cultura das gentes da Praia de Mira está ali refletida com costumes e objetos que chegam ainda aos dias de hoje. O Museu é uma casa de madeira escura e com janelas e portas brancas. Está ao lado da Barrinha, uma lagoa de água doce rodeada de espaços verdes e zonas de lazer.
Mira - a praia da Bandeira Azul faz parte do podcast da Antena1, Vou Ali e Já Venho, e pode ouvir aqui
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