O anel de serras é muito extenso. Algumas elevações são mais discretas, como por exemplo a que no cume ampara Sortelha, cuja muralha conseguimos ver. Outras são mais grandiosas como a Gardunha e a Estrela, a serra mãe, que marca toda a região.
Pedro Carvalho, da família proprietária da Quinta dos Termos, que ao todo tem 180 hectares, salienta esta particularidade aos visitantes, porque “as pessoas não vêm apenas visitar uma adega.
Muitos já visitaram outras adegas. Tentamos sobretudo mostrar a nossa paisagem. Nós fazemos agricultura no planalto com paisagem de montanha no horizonte.”
Esta particularidade tem reflexos nas colheitas e é um dado interessante para quem se interessa pela produção de vinho.
“Explicamos as implicações em termos de temperatura e também mostramos a diferença entre cada parcela em termos de altitude, localização, exposição, orientação e isso faz com que as pessoas criem expetativa para o vinho quando fazem a prova. Já não é o vinho em si que provam, mas se reflete o que realmente deveria ser neste local. É isso que tentamos explicar nestes programas.”
Na Quinta dos Termos junta-se outra particularidade.A paisagem é enriquecida com a diversidade de castas na vinha. São mais de 30 e têm fases diferentes de maturação. O que enriquece de tons e sentidos as quatro estações do ano.
Pedro Carvalho, que pertence à terceira geração da família que apostou no desenvolvimento agrícola da quinta, gosta em particular no final de Outubro, princípio de Novembro, após a vindima. Nesta época “em que ainda não chegaram as geadas muito fortes que propiciam a queda da folha, é a altura mais interessante de olhar para a paisagem e de a fotografar. Podemos não percecionar quais são as castas, mas claramente dá para perceber onde começa uma e acaba outra. São faixas de cor, pantone, casta por casta. No Outono cada casta tem folhas com tonalidade diferente. Umas com tonalidade mais amarela, outra mais vermelha...”
Há visitas à quinta ao longo do ano, de segunda a sábado, mas é agora, nas vindimas, que os visitantes também podem ajudar na seleção natural dos cachos.
Diz Pedro Carvalho que na “altura das vindimas, normalmente tem lugar durante 4 semanas, também temos a possibilidade para grupos de irem à vinha. Recebem um kit, percebem como é feita a vindima. Desde logo, saber os cachos que se cortam e os que ficam na vinha. Uma seleção natural. Nós não fazemos a escolha à entrada da adega, é feita na vinha.”
O processo seguinte pode ser acompanhado nas instalações que ficam no meio da quinta e com uma vista magnifica. “Na adega observam a receção da uva, como é feito o esmagamento, a prensagem e também há a possibilidade de provarem vinhos mostos, (da uva que acabou de ser esmagada), o vinho que acabou a fermentação e finalmente o vinho engarrafado.”
Quem quiser fazer a vindima a sério tem de ter em conta que a Quinta dos Termos procura soluções sustentáveis e, por isso, não há aditivos e a vindima começa pela frescura da manhã. “Nós iniciamos a vindima mais cedo e prolonga-se até meio da tarde.
Fazemos a vindima casta por casta. Parcela por parcela. Acumulamos as caixas da mesma casta e fazemos o esmagamento ao mesmo tempo para não usar aditivos. Para não estar a meio do fermento. Mesmo as caixas que chegam em horas mais quentes acabam por arrefecer gradualmente dentro da adega.”
Devido à diversidade de castas a Quinta dos Termos produz mais de duas dezenas de vinhos e alguns tiveram distinção internacional.
A Quinta dos Termos fica próximo de Caria, no concelho de Belmonte. Dois locais com um riquíssimo património e que são motivos mais que suficientes para uma visita. A não perder o pôr do sol em Centum Cellas, a linda e enigmática torre romana.
As vindimas na Quinta dos Termos de um anel de serras faz parte do programa da Antena1 Vou Ali e Já Venho e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.
Comentários