É uma casa grande, em pedra, tem três pisos e uma escadaria de cada um dos lados da porta de entrada.
A fachada não engana, ostenta a vontade de mostrar poder. A começar pelo próprio local onde foi construída. A casa está no centro histórico de Caria, numa das zonas mais nobres. Ao lado da capela de Santo António e desde os romanos que já tinha uma posição estratégica por estar situada ao lado de uma via romana.
A origem é de uma casa romana. A transformação seguinte foi a construção de uma fortaleza que teria sido o castelo de Caria. No séc. XIII foi sujeita a uma reformulação profunda que lhe deu os traços estruturantes dos dias de hoje.
A casa de três pisos foi construída a partir do que seria a torre de menagem do castelo. No pátio encontramos ainda outros vestígios da fortificação e uma cisterna. Junto à entrada do piso térreo, no acesso pelo pátio, estão inscrições em duas pedras que identificam os autores da construção: “Afonso Perez foi o mestre. Frei Martinho, frade d’Alcobaça, a fez”.
Estas inscrições também revelam que não se trata de uma construção qualquer, na verdade, teve um efeito simbólico muito relevante para a época. Nos dias de hoje chamaríamos “uma guerra de capelinhas”. O bispo da Guarda queria em primeiro lugar afirmar o domínio num território que antes tinha pertencido à diocese de Coimbra. Caria era na altura um centro urbano relevante e mandou construir aqui a sua residência. Na verdade, nunca a utilizou mas ficou como paço episcopal dos bispos da Guarda.
No final do século XVIII a casa sofreu nova remodelação e chegou aos dias de hoje vazia de poder. Ficou apenas a história que a partir do ano passado foi reforçada com a criação do Museu do Território, Centro de Estudos Arqueológicos.
Nos três pisos encontramos peças recolhidas em sítios arqueológicos do concelho de Belmonte. No castelo da sede de concelho, em Centum Cellas, na própria Casa da Torre e no Mosteiro de N. Sra. da Esperança onde os frades se especializaram em faiança.
No piso térreo estão em exposição achados arqueológicos dos períodos medieval e romano, com muitas moedas, objetos decorativos, aras, utensílios pessoais, decorativos, de caça e de guerra.
No primeiro piso a exposição vai do século XV ao XIX. O segundo andar tem uma oficina de restauro.
O Centro de Estudos Arqueológicos realiza ainda conferencias e ações de formação.
A visita a Caria só fica completa com passagem pelos solares, a Casa Etnográfica e a Casa da Roda.
O poder da Casa da Torre de Caria faz parte do programa da Antena1, Vou Ali e Já Venho, e pode ouvir aqui.
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