Com algum esforço e muita criatividade, Arminda Esteves entrelaça o bracejo e produz uma grande diversidade de objetos para a casa. Uns funcionais, outros mais decorativos.
No passado, a planta era mais utilizada para funções práticas, “vassouras para varrer as casas. E para aos animais, para quem tinha vacas e burros. Iam apanhar para eles comerem e o que sobrava ficava para estrume”, acrescenta a artesã que não para de entrelaçar o bracejo enquanto conversa com os visitantes.
A tecelagem com bracejo tinha alguma tradição em Sortelha, no concelho de Sabugal, e há algumas décadas atrás decidiram retomar a produção. Por exemplo, Arminda começou “há cerca de 20 anos. Quando se formou o Rancho Folclórico de Sortelha.
Uma das promotoras foi buscar uma senhora de idade, com mais de 80 anos, e começaram a fazer para se vender com o rancho”. A prática foi passando “de geração em geração. Ninguém me ensinou. Vi uma senhora a fazer e aprendi a fazer com ela. Agora praticamente ninguém quer fazer porque é muito duro. Sabem fazer, mas ir apanhar a palha...”
A explicação é dada a seguir. Sortelha está a 800 metros de altitude e tem boas condições para o bracejo surgir de forma natural, mas não deve ser fácil. Segundo o testemunho de Arminda Esteves, “vou apanhar ao campo e é difícil de arrancar. Arrancamos a parte do fundo que é a que se mantém. Arrancamos aos pedaços. Puxo, fico com borregas nos dedos.
A cor é verde e tenho de a manter aqui porque seca logo. Muda a cor para o castanho.”
Na altura em que falei com Arminda Esteves, ela estava a entrelaçar o bracejo para produzir alguns objetos e seduzir o interesse de muitos visitantes de Sortelha que ficam encantados com várias peças “punha-se aí fora, por vezes apareciam os turistas e iam comprando. Antigamente era assim e até havia uma senhora que só fazia chapéus.”
Dos vários objetos que produz a preferência dos visitantes vai “as queijeiras. Se virarem ao contrário faz uma caixa que dá para o pão.”
As queijeiras e outros objetos de cestaria são de cor verde e muitas peças estão em exposição no centro histórico de Sortelha, junto ao edifício dos antigos Paços do Concelho. Encontramos ainda outro artesanato produzido na região.
As queijeiras em bracejo de Sortelha faz parte do programa da Antena1 Vou Ali e Já Venho e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.
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