Visitar Kandy e não passar pelo Templo do Dente Sagrado é o mesmo que ir a Roma e não ver o Papa. Naquele que foi o complexo do antigo palácio do reino de Kandy está guardada uma relíquia sagrada para os budistas: um dente de Buda.
A verdade é que quando visita o templo não vê o dente, que se encontra guardado numa câmara a "sete chaves", mas tem a possibilidade de conhecer o espaço e presenciar a ida de centenas de pessoas ao templo para realizarem cerimónias e oferendas.
Durante o fim de semana, principalmente ao domingo, o lugar considerado Património Mundial pela Unesco tem mais afluência de pessoas, o que não deixa de valer pela experiência cultural. Maioritariamente, vestidos de branco, de pés descalços, os devotos deixam as suas preces e oferendas em várias partes do templo chamado pelos locais de Sri Dalada Maligaw.
Também os turistas têm de tirar os sapatos e respeitar as regras de vestuário: ombros e pernas tapados. Outra regra muito importante: é proibido tirar fotografias de costas voltadas às estátuas de Buda, não só ali naquele templo, mas em qualquer templo budista. Tal comportamento é considerado uma falta de respeito. Ou seja, nada de selfies.
A arquitetura do templo segue o estilo de Kandy, com muitos detalhes talhados na madeira ou na pedra. Há variadas representações de Buda e um apontamento curioso: há muitas presas de elefantes que fazem parte da decoração. São, na sua maioria, presas de elefantes considerados sagrados e que já viveram naquele templo, lembrando a relevância que este animal tem no país. Regra geral, existem sempre um ou mais elefantes nos templos budistas do Sri Lanka.
No Templo do Dente Sagrado realizam-se três cerimónias por dia (de manhã cedo, meio da manhã e fim da tarde). Os bilhetes para a visita custam 2000 rupias do Sri Lanka (cerca de 5,80 euros).
Observar o movimento do templo, acenar aos visitantes e trocar sorrisos é uma experiência que enriquece ainda mais a visita.
Como foi parar o dente de Buda ao Sri Lanka?
Segundo conta a história, o dente foi levado para o Sri Lanka por uma princesa e um príncipe indianos, no século IV, sendo entregue ao rei de Anuradapura, um dos principais centros do budismo no país ainda hoje, considerada uma cidade sagrada.
Ter o dente passou a ser sinónimo de poder, simbolizando o direito de governar o reino. Assim, ao longo dos séculos, a relíquia passou por vários templos no Sri Lanka até chegar a Kandy, também conhecida como capital das montanhas.
Em 1603, quando os portugueses invadiram Kandy, o templo foi destruído e o dente foi levado para fora da cidade. Foi recuperado e voltou a Kandy quando um novo rei cingalês subiu ao poder.
Apesar das turbulências políticas, ocupações coloniais, guerras e até um atentado, o dente permanece no templo de Kandy até aos dias de hoje.
Todos os anos, entre julho e agosto, numa data móvel em dia de lua cheia, a cidade recebe o Kandy Esala Perahera, conhecido como o Festival do Dente. É uma das maiores celebrações budistas do país e presta homenagem à relíquia. Uma grande procissão em que um elefante transporta o dente de Buda num cofre, espetáculos de danças tradicionais, outras procissões e rituais marcam esta data de festa naquela que foi a última capital do reino do Ceilão.
O SAPO Viagens foi ao Sri Lanka a convite da TUI Care Foundation
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