A receita do novo restaurante The Green Affair é simples: junta-se um espaço confortável e um ambiente familiar a um serviço simpático e descontraído, corta-se na carne e no peixe, mas não no sabor, e, no final, acrescenta-se uma apresentação cuidada dos pratos. Abriu a 25 de Junho na Avenida Duque de Ávila, em Lisboa, e é 100% vegetal, mas promete sabor e criatividade à mesa.

Como o próprio nome indica, o verde domina na decoração glamourosa e no menu e há um convite ao prazer sem culpa, a uma formalidade divertida, como que a dizer que este restaurante é para todas as idades, para quem é vegetariano ou vegan e para quem não é, ou seja, para quem gosta simplesmente de estar à mesa e comer bem.

A ideia vinha a ser cozinhada na cabeça de Henrique Costa Pereira, gestor ligado à restauração que se tornou vegan há cerca de três anos, embora profissionalmente tenha de experimentar todo o tipo de pratos. Quando apresentou o projeto ao grupo Alentejo, para o qual trabalha e que está a investir em espaços de rua, teve luz verde e o The Green Affair começou a ganhar vida.

Para Henrique, “esta alimentação não é uma moda, mas uma tendência que vai crescer, seja por questões de saúde, éticas, ambientais ou outras”. Daí o responsável estar otimista quanto ao sucesso deste espaço que, para já, está apenas aberto ao jantar, a partir das 19 horas. “Ainda estamos numa fase de testes, digamos assim. E como a estação está a mudar, estamos também a preparar uma carta para o Outono e Inverno, pois dependemos da sazonalidade dos alimentos”.

The Green Affair
The Green Affair O espaço interior créditos: DR

Aliás, uma das regras da casa é não haver congelação. Ou seja, têm de entrar obrigatoriamente produtos frescos todos os dias. As receitas são o resultado de muitas ideias e técnicas experimentadas na cozinha de Henrique, mas também de algumas dicas dadas pelo blogger da página Alho Francês. Na cozinha do restaurante, são dados os últimos retoques a pensar também na apresentação, que se quer sofisticada.

As pessoas - muitas trabalham ou residem na zona e outras são turistas - têm entrado, experimentado e repetido, “sinal de que estão a gostar deste conceito mais arrojado e menos alternativo”, refere o responsável. Muitos são vegetarianos, mas uma grande percentagem não é.

“O prato tem de ter uma boa apresentação e a comida tem de ser saborosa e saciante”, sublinha Henrique, enquanto sugere para entrada umas coxas de couve-flor panadas e acompanhadas com molho tártaro e agridoce picante (5,95€). As três exigências são superadas. Facilmente sou conquistada pela frescura dos alimentos e intensidade dos sabores e pela simpatia dos funcionários.

Coxas de couve-flor panadas
Coxas de couve-flor panadas Coxas de couve-flor panadas créditos: Starting Today

Enquanto me delicio com a entrada, passeio os dedos pela carta dos pratos principais, mas não é fácil escolher: há caril Katsu com panados de tofu, beringela e abóbora, arroz e salada (7,95€); há tofu marinado com gratinado de broa de milho, tomate e coentros, puré de vegetal da época e salada (8,25€); há quinoa bowl com legumes da época e amendoins levemente salteados com óleo de sésamo tostado (7,45€); e há bife de seitan com molho de pimenta, gomos de batata doce e salada (9,95€). Trata-se de uma “receita secreta”, refere a ementa, “num processo de preparação sensível e que demora algumas horas até ficar com a consistência certa”, acrescenta Henrique.

Bife de seitan
Bife de seitan Bife de seitan créditos: Starting Today

Atiçada a curiosidade, aguardamos pelo segredo mais bem guardado deste restaurante. O “bife” vale bem todos os minutos de espera. Os sabores são muito equilibrados e o molho identifica-se muito bem com a suavidade do seitan.
Nas sobremesas, o destaque vai para o bolo de chocolate (4,95€), que tem muita saída, mas também há cheesecake de caju, citrinos, tâmaras e nozes sem glúten e sem açúcares refinados (5,25€) e crumble de maçã e pêra rocha com crème fraîche de tomilhos (4,25€). Optei pelo crème brulée de coco com abacaxi assado (3,95€), um doce para os apaixonados por coco, como eu.

Nas bebidas, há todo um mundo variado de opções: cocktails de autor com e sem álcool criados por Telmo Pacheco, sumos de fruta, infusões, vinhos portugueses biológicos, cervejas artesanais e bebidas espirituosas.
Ainda este mês, o restaurante vai passar a abrir aos almoços e, em simultâneo, haverá sugestões novas na ementa, tais como um “hambúrguer” e um arroz malandrinho com sabor a mar, mas sem peixe. Aos domingos, haverá algumas opções para quem não dispensa o brunch.

A intenção dos proprietários é abrir outro espaço em Lisboa nos próximos meses, embora ainda não haja uma data definida.

Morada: Av. Duque de Ávila, 32 A, Lisboa

Por Helena Simão, blogger do Starting Today