![Porque é que os voos comerciais não têm paraquedas para os passageiros?](/assets/img/blank.png)
Sempre que assiste às instruções de segurança num avião, já alguma vez se interrogou porque é que estes não disponibilizam paraquedas para usar em caso de emergência? A revista Condé Nast Traveler tentou saber porque é que isto não acontece.
A razão mais óbvia prende-se com o facto de os saltos de paraquedas necessitarem de formação prévia. Mesmo em situações de lazer, o salto de um avião mais pequeno exige a formação de um instrutor e na maioria dos casos os saltadores fazem-no amarrados aos técnicos. Ainda assim, horas e dias de treino não tornariam a tarefa possível num avião comercial. Isto porque a altitude a que normalmente estes aparelhos viajam, mais de 35 mil pés (mais de 10.600 metros), torna o salto impossível de ser suportado pelo corpo humano.
"Altitudes acima dos 18 mil pés [5.500 metros] seriam perigosas para alguém saltar e abrir imediatamente um paraquedas", refere Jim Crouch, diretor de segurança e treino da Associação americana de paraquedas, à Condé Nast Traveler. "A partir dos 15 mil pés (4.600 metros) os saltadores necessitam de oxigénio suplementar, visto que os aviões utilizados nestes casos não são pressurizados. É provável que perdêssemos a consciência antes de atingirmos uma altitude mais baixa", explica o instrutor.
Fatores climatéricos, estruturais e económicos
Por outro lado, a temperatura tornaria a tarefa impraticável. A 35 mil pés (10.600 metros) podemos encontrar 34 graus negativos ou menos, o que os cientistas consideram altamente prejudicial para o corpo humano. Por exemplo, os olhos, nariz e boca congelariam quase instantaneamente e mesmo os pulmões distenderiam de tal forma que poderiam rebentar.
Ao mesmo tempo, um avião comercial pode atingir velocidades à volta dos 800 quilómetros por hora, pelo que o impacto de salto destes poderia criar lesões muito graves ou mesmo ser fatal.
Outras razões explicam porque as companhias aéreas não disponibilizam estes dispositivos. As portas dos aviões usados para os saltos são diferentes e em alguns casos nem sequer existem. Num voo comercial não é suposto que as portas abram durante o voo (e nem vale a pena testar).
Em segundo lugar, um único paraquedas pode pesar entre 7 e 18 quilos pelo que carregar 200 ou 300 paraquedas num único voo seria um peso adicional demasiado elevado. "O sistema seria complexo, volumoso e pesado, e exigiria vários dispositivos de segurança para tornar impossível a abertura não intencional", afirmou Alizee Genilloud, do departamento de comunicação da Airbus, à BBC em 2013.
Ainda de acordo com um relatório da Boeing de 2016, a maioria dos acidentes acontecem durante as descolagens e aterragens, mais uma razão pela qual estes dispositivos seriam inúteis. Já está convencido de que as manobras aéreas de James Bond ou Schwarzenegger não passam de pura ficção?
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