Na rua da Restauração, uma varanda natural para o Douro, o Tenro by Digby é o restaurante do Torel Avantgarde, boutique hotel reconhecido em 2024 como o melhor cinco estrelas de Portugal pelos Publituris TravelAwards e com uma Chave no Guia Michelin este ano.

Assim, motivos não faltam para conhecer este espaço sofisticado da Invicta e, para tal, não precisa de ficar alojado por lá – apesar de recomendarmos que o faça também. Pode optar por reservar uma mesa com vista para o rio no restaurante e descobrir as histórias que o chef João Figueirinhas tem para contar através dos seus pratos.

Mas, “first things first”, quando lá chegar, num dia de calor, o melhor é pedir primeiro a carta de cocktails e escolher o que vai mais de encontro com o “mood” do momento. Tal como o hotel, a carta do bar inspirou-se na arte para apresentar oito cocktails de assinatura em homenagem a grandes artistas de vanguarda.

Com laranja, lima, arando, maracujá e espumante, o Nina Simone foi a nossa escolha para começar a entrar no universo Tenro by Digby. Hitchcock, Van Gogh, Aurélia de Sousa, Galileu, Miró e Chaplin são os outros homenageados. Ficou a curiosidade de experimentar mais um ou dois, quem sabe, a contemplar o pôr-do-sol…

Tenro by Digby
Tenro by Digby O ambiente do Tenro by Digby créditos: Luís Ferraz

Por agora, de volta à mesa, onde ficamos a conhecer o motivo do nome Tenro by Digby. A inspiração veio de um livro receitas de 1669, escrito por Sir Kenelm Digby, um diplomata e cortesão inglês. No livro The Closet Opened, Digby reuniu receitas tradicionais inglesas, além de apresentar pratos que conheceu durante as suas viagens.

“Fermentações, tartes e estufados” são a base de muitas das receitas deste livro avantgarde que, segundo João Figueirinhas, também estão presentes na gastronomia portuguesa – esta, sim, a alma e o fio condutor do restaurante portuense, cuja maioria dos clientes é de fora do país, sendo por isso mesmo fundamental mostrar “as nossas raízes”.

Assim, logo nas entradas, a Tartelete de Sardinha e a Bifana comprovam estas teorias na prática. Dois pratos que nos remetem para a gastronomia portuguesa mais tradicional e apreciada nas festas populares que dão vida ao verão. Ao mesmo tempo, a apresentação distinta e os sabores refinados trazem-nos de volta ao restaurante de um hotel cinco estrelas.

O reaproveitamento volta a ser premissa-chave sempre que possível, refletindo-se, por exemplo, na preparação da tepache servida logo à chegada da refeição, “preparada com cascas de abacaxi” e no garum utilizado na tartelete de Sardinha, “uma fermentação dos interiores da sardinha que os romanos já faziam”, ou ainda no recurso frequente “às espinhas e aparas para fazer os molhos e os caldos”. Das entradas também faz parte a Sopa de cavalo cansado, “típica do Douro e Trás-os-Montes, à qual juntamos cebola salgada para além do vinho e do pão”.

Tenro by Digby
Tenro by Digby Leitão com gnocchi fritos e cogumelos créditos: Luís Ferraz

Nos pratos principais, a Caldeirada de tamboril que tinha sido um “hit no verão passado”, diz-nos o chef, volta a estar presente na carta e não desilude. Ainda assim, o prato que levantou mais surpresa foi a versão vegetariana do Cozido à Portuguesa. Para tal, João Figueirinhas optou por fumar cogumelos shiitake “que são carnudos e conseguem absorver todos os sabores”. O molho de feijão branco faz a ligação entre todos os elementos do prato.

Por fim, outra proposta nada convencional, mas que provou resultar muito bem é o Leitão à Moda de Bairrada com gnocchi, cogumelos e molho de queijo. Uma combinação gulosa que elevou o prato tradicional a outro nível de sabor e apresentação. As propostas de carne ainda incluem as icónicas Tripas à Moda do Porto ou o Arroz de Pato.

Para a sobremesa, se a escolha for algo mais fresco, a Pavlova de Lichia e Morango ou o Salame de Chocolate, Cereja e Pistáchio são as opções mais indicadas. A melhor (e mais gulosa) opção da carta é, na nossa opinião e também na do chef, a “Rabanada do Céu”, uma combinação que junta a tradicional rabanada a uma reinterpretação de natas do céu, finalizada com caramelo de bolacha Maria e doce de ovos. Uma sobremesa que reflete a paixão do chef por rabanadas.

Rabanada do Céu
Rabanada do Céu Rabanada do Céu créditos: Luís Ferraz

Este menu está disponível ao jantar e aos fins de semana. Durante a semana, ao almoço, o menu altera-se e há boas opções para saborear, sendo que poderá optar pelo menu executivo completo (35€) ou escolher individualmente qualquer uma das opções de entradas, principais ou sobremesas disponíveis entre as 12h30 e as 15h.

Às sextas-feiras, até ao fim de julho, o hotel abre-se mais à cidade e deixa o convite para a Golden Hour, fins de tarde com DJ set, cocktails, petiscos e entrada gratuita.

O SAPO Viagens visitou o Tenro by Digby a convite do Torel Avantgarde