A semana que, normalmente, tem início na segunda-feira, começa, neste relato, a uma quinta-feira e tem palco em Moimenta da Beira. Uma vila no distrito de Viseu que tinha tudo para ser pacata, acaba por dar abrigo a um grande projeto de arte contemporânea. Foi aí mesmo que a Marta e o Ricardo decidiram começar. O parque eólico de Moimenta da Beira é, para quem gosta de arte, uma paragem obrigatória (na foto de destaque). Com duas das pás pintadas por Joana Vasconcelos e Vhils, as torres são consideradas duas das maiores obras de arte contemporâneas do mundo em altura – o projeto WindArt. Com elas se lembra que Portugal tem muitos tesouros escondidos, e não está, de todo, parado no passado. “Merece a pena ser visitado”, relata a nossa Marta.

Pelas mais autênticas estradas de Portugal (estreitas e com buracos), passando a zona do Douro, uma das mais incríveis do nosso país, logo se avista Bragança com o seu belo castelo no alto. Foi aí, precisamente, que os nossos protagonistas decidiram dormir, à “sombra” das muralhas do castelo de Bragança. Sexta-feira arranca com uma palestra cheia de animação para lançar o dia. A escola foi descrita como “nova” e “acolhedora”, e deixou uma ótima impressão à Marta e ao Ricardo.

Castelo de Bragança
Castelo de Bragança créditos: Marta Durán

O mundo é, de facto, pequeno. Toda a gente o diz e tem o seu "quê" de verdade. Em Bragança, um dos distritos mais a norte de Portugal, a Marta encontrou alguns dos seus amigos da Guiné-Bissau! Tanto a Marta como o Ricardo ficaram a pernoitar em casa deles, mas, antes disso, houve festa, claro. Música, dança típica da Guiné-Bissau e muita animação não faltaram. “Foi uma troca de culturas bem engraçada, onde também aprendi umas palavras de crioulo. Super difícil”, relata o Ricardo. Já no sábado, houve direito a pitéu. Almoçaram uma comida tradicional Guineense, o famoso caldo de Mancarra, uma espécie de caldo de amendoim com frango. Segundo os nossos protagonistas estava delicioso. Assim se mostra que, por vezes, não é preciso ir-se muito longe para conhecer novas culturas e tradições. Ali, em Bragança, a Marta pôde matar um pouco as saudades de um país que tanto a marcou, e o Ricardo conhecer um pedacinho de uma cultura que não conhecia. Guiné-Bissau em Bragança, quem diria?

Bragança
Uma paragem em Bragança créditos: Marta Durán

De barriga cheia, os nossos protagonistas despedem-se e seguem rumo à aldeia do Montesinho, uma aldeia típica transmontana, serena e cheia de história, que merece a paragem de quem lá passa. No entanto, como parar é morrer, e embalados nesta onda internacional, o Ricardo e a Marta decidem dar uma visita aos nossos vizinhos, os espanhóis. Foram até Puebla de Sanabria, uma terra rica em fauna e flora, e classificada como Parque Natural. Por lá pernoitaram.

De manhãzinha, ao acordar, visitaram o centro da vila e a igreja de Sanabria. Os nossos protagonistas ficaram encantados com a terra e recomendam a visita. Mais tarde, deram uma vista de olhos também ao famoso lago da Sanabria, uma das joias do parque natural. O domingo termina em Chaves, com outro amigo da Marta, que os levou a comer o delicioso pastel de Chaves, uma iguaria típica portuguesa.

Rio Cabrão

Na manhã seguinte, abria-se o dia com chuva. “Ora bolas, malditas segundas-feiras!”, diria eu. Felizmente, a Marta e o Ricardo não disseram o mesmo. Depressa parou a chuva e o tempo estava perfeito para irem a Pitões das Júnias fazer um trilho até ao convento e a uma cascata. Arrebatador! Amantes de natureza, peguem neste segredinho e façam as malas, deixamos a dica. Segunda-feira à tarde abre estrada até Arcos de Valdevez, outra terra magnífica (o norte de Portugal é, em si, uma joia, se me permitem dizê-lo). Encontraram-se com mais uma amiga, a Bárbara, que faz parte também da Associação Gap Year Portugal. Esta recebeu-os em sua casa e mostrou-lhes o emblemático rio Cabrão. O dia seguinte arrancou com mais uma palestra, lá, em Arcos de Valdevez. O resto do dia foi passado a descansar, que também é preciso.

Arcos de Valdevez
Arcos de Valdevez créditos: Marta Durán

Novos ares trazem Vila Verde ao horizonte, uma escola onde foram extremamente bem-recebidos e que deixou um sentimento de dever cumprido.

Marco de Canavezes é uma cidade no distrito do Porto, "entre o Douro e o Tâmega, onde começa o Marão", como se diz por lá. É na margem do Rio Tâmega, que se lança a quinta-feira. O dia foi marcado por mais uma palestra bem-sucedida que logo deu lugar a mais uma terra, a terra onde termina a semana, a terra onde o nosso belo Portugal nasceu: Guimarães. Para se ver Guimarães como deve ser há dois passos que não se devem dispensar: a cervejinha no centro da cidade, sob as casas típicas do nosso país, e uma visita ao castelo de Guimarães.

Guimarães
Guimarães créditos: Marta Durán

Aproveitar o que é de bom e bonito, e relembrar as nossas origens, foi exatamente isso que os nossos protagonistas fizeram. É no berço de Portugal, também, que termina a viagem da Marta com a Road Trip Gap Year Portugal. É lá que a Marta dá a sua última palestra e termina esta aventura. Foi em Guimarães, a terra onde tanto começou, que tanto acabou para nós. Ela segue agora para Viana do Castelo onde irá ter uma conversa sobre viagens, as suas próprias viagens. A vida não para, e esperamos por novas histórias, com novos protagonistas. Quem serão desta vez?

Acompanhem diariamente em @roadtrip_gapyear, @boleiasdamarta e @ricardosilvaclc.

Artigo escrito por Carolina R. de Sousa, da Associação Gap Year Portugal