O Jardim das Camélias tem origens em meados do século XIX com espécies provenientes da China e do Japão.
Num cenário de fundo de uma grande variedade botânica, as camélias destacam-se pelo colorido.
Seguindo a descrição de Elsa Isidro, arquiteta paisagística, “podem ser totalmente brancas, com diversos formatos, a cor de rosa, cor de rosa escuro, quase vermelho. Há uma grande variedade de tons. Violetas... podem ser riscadas, com manchas, pintas... um sem fim de possibilidades.”
Foi o rei D. Fernando II o promotor do jardim e muitas cultivares “foram introduzidas no Palácio da Pena com os nomes da família real. O próprio rei D. Fernando II tem duas camélias que lhe são dedicadas. Uma como rei de Portugal e outra como Rei Artista, o cognome pelo qual ficou conhecido.
Temos também algumas personalidades importantes da história de Portugal como o rei D. Afonso Henriques ou Luís da Camões.”
Elsa Isidro é arquiteta paisagística no Parque da Pena e conhece em pormenor os jardins. Em particular o Jardim das Camélias que fica próximo do Tanque dos Frades, uma área que originalmente servia de produção agrícola aos frades Jerónimos.
“D Fernando II encontrou aqui um local que tinha a exposição solar e a presença de água necessária para a transformação deste espaço num lugar aprazível para a construção de um jardim.
Transformou este vale em patamares que foram ocupados por camélias.
De forma progressiva. Foram introduzindo novas espécies de cultivares de camélias, mas também espécies arbóreas que acompanham a coleção e que lhes dá um enquadramento.
Com um fantástico enquadramento de sequoias, fetos e muitas outras espécies, as camélias, nesta altura do ano, dominam a paisagem devido à floração e porque algumas estão muito altas, cresceram de forma natural e não foram podadas.
“Mas o que torna esta colação mais interessante é a quantidade de cultivares. No parque da Pena já identificámos 3982. São plantas que foram desenvolvidas por viveiristas na segunda metade do século XIX como oferta quer à família real quer a famílias nobres e abastadas.
Seria um sinal de riqueza e prosperidade as famílias que tinham nos seus jardins cultivares com o nome da família, dos filhos associados a estas plantas.”
Desde o século XIX, quando surgiu o cultivo e desenvolvimento de variantes de camélias, passou a haver um registo internacional. No Parque da Pena algumas estão sinalizadas de acordo com esse registo.
“As que já foram identificadas por nós têm uma placa verde que identifica o nome da cultivar de acordo com o registo na Sociedade Internacional de Camélias”.
Ao percorrermos o Parque da Pena encontramos, em particular junto de vales e de cursos de água, outros exemplares de camélias.
Há ainda a história curiosa da tentativa de uma plantação de chá a partir de um género de Camélia (camélia sinensis) no Alto do Chá.
“D. Fernando aceitou fazer um ensaio, em 1875, com uma centena de plantas reproduzidas a partir de sementes das plantas provenientes dos Açores, do chá Gorreana.
Aqui, no Gerês e em Monchique. Até aos dias de hoje chegaram apenas as do Parque da Pena. Existem 32 árvores adultas. Não é suposto que estas plantas sejam conduzidas até à forma de árvore. Mas sim em sebes, baixas, com a dimensão adequada para ser fácil a recolha das folhas para a produção do chá.
No Parque da Pena nunca fizemos a produção de chá porque ainda estamos a estabilizar a plantação."
A coleção de camélias do Parque da Pena foi distinguida pela Sociedade Internacional de Camélias e é habitual, no mês de março, realizar-se na vila um evento dedicado às camélias que recebe o contributo de vários jardins históricos da região de Sintra.
Tem alguma camélia com o nome da sua família? Esta é a altura de vermos a floração faz parte do programa da Antena1 Vou Ali e Já Venho e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.
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