D. Fernando II e Elise Hensler optaram por viver uma história de amor, partilhar o tempo, os gostos e até um chalet que construíram de na serra de Sintra. Para viver a vida a dois. “Este chalet só foi habitado por este casal.

O romance do Chalet da condessa d'Edla
créditos: andarilho.pt

Nos outros palácios viveram vários reis. Este foi construído pelos dois, para os dois e só foi habitado por eles. Acho que isso se sente e que as pessoas percebem.”

Ainda na descrição de Mariana Schedel, D. Fernando II e Elise Hensler “construíram o chalet não para fugirem, mas para viverem de forma intensa o jardim que estavam a construir.”

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Mariana Schedel créditos: andarilho.pt

Mariana Schedel é conservadora do Palácio da Pena. Ela revela, através do seu próprio testemunho, a reação de muitos visitantes ao chalet da Condessa d’Edla, após ter sido aberto para visitação em 2013, na sequência da recuperação do edifício depois de um incêndio.

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“Eu estudei muito D. Fernando II e o Palácio da Pena e quando entrei no chalet, depois do restauro, emocionei-me. Porque se sente uma dimensão humana, uma marca desta relação com a condessa”.

O chalet está rodeado de um jardim. Trata-se de uma construção muito menor do que o Palácio da Pena.

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“São zonas de habitação opostas e complementares no universo romântico da Pena. Na montanha temos a fortaleza, o castelo, a contemplação, a proximidade do céu, a vista para o mar.
Aqui estamos agarrados à terra. É um chalet de jardim que no início até se chamava Pavilhão de Jardim".

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Busto de D. Fernando feito pela condessa créditos: andarilho.pt

D. Fernando II já não era rei consorte. A sua mulher, D. Maria II, tinha morrido. Era D. Luís I que estava no trono.

O rei Artista, como foi conhecido D. Fernando, pela sua apetência pelas artes, apaixonou-se pela cantora de ópera numa digressão em Portugal.

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Elise Hensler numa representação na ópera créditos: andarilho.pt

Ela atuava no Teatro Nacional de S. Carlos, numa ópera de Verdi, Um Baile de Máscaras. O casamento só foi alguns anos depois, em 1869, e não agradou à sociedade da altura.

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D. Fernando e a condessa d’Edla tinham o gosto comum pelas artes e botânica e o chalet surge no âmbito da transformação profunda do parque e do Palácio da Pena que eram propriedade do rei.

“O chalet é desenhado por ela, a seu gosto. Em termos de arquitetura e decoração faz a síntese de duas memórias.

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Da Suíça, a terra natal da condessa, de onde saiu aos 12 anos de idade para Boston. Em segundo lugar, a memória das casas americanas. Nas janelas de arco, na organização muito simplificada da casa e em diversos pormenores".

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Por outro lado, o chalet corresponde também ao movimento do romantismo, dominante na altura.

Nas palavras de Mariana Schedel, “o regresso a si próprio através da natureza, embrenhados na natureza.

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Percorrer os seus caminhos sinuosos, redescobrir-se através do contacto com as intempéries, o sol, a chuva. Os dois partilhavam esse gosto, esta vida intensa relacionada com a natureza e, assim, se redescobrem a eles próprios".

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O deslumbramento começa quando vemos a casa ao longe, escondida entre arvoredo e o jardim. Um tom de outono pinta o edifício, mas é enganador.

A pintura de amarelo imita tábuas de madeira. Juntam-se efeitos decorativos de cortiça que estão presentes em todo o lado e moldam as inúmeras janelas e portas para a varanda do primeiro piso onde está o quarto do casal.

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“Todos os compartimentos do chalet têm vista para o exterior. No primeiro piso foi criada uma varanda. Todos os quartos têm acesso ao exterior para permitir a circulação pela varanda".

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De certa forma, a casa espelha o regresso à felicidade do rei. Sobressai a procura de um espaço de prazer, fruição e isolamento do casal.

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Um projeto a dois. A condessa foi “a mulher ideal para D. Fernando II na segunda parte da sua vida, em que deixou de ser rei consorte.

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Ela envolveu-se muito no Parque da Pena, nas obras, nos projetos... tornou-se uma verdadeira senhora da Pena. Ela herdou a propriedade".

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O rei era mais velho 20 anos e morreu em 1885.

A condessa vendeu mais tarde ao Estado a propriedade e teve o usufruto do chalet e jardim até 1904, seis anos antes da implantação da República.

Elise Hensler morreu em 1929 em Lisboa, com 92 anos de idade.

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O estigma social da altura apagou-a da História. Em vez do Panteão dos Bragança, no mosteiro de S. Vicente de Fora, em Lisboa, o seu corpo repousa no cemitério dos Prazeres. Em liberdade e fiel ao romance no parque da Pena. O seu jazigo, coberto de pedras e ciprestes tem no alto uma cruz que simula a Cruz Alta da serra de Sintra.

Por outro lado, também está bem acompanhada. É vizinha de Rafael Bordalo Pinheiro, que foi um dos artistas protegidos do casal real.

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O romance do Chalet da condessa d'Edla faz parte do programa da Antena1 Vou Ali e Já Venho e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.