A Universidade de Évora tem um vistoso e notável pórtico, mas a igreja da Senhora da Graça tem igualmente um pórtico em mármore que, em alguns aspetos, não é menos relevante.
A igreja está no alto de um monte ao lado do casario da aldeia. Devido à sua dimensão, ao longe, capta de imediato a nossa atenção. “É um bocado surpresa, sim. Não é muito comum ver-se a frontaria em mármore e surpreende.” O testemunho de Tânia Carapinha, residente na Senhora da Graça do Divor, evoca a reação de quem visita pela primeira vez a igreja.
O pórtico tem na parte da frente um arco de volta perfeita e dois laterais mais pequenos. Tudo em mármore e o conjunto destaca-se claramente. No entanto, quando da nossa visita, os tons claros do mármore e da fachada não conseguiam esconder os efeitos da humidade nas paredes.
O que correspondia à opinião de vários visitantes transmitida a Tânia Carapinha de que “é uma igreja muito bonita, mas precisa de manutenção.” A mesma avaliação se aplicava ao interior. É igualmente surpreendente, porque as paredes estavam todas cobertas de azulejos, mas em alguns locais já tinham caído alguns.
O conjunto de azulejos impressiona com o domínio do azul em vários padrões. Admite-se que serão de meados do século XVII. “Ela é muito antiga e quando eu era pequena já tinha alguns sinais de degradação".
"As laterais da igreja são em azulejo e com o tempo alguns foram caindo. O altar é todo feito em talha dourada e foi renovado há cerca 6 anos.”
Como salienta Tânia Carapinha o retábulo do altar mor destaca-se pelo brilho da talha dourada, após o restauro. O retábulo é uma construção mais recente, da segunda metade do século XVIII. Ao lado estão dois altares mais pequenos. Todos eles encimados por um arco com pinturas.
Numa das paredes, a quebrar o domínio dos azulejos, estão pequenos quadros com peças de roupa que há algumas décadas atrás foram encontradas num baú e que seriam utilizadas para vestir as pequenas estátuas de santos.
A população tem uma forte relação com a igreja e alguns dos momentos mais relevantes das suas vidas têm a marca da Senhora da Graça. “Casamentos, batizados, catequese para os miúdos, primeira comunhão... Todas as pessoas de cá, inclusive dos montes em redor, vêm aqui casar, continua a ser utilizada para esse efeito.”
Alguns destes rituais são marcados pelo chamamento do sino que está num dos campanários da igreja, embora não se ouça todos os dias “porque ainda é dos antigos, tem de se puxar por uma corda.”
A igreja de Nossa Senhora da Graça está classificada como Monumento de Interesse Público e está na herdade da Água da Prata.
É muito próximo das nascentes do aqueduto da Água da Prata, construído no século XVI para abastecer Évora.
O vistoso e surpreendente pórtico em mármore da Igreja Graça do Divor faz parte do programa da Antena1 Vou Ali e Já Venho e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.
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