Foi aqui, a a 2 de Janeiro de 1492, que o último bastião mourisco na Península Ibérica se rendia, após longas negociações com o último sultão Nazarí de Granada, Boabdil, aos futuros Reis Católicos. Terminava, assim, a Reconquista Cristã, iniciada nas Astúrias por Pelágio.
À medida que caminhamos pelas ruas de Granada, apenas com um mapa do centro histórico e com o sentido de orientação apurado desde o tempo dos escuteiros, a cidade conquista‑nos aos poucos, fazendo que não desistirmos dela. Depois de atravessarmos a longa Gran Via de Colón, deparamo-nos com a Porta de Elvira. A partir daqui, começo a subir passo a passo o casario do Bairro de Albaicín até a um dos miradouros mais concorridos pelos viajantes e curiosos numa visita a Granada: o Mirador de San Nicolás.
No horizonte, surgiram os contornos da Alhambra, o meu coração começou a acelerar de tanta emoção, face à magnificência desta singular fortificação islâmica. Procuro um espaço livre para me sentar no muro que fica defronte da Alhambra, que me permita contemplar de uma forma serena este magnífico exemplar da arquitetura islâmica em Espanha.
Este é um dos pontos de visita obrigatório a esta cidade andaluza. O antigo complexo fortificado de palácios do Reino de Granada, fundado pela Dinastia Nazarí (1232-1492), mexe com qualquer pessoa. Há algo de mágico nestas pedras. Ninguém fica indiferente, seja de noite ou dia, por mais livros, relatos, fotografias e vídeos que tenhamos visto.
O palácio El Generalife é um verdadeiro paraíso. Foi construído pelos sultões nazarís para refúgio do quotidiano cortesão da Alhambra de Granada. Tal como eles, fujo das “massas” de turistas que inundam o complexo fortificado do Alhambra. Afinal, trata-se do monumento mais visitado de Espanha. Quem diria? Foi uma bela surpresa contactar com a simplicidade desta “Horta Real” com as suas fontes, hortas e belos jardins que nos transportam para outras latitudes. O Éden podia ser aqui.
Se há locais que parecem ter saído de um sonho, não há dúvidas de que o Bairro de Albaicín é um deles. A cerca de 800 metros de altitude, o casario branco deste antigo bairro árabe transmite-nos uma sensação de paz ao percorrermos as suas vielas. Por momentos, sinto que fui transportado para a realidade bem lisboeta: a genuína Alfama.
Sente-se a nostalgia e o legado da população árabe que habitou nestas ruelas e vielas. E, claro, da sua arquitetura urbana – Carmen – que se estende desde o miradouro de San Nicolás até ao rio Darro. Aliás, ainda hoje, existem lojas de “recuerdos” e restaurantes de origem magrebina, junto ao Paseo de los Tristes.
Artigo originalmente publicado no blogue OLIRAF
Comentários