Bastava sentirmos na pele as temperaturas negativas de Erzurum para aceitarmos a braveza de quem lá vive. Em Erzurum, os invernos são longos. Evliya Çelebi, um famoso escritor e viajante turco do século XVII, escreveu: “Fiquei lá [em Erzurum] durante 11 meses e 29 dias e o verão não chegou enquanto lá estive (tradução livre)”. Assim, um verão como o que conhecemos não deverá existir numa das terras mais altas da Turquia, no entanto, registam-se dias quentes e secos entre julho e agosto.

Campo de batalhas, frio a maior parte do ano e luta pela independência: só homens de coragem conseguiriam viver sob este clima

É ao observarmos a cidade da estância de esqui de Palandöken, Ejder 3200, que encontramos algumas pistas que nos podem levar à razão de aquela ser a terra dos Dadaş. Erzurum fica numa das encostas das Montanhas de Palandöken e terá sido um ponto estratégico ao longo de milénios, uma vez que o primeiro assentamento de que há registo remonta a 4900 a.C. O seu território esteve sob o domínio de diferentes civilizações como a bizantina, persa e romana. Até Alexandre, o Grande passou por esta cidade, que também pertenceu à Rota da Seda. Sabe-se ainda que esta cidade foi um local-chave para a independência turca. O Atatürk Museum é prova disso.

Factos sobre a cidade de Erzurum

  • É a antiga Jesurum ou Yesurum dos tempos de Moisés e que é referida na Bíblia. Passou a designar-se Teodosiópolis no tempo do Império Bizantino e antes fora, no tempo da Roma Antiga, Calícala (tendo sido chamada Kalikala em árabe na Idade Média);
  • Recebeu o nome atual após ter sido conquistada pelos turcos seljúcidas após a Batalha de Manzikert em 1071;
  • Erzurum fica a 1.900 metros acima do nível do mar;
  • A cidade de Erzurum é a capital da província com o mesmo nome.

Ainda que hoje a cidade conserve a tradição e a presença do Islão não escape até aos olhos dos mais distraídos – a maioria das mulheres anda com o corpo todo coberto e com lenço -, a cidade é um importante centro cultural do leste da Anatólia e lar de um dos centros de ensino mais importantes da Turquia, a Universidade de Atatürk.

Devido à sua longa história e diferentes ocupações, mistura diferentes influências, funcionando como um museu a céu aberto para os amantes de arquitetura. Há construções da época do império bizantino, como o Castelo de Erzurum, assim como do seljúcida com o Çifte Minareli Medrese, que alberga também um museu que, a partir das antigas salas de aula, mostra artigos que eram utilizados na época em que funcionava como escola islâmica.

 Erzurum: o ponto de partida para explorar as maravilhas do inverno no leste da Turquia
créditos: Ana Oliveira

A Grande Mesquita de Erzurum, construída em 1179, é uma das mais antigas e importantes da cidade e o seu interior impressiona qualquer visitante. Depois ainda existem os Três Túmulos, considerados bons exemplares das monumentais sepulturas de Anatólia.

Na praça principal da cidade, descobrirá a primeira mesquita construída sob o domínio do Império Otomano, a Lalapaşa (1562).

Pedra Oltu, uma lembrança preciosa das montanhas

Entre as riquezas de Erzurum, existe uma pedra semipreciosa utilizada para produzir joias, caixas de cigarrilhas, terços, entre outros. A pedra Oltu é trabalhada em Erzurum desde o século XVIII e é extraída essencialmente da zona Yasakda entre março e outubro.

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Geralmente em tom preto, embora também possa ser castanha-escura, cinzenta ou esverdeada, é fácil de esculpir e, segundo os locais, tem poderes curativos. Para além desta pedra, os locais também utilizam muito a pedra obsidiana para fazer joias.

E, claro, não faltam joalharias na cidade. The Rustem Pasa Bedesteni, também conhecido como Tashan Bazaar, é um centro comercial dedicado a esta arte. Vai se perder enquanto procura o “souvenir” ideal pois não faltam opções.

O que comer em Erzurum

Cağ kebabı é um prato a não perder que vale como uma verdadeira experiência gastronómica. Experimentamos no Muammer Usta, onde aconselhamos a irem de estômago bem vazio.

O Cağ kebabı é uma variedade de kebab que é assada num espeto em lume brando (já estão a imaginar aquele bom sabor a fumo?). Ao contrário dos outros tipos de kebab, aqui o espeto não é colocado verticalmente, mas sim de forma horizontal. Para a confeção deste tipo de kebab, normalmente utiliza-se carne de cordeiro ou de cabra, especialmente retirada das patas do animal. Por norma, a carne repousa entre 12 e 24 horas antes de ser assada e, depois, é servida em pequenos espetos, os cağ.

No Muammer Usta, os cozinheiros não param de assar a carne e, enquanto não manifestarmos que estamos satisfeitos, não vão parar de chegar espetadas à mesa onde se encontra “dürüm” (wrap turco) e pratos pequenos com molhos, cebola e salada. A ideia é colocarmos a carne no dürüm com os ingredientes que desejarmos. Para além de ficar delicioso, é uma experiência agradável para se fazer em grupo.

Acompanhamos o Cağ kebabı com ayran, uma bebida sem álcool e refrescante de iogurte e bastante popular na Turquia. O iogurte utilizado para fazer ayran vem do leite da ovelha. Para além do iogurte, a bebida leva água, sal e, por vezes, pimenta e/ou hortelã.

Para terminar, não podia faltar baklava com pistache e chá que também não vai parar de chegar à mesa até dizermos basta. Atenção que, em Erzurum, é importante beber o chá no estilo Kitlama: com um quadradinho de açúcar e limão.

Erzurum: o ponto de partida para explorar as maravilhas do inverno no leste da Turquia

Provamos também kadayıf dolması e há outras sobremesas para experimentar por aqui: Kavut Haşılı, dut çullaması, Demir Tatlısı.

Se gostar de Cağ kebabı e quiser provar outras especialidades locais, experimente: ekşili lahana dolması; Gliko; Aşmalı Yahni; Lor Dolmasi; ayran asi soup, kesme soup e queijo göğermiş.

COVID-19: é seguro viajar agora para a Turquia?

Se há coisa que aprendemos com a pandemia é que nada é certo, assim, antes de começar a planear a sua viagem, o melhor é consultar o programa “Turismo Seguro” da Turquia aqui.

O programa “Turismo Seguro” da Turquia abrange a área da hotelaria, restauração e transporte. Este programa inclui medidas básicas que visam a higiene e distanciamento social em todas as fases da viagem, tal como outras que procuram proporcionar um ambiente seguro e saudável.

Na Turquia, hotéis com capacidade igual ou superior a 30 quartos devem ter o certificado “Safe Tourism”. Quem quiser pode consultar a lista de hotéis certificados aqui.

Para além disto e como parte deste programa de Turismo Seguro, os turistas estrangeiros na Turquia podem fazer o teste PCR em hotéis com 30 ou mais quartos, mediante solicitação.

O governo turco introduziu ainda um sistema de seguro que cobre a COVID-19 para turistas estrangeiros. O plano de proteção de turista e apoio ao seguro da Turquia cobre todos os aspetos da viagem, do avião ao aeroporto, a transfers e hotéis. Uma das medidas anunciadas são pacotes de seguros que cobrem despesas médicas até 7.000 euros que são vendidos por companhias aéreas, operadores turísticos e online. Para mais informação sobre o seguro de saúde para a COVID-19 da Turquia, clique aqui.

Se procura informação sobre vistos e dicas práticas para visitar a Turquia, leia este artigo.

*O SAPO Viagens visitou Erzurum a convite da Agência de Promoção e Desenvolvimento Turístico da Turquia

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