Assim que chegamos ao Palan Otel, pousamos as malas no quarto e preparamo-nos para sair. Estavam -10 graus e o Ejder 3200 esperava por nós. Entramos no transfer e, para nosso espanto, chegamos ao destino em menos de cinco minutos. Percebemos que podíamos regressar a pé e ir e vir, facilmente, do hotel.

Para quem procura visitar destinos de neve, a localização do Ejder 3200 é uma vantagem a ter em conta. Não só fica próximo de vários alojamentos como também do centro da cidade, Erzurum, que merece mesmo uma visita. Dada a proximidade — menos de 10 quilómetros — não vai resistir a descobrir este “tesouro” turco cuja história remonta a 4000 a.C e por onde passaram várias civilizações. A curiosidade irá adensar enquanto estiver na estância de esqui, pois, a partir desta, conseguirá ver a cidade em miniatura. E como não há duas sem três, a terceira vantagem da localização do Ejder é a proximidade ao aeroporto de Erzurum (são só 18 quilómetros de distância).

Agora, sejam bem-vindos ao mundo gelado do Ejder 3200, onde existe a oportunidade de praticar esqui de novembro a abril, o período mais longo em terras turcas. Até então um segredo bem guardado, conservado a temperaturas negativas por turistas locais e de países como a Rússia, Ucrânia, Líbia, Arábia Saudita ou Nova Zelândia, destaca-se pela qualidade da neve e pelas pistas longas. Quem não está familiarizado com os desportos de inverno pode experimentar nesta estância, uma vez que é possível alugar equipamento a preços acessíveis, ou simplesmente subir de teleférico até ao ponto mais alto da montanha de Palandöken.

Quer seja praticante ou não de esqui, vai se divertir nesta estância onde há muito a acontecer, desde passeios de teleférico, escalada no gelo a “voos gelados” e descidas de trenó.

No nosso caso, mal chegamos, partimos num teleférico e descemos na primeira paragem para almoçar no movimentado Küre Restaurant, onde regressaríamos mais tarde para beber sahlep, uma bebida cremosa e quente de leite, que é servida com canela, cuja especificidade encontra-se na utilização de uma farinha (que tem o nome da bebida) de tubérculos de orquídeas das montanhas do sudeste da Turquia.

Dado o aumento da procura da farinha, — também utilizada na produção de gelados (dondurma) — o governo turco decidiu proibir a exportação da mesma, pois as populações de algumas espécies estavam a ficar em risco. Assim, beber sahlep não só nos reconforta a alma, como é uma experiência única e exclusiva do inverno na Turquia.

Ejder 3200
Küre Restaurant créditos: Ana Oliveira

Seguimos entre esquiadores e com cuidado para não escorregar em direção ao teleférico. Entramos no primeiro disponível e continuamos a subir, enquanto apreciamos aquele lugar encantado coberto de neve. Quanto mais subimos, mas frio sentimos, contudo, seguimos até à última paragem que fica a 3100 metros de altitude e que nos leva ao cume da montanha de Palandöken, que é conhecido por Büyük Ejder (Grande Dragão) e que está a 3188 metros. Não conseguíamos ver muito devido às pequenas rajadas e, por causa do frio, não demoramos a regressar ao teleférico.

A descida oferece-nos vistas incríveis da montanha, da estância e de Erzurum. Após uma subida gelada, vale mesmo a pena parar para aquecer com um chá ou um sahlep.

Ejder 3200

Site: www.ejder3200.com/

Morada: Yunus Emre District Cluster Houses Palandoken Ski Center

Email: info@ejder3200.com

Telefone: +90 442 317 08 04

A estância oferece várias atividades que também dependem das condições meteorológicas como parapente, caminhadas na neve e tour skiing.

No primeiro dia, fizemos uma aula de esqui que é o melhor para quem se está a aventurar pela primeira vez. Começamos mesmo na base da montanha, numa zona plana, para aprender a andar com os esquis, curvar e travar. Só depois é que vamos para uma área mais inclinada, sempre acompanhados pelo instrutor. Aí, já começamos a sentir alguma adrenalina ainda que com algum receio de não conseguir parar e chocar com outro praticante. Mas temos que arriscar e praticar parar começar a apanhar o jeito. Se virmos que não temos talento ou se não estivermos a gostar, não faz mal, podemos descer de trenó, tal como as crianças que "invejamos" ao nosso lado por estarem tão divertidas.

Uma hora passa a correr e, quando damos por nós, a aula terminou. Felizmente, temos a hipótese de fazer mais uma hora e, por isso, aproveitamos, mas, primeiro, chá.

Entretanto, o sol começa a pôr-se e o frio a aumentar. É hora de regressar ao hotel a pé e sem pressa para apreciar a paisagem agora com iluminação. Que belo postal de inverno recebemos. Não deixamos de pensar na magia que será esquiar ali durante a noite. É possível e deverá ser tentador para os amantes da modalidade, mas não é para nós que ainda agora começamos a aprender a esquiar.

O dia termina junto à lareira do bar do hotel, onde nos reunimos após o jantar e bebemos vinho quente, tal como manda a tradição.

No dia a seguir, voltamos a subir a montanha, desta vez de mota, para experimentar escalar no gelo que exige alguma técnica para não cansar os braços (não escalamos até ao fim, mas tentamos).

Dali seguimos para o baloiço gigante que, após vermos a primeira colega a ser lançada, quase desistimos. E ainda bem que não o fizemos pois impressiona mais a ver do que a experienciar. Na verdade, é uma experiência incrível e de curta duração. Enquanto levamos com a brisa gelada amparada pelo sol, temos a sensação de que estamos a voar em direção à cidade. É uma atividade libertadora, em que podemos gritar, soltar o corpo e balançar nas alturas.

Depois são várias as hipóteses como voltar ao esqui, fazer outras atividades, fazer uma pausa para comer e tomar uma bebida quente ou rumar até ao centro da cidade.

No nosso caso, visitamos o centro hípico Demet Hanımın, onde almoçamos e conhecemos alguns cavalos e onde, graças a uma pequena demonstração, ficamos a saber da existência do cirit, um desporto praticado há séculos pelos turcos.  A ligação entre o homem e o cavalo no cirit também é símbolo de masculinidade na Turquia.

Centro hípico Demet Hanımın
É possível ter uma aula de equitação e experienciar calvagar na neve. Foto: Cristina Fernández créditos: Ana Oliveira

Mais do que deslizar na neve, acabamos por descobrir mais sobre a cultura turca e regressar mais enriquecidos. Aqui, não encontramos apenas uma estância de esqui — que podia estar noutro lugar — , mas um lugar que cruza diversão, desporto, história, cultura, tradição e natureza. E ainda só exploramos a estância de esqui...

*O SAPO Viagens visitou Erzurum a convite da Go Türkiye