Praça de Santo Domingo. Foto: Mario Aranda@Pixabay
Mas, finalmente, com poiso encontrado e um futuro mais definido que nunca (dentro dos possíveis para dois indivíduos que vivem de uma mochila de 40L), chegou a altura de voltar a partir. A questão nunca foi "se", mas sempre "quando" e, acima de tudo, "para onde".
A Ásia chamou-nos durante muito tempo. Aliás, continua a fazê-lo, numa memória eterna e constante daquilo que 2020 deveria ter sido. Como uma comichão precisamente naquele ponto das costas onde o dedo do meio não chega. Mas as incertezas nas (re)aberturas, as mudanças bruscas nas regras de entrada e o desrespeito quase absolutista pelas liberdades individuais acabaram por falar mais alto. Talvez para o ano.
Norte de África e Médio Oriente também foram fortes hipóteses. Não será de todo coincidência que a maioria das nossas experiências favoritas em viagem tenham tido lugar em países islâmicos. Mas entre destinos financeiramente acima das nossas possibilidades (Arábia Saudita e Omã), países atingidos por sanções económicas que tornariam uma estadia longa numa grande dor de cabeça (Sudão, Irão, Síria ou Iraque) ou nações económica e socialmente à beira do colapso (Líbano ou Líbia), a experiência nunca poderia ser aquela que esperávamos.
Resta-nos o continente que é, pelo menos para nós, ainda um enorme ponto de interrogação. Um continente de cidades vibrantes, praias paradisíacas e da maior cordilheira do mundo. Um continente onde a cultura indígena está escondida por detrás daquela que por nós lhe foi imposta. Um continente de desigualdades gritantes e de enorme injustiça social.
De Montevidéu à Cidade do México, com alguns desvios que contamos fazer pelo meio, percorreremos bem mais de 18000km, numa aventura que - a correr bem - durará pelo menos até janeiro de 2023. Com uma responsabilidade bem maior e já com o peso daquela que será provavelmente a maior dívida que alguma vez contrairemos, a realidade é que temos medo. Medo do desconhecido, medo das notícias sensacionalistas que nos chegam do outro lado do Atlântico, medo que o dinheiro não chegue. Medo de perder aquilo que conquistámos.
Mas o medo pode esperar. O tempo de viver é agora. Uruguai, Argentina, Chile, Peru, Equador, Colômbia, Panamá, Costa Rica, Nicarágua, Honduras, El Salvador, Guatemala e México - we're on our f**** way!
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