“Pretende-se abrir o museu até final do próximo ano. Significa isto que, de 2018 para 2019, teremos novamente o museu reaberto”, disse o secretário regional da Economia, Turismo e Cultura da Madeira à agência Lusa.
O projeto de requalificação vai custar 920 mil euros, de acordo com a entidade responsável, a Titularidade e Gestão do Património Público Regional (PATRIRAM).
Eduardo Jesus salientou a “importância extraordinária” deste núcleo museológico que “é um património único”, tendo começado com o espólio de uma das mais conhecidas famílias de fotógrafos madeirenses, os Vicentes.
Depois foi enriquecido ao longo dos anos com outros acervos, possuindo atualmente mais de um milhão e duzentas mil espécies fotográficas dos mais variados processos, entre as quais chapas de vidro de brometo de prata, chapas de vidro de colódio, diapositivos em vidro, películas de nitrato de celulose, películas de acetato de celulose e películas em poliéster.
“Por isso, diria que a importância não é regional, é nacional”, sublinhou o governante madeirense, reforçando que reúne “registos que eram da Madeira, mas também daqueles que passaram pela Madeira, fizeram a história mundial, participaram nos acontecimentos mais relevantes desde meados do século XIX”.
No seu entender, “isso faz naturalmente deste arquivo, deste museu, deste acervo, uma preciosidade única e merece toda esta intervenção” que está a ser feita e “todo este cuidado que está a ser tido em consideração”.
O Museu Vicentes foi criado em 1982 no edifício onde residia aquela família, no Funchal, na rua da Carreira, no qual funcionava a casa fotográfica que deu início à atividade em 1852, tendo Vicente Jorge Silva sido nomeado (1903) ‘Fotógrafo da Casa Real Portuguesa’.
O estúdio foi passando de geração em geração até 1972, ano em que se tornou propriedade de uma açoriana residente na ilha, Maria Mendonça. No quintal daquela casa emblemática do Funchal funcionou durante anos ‘O Pátio’, um conhecido restaurante-esplanada, frequentado por pessoas mais vocacionadas para a cultura.
Em 1979, o imóvel e o acervo foi adquirido pelo Governo Regional da Madeira, tendo aberto como museu em 1982, mas acabou por fechar as portas em meados de 2014.
“Estas obras foram necessárias porque o edifício não apresentava atualmente condições para o normal funcionamento do museu”, explicou Eduardo Jesus.
O responsável destacou que “era preciso uma intervenção que o restaurasse em função das necessidades atuais”, complementando que “o museu teve que ser fechado porque se trata de uma intervenção de fundo”.
Eduardo Jesus realçou que o “restauro do edifício” decorre em simultâneo com “todo o tratamento do conteúdo do museu”, tendo os negativos sido transportados para o Arquivo Regional da Madeira, onde “uma equipa trabalha diariamente na catalogação, tratamento e digitalização” deste material.
Apontou que está a ser seguida “uma lógica arquivista”, visando permitir aos futuros visitantes “uma consulta mais célere, eficiente, independentemente do interesse que cada um dos consumidores culturais entenda daquele espólio”.
Também vincou que este é “um espólio que é único, com fotografia desde o início da vida da fotografia em todo o planeta e que foi crescendo ao longo de todos estes séculos com um conjunto de outros acervos de outros importantes fotógrafos que também trabalharam na Madeira”.
Além dos negativos, o acervo também integra outras peças como máquinas e acessórios, equipamento de estúdio, de câmara escura e algum mobiliário que foi alvo de restauro.
“Está prevista a instalação do museu naquele [mesmo) edifício”, declarou Eduardo Jesus, anunciando que “a grande novidade em relação ao anterior será o próprio espaço, que terá uma lógica museológica diferente” e “uma componente tecnológica muito grande”, tendo em conta que “hoje os meios são diferentes”.
O governante insular concluiu que este espólio “faz deste um museu de referência com grande expressão, não só para a qualificação da oferta cultural [da Madeira] mas, acima de tudo, como um grande registo histórico”.
Fonte: Lusa
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