“A Comissão Nacional deu conta da receção de todos os documentos e anunciou que a candidatura será agora alvo de apreciação, sendo os resultados divulgados em 2022”, diz uma informação enviada à agência Lusa.
Citado na nota, o secretário regional do Turismo e Cultura da Madeira, Eduardo Jesus, afirma que este património é um “verdadeiro exemplo de uma memória global ou do mundo”.
O conjunto colocado à avaliação pela UNESCO é composto por 77 volumes e por mais de 10.000 fólios manuscritos, datados entre 1470 e 1835, que testemunham a ação deliberativa da Câmara do Funchal.
Os Livros constituem “um conjunto documental que ilustra processos históricos originais, novas instituições e desafios enfrentados pela primeira vez na Madeira durante os séculos XV e XVI, refletindo a importância do arquipélago e do Funchal, em particular nesta viragem para a modernidade”, refere.
Para o governante madeirense, “é um privilégio para a Madeira ser detentora de um património documental tão valioso e importante”.
Eduardo Jesus salienta que “a singularidade dos Livros de Vereações do Funchal merece ser classificada e reconhecida ao nível mundial”.
“E foi por isso mesmo que se decidiu formalizar esta candidatura à UNESCO, a primeira que a Região faz ao programa Memória do Mundo”, sublinha.
Eduardo Jesus realça que a candidatura dos Livros de Vereações do Funchal a este programa, que já reconheceu a importância de documentos como a Magna Carta, ”trará acima de tudo visibilidade mundial ao património documental existente na Região e ao trabalho que a Direção Regional do Arquivo e Biblioteca da Madeira (DRABM) tem realizado em termos da conservação desta herança que é um forte motivo de orgulho”.
A candidatura ao programa da UNESCO foi formalizada pela Secretaria Regional de Turismo e Cultura da Madeira, através da DRABM, que é a fiel depositária do conjunto documental em causa, sendo apoiada pela Câmara Municipal do Funchal e a Universidade da Madeira (UMa).
Conta ainda com a colaboração de três investigadores e docentes universitários que se disponibilizaram a serem ‘referees’ na defesa da importância deste património documental junto da UNESCO, designadamente Francisco Bethencourt, professor da cátedra Charles Boxer de História no King’s College (Londres), Jason W. Moore, professor de Sociologia na Universidade de Binghamton (Nova Iorque), e Paulo Miguel Rodrigues, professor de História da UMa.
A importância destes documentos reside no facto de o Funchal ser uma das primeiras cidades europeias que nasceram fora do continente Europeu, constituindo um marco na expansão portuguesa e num tempo em que os então monarcas queriam dar novos mundos ao mundo.
Também argumenta que “a descoberta do Porto Santo e da Madeira, há pouco mais de seis séculos, abriu caminho para muitas outras descobertas e para o conhecimento do planeta como hoje o conhecemos”.
“O Funchal, como primeiro grande porto deste novo espaço atlântico, é assim um marco da expansão portuguesa, da construção do Atlântico e da própria história do mundo”, vinca.
Conclui que “esta série, que se distingue pela sua longevidade e pelo seu valor informativo, é ainda um dos principais testemunhos da história do arquipélago desde o século XV”.
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