Espécimes deste exemplar estão em Kew Gardens há 177 anos e no Herbário Nacional da Bolívia há 34 anos antes que os botânicos se dessem conta de que se tratava de uma nova espécie.

Inicialmente, pensaram que se tratava de uma vitória-régia (Victoria amazonica), uma das duas variedades de nenúfares gigantes cujo nome presta homenagem à rainha Victoria.

Mas após investigações realizadas com uma equipa que viajou da Bolívia, os especialistas do jardim britânico determinaram que se tratava de uma terceira variedade.

Além de ser a espécie de nenúfar gigante mais recente, "Victoria boliviana", cujas folhas podem medir até três metros de largura, também é a maior do mundo.

Os anos de investigação que levaram a esta descoberta foram descritos num artigo publicado na revista Frontiers in Plant Sciences esta segunda-feira.

Sementes desta terceira espécie de nenúfar gigante haviam sido doadas pelos jardins botânicos de Santa Cruz de La Sierra e La Rinconada, na Bolívia.

A ilustradora especializada em desenhos botânicos Lucy Smith, que participou na pesquisa, disse que foram cultivadas – sem ser referenciadas –numa estufa em Kew nos últimos quatro anos.

"Na verdade, tínhamos escondido este segredo maravilhoso à vista durante todo este tempo", disse à AFP.

Carlos Magdalena, investigador especializado na conservação de espécies vegetais ameaçadas de extinção, chamou a planta de "uma das maravilhas botânicas do mundo".

Magdalena explicou que cerca de 2.000 espécies de plantas são descobertas a cada ano, mas "o que é muito incomum é que uma planta deste tamanho com este nível de fama seja descoberta em 2022".

"Isto realmente mostra o quão pouco sabemos sobre o mundo natural", comentou.

"Victoria boliviana" foi nomeada em homenagem aos especialistas bolivianos da equipa e ao ecossistema natural da planta no país sul-americano.

Os nenúfares gigantes têm uma flor que passa da cor branca à rosa durante a noite.

Kew Gardens é o único lugar no mundo onde os visitantes podem admirar todas as três espécies do gênero Victoria - 'amazonica', 'cruziana' e agora a 'boliviana' - lado a lado.