Como toda a gente que gosta de explorar o mundo, quando descobrimos o prazer de viajar, só queríamos ir e ir, e estávamos sempre à espera da próxima viagem. Aproveitámos sempre as férias "normais" para conhecer um sítio novo, fosse perto ou longe de casa. Em 2018 e 2019, ambos conseguimos tirar três semanas de férias e aproveitamos esse tempo para fazer o que, para nós na altura já era uma grande viagem, uma road trip pela Europa por alguns países, a primeira mais pela Europa Central e a segunda parte do Sul da Europa. Quando regressávamos dessa última viagem, já quase a chegar a Portugal, ambos dissemos: "um dia ainda vamos com o nosso carro até aos países nórdicos", mas essa ideia ficou sempre em stand by.
Entretanto, com a COVID-19 não podíamos viajar com tanta facilidade, mas, além de irmos fazendo pequenas viagens (por Portugal e Espanha), continuamos a criar vários roteiros para diferentes viagens pelo mundo.
Em 2021 e 2022, usamos algumas dessas ideias (roteiros), e levamos connosco amigos para viagens à Madeira, Turquia e Jordânia. Com o feedback tão positivo que recebemos destas aventuras em grupo, a nossa paixão por trabalharmos nesta área cresceu ainda mais, e foi quando tomamos a decisão desta grande viagem que estamos a fazer. Juntamos vários fatores: o gosto por conduzir, o realizar de uma viagem de sonho (do João, ao Egito), a promessa de um dia irmos aos países nórdicos de carro e o querer ganhar experiência no terreno (para trabalhar no futuro com uma melhor opinião dos locais por onde passamos). Decidimos então juntá-los todos e surgiu a ideia de fazermos uma grande viagem, onde usamos os nossos dias de férias, juntando a isso uma licença não remunerada.
Durante um ano antes da decisão da viagem, começámos a vender bens materiais que não necessitávamos, e a verdade é que esta poupança nos está a permitir realizar este projeto sem qualquer prejuízo, com uma duração de cerca de três meses.
Sentimos que viajar é o melhor investimento!
Quanto à rota, não foi muito difícil escolher, a Europa sempre teve muitos lugares na nossa bucket list, e depois era ir ajustando ao tempo que dispúnhamos e às condições meteorológicas adversas da viagem: sul da Europa em maio/junho e o norte em julho, para tentar evitar o calor extremo e aproveitar o melhor tempo dos sítios que costumam ser mais frios noutras épocas.
O grande objetivo desta viagem é, quando chegarmos a Portugal, conseguir mudar para a área do turismo (João). Ou seja, como já explicamos, devido à pandemia de COVID-19, as oportunidades para trabalhar em turismo eram poucas e, as que haviam, eram dadas a pessoas com experiência. Decidimos, então, nós próprios explorar e ganhar conhecimento no terreno (locais por onde passamos e iremos passar) e usar como um ponto forte para conseguir ter essa oportunidade no futuro de uma forma diferente. Não queremos só passar a imagem de que são apenas três meses de férias, mas sim um investimento nas nossas vidas, onde decidimos arriscar fazer uma paragem nas nossas vidas profissionais, além de todo o trabalho que houve durante os oito meses que antecederam a viagem. E, ao mesmo tempo, o realizar de um sonho.
Saímos de casa no dia 29 de abril, partimos do Porto até França de carro. A partir de Paris, fizemos uma "escapadinha" ao Egito no início da viagem, onde estivemos durante 15 dias e, depois, regressamos novamente a França e aí começou a verdadeira road trip pela Europa.
A experiência tem sido bastante positiva, nunca tínhamos feito campismo antes e estamos a adorar o contacto com a natureza e com as pessoas com quem nos temos cruzado. Os desafios que temos tido no dia a dia são algumas das razões que nos têm feito adorar tanto esta atividade, principalmente as condições meteorológicas que nos fazem alterar parte do plano e não manter o alinhamento que tínhamos no início. Talvez por sorte, andamos sempre um dia à frente da chuva, porque nas últimas três semanas temos visto sempre as condições meteorológicas para os dias seguintes e, no próprio dia da viagem, o tempo melhora sempre. No entanto, já aconteceu alterarmos os planos durante uma semana, quando contávamos de visitar o sul da Alemanha e as previsões eram de tempestades fortes. Tivemos a sorte de receber um contacto, de quem é hoje uma nossa grande amiga, a Teresa Rebelo, que nos convidou a tomar um café se passássemos pela Áustria. Estávamos nesse dia à procura de um novo lugar com melhor tempo para onde pudéssemos ir e, quando todas as soluções à nossa volta pareciam desaparecer, fomos surpreendidos pela mensagem dela. Nesse dia, conduzimos durante sete horas, atravessamos todo o sul da Alemanha e dirigimo-nos para casa dela, onde acabamos por ficar durante cinco dias. No meio do azar, tivemos muita sorte e podemos afirmar que foi um dos melhores presentes desta viagem.
O que mais gostamos, e ambos concordamos nesta resposta, foi o Egito. Poder estar perante tantos milénios de história, poder ter um contacto tão próximo com uma das primeiras civilizações e apreciar todo o trabalho registado em paredes e toda a engenharia do Antigo Egito é impressionante.
Já na Europa, também é unânime, cada país tem a sua beleza, mas Itália prevalece no nosso topo. E, nesta viagem em especial, como cada vez mais gostamos de estar em contacto com a natureza, foram as Dolomitas - todos os trilhos e paisagens deixavam-nos sempre surpreendidos a cada quilómetro que as nossas pernas percorriam.
Já o que menos gostamos, a nível de experiências, foram as estradas da Albânia (mas já íamos informados acerca disso) e a condução e as estradas também da Itália, é preciso um cuidado e uma atenção redobrados, mas devagarinho tudo se faz. Quanto a lugares, o primeiro que ficou aquém das nossas expectativas foi Kotor, no Montenegro. É uma cidade que tanto podia vibrar, quer pelas suas paisagens, quer pela sua história, mas nós não conseguimos sentir isso da melhor maneira, talvez porque está tão comercializada aos cruzeiros que a atenção devida à cultura do lugar se perde um pouco. Mas isto é a nossa opinião, foi a nossa viagem e experiência. Por outro lado, temos Rijeka, na Croácia, que, muito resumidamente, não se encaixa na beleza à semelhança do que estávamos a encontrar nas restantes cidades ao longo de toda a costa, que percorremos de sul para norte. Mais uma vez, aqui apenas a nossa opinião do que vivemos aos nossos olhos.
Desde o primeiro dia que partilhamos diariamente nas redes sociais todas as fotografias, vídeos e história de todos os lugares e, felizmente, o feedback tem sido bastante positivo, o que nos deixa muito orgulhosos e motivados a fazê-lo desta forma e a saber que o nosso projeto está no caminho certo.
Podem seguir esta viagem através do Instagram do João e da Daniela.
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