A nossa passagem por Viena inseriu-se num circuito que fizemos pela Europa central, que envolveu mais três cidades (Salzburgo, Munique e Budapeste).
Esta foi a terceira passagem, depois de termos passado dois dias em Munique e um por Salzburgo, de onde partimos para Viena. A melhor forma que encontrámos de chegar a Viena foi através de comboio (25€ por pessoa, comprada com dois dias de antecedência na Westbahn, a alternativa mais barata do que a OBB). Ao chegar à estação central comprámos um bilhete único de metro para chegar ao coração da cidade. Optámos por comprar apenas um bilhete porque a maior parte dos pontos de interesse da cidade fazem-se bem a pé, excluindo o Palácio de Schönbrunn e o Palácio de Belvedere.
Chegámos ao hotel, o Alpha Wien, por detrás da Câmara Municipal, e partimos de imediato para a aventura vienense. Qual não foi a nossa surpresa quando encontrámos um mercado de rua mesmo na praça da CâmarMunicipal, recheado de barracas com comida muito saborosa. Pegámos no nosso delicioso salmão grelhado com batata, juntámos um copo de vinho branco e comemos de pé perante uma plateia animada na praça.
Depois, pergunta aqui, pergunta acolá, e demos de caras com a Catedral de Santo Estevão, isto depois de termos percorrido as belas ruas (e limpas) à volta da Stephansplatz. Na Catedral (que está em obras há anos) não há muito para ver. Aliás, ‘obrigam-nos’ a subir mais de 300 degraus para depois ficarmos confinados a uma pequena sala com vistas para a cidade e com janelas a esbarrar os nossos olhares. Há sempre uma banca com ’souvenirs’, mas não estávamos a contar que estivesse ali, naquele espaço tão reduzido. Claro que dá para olhar para a cidade bem do alto, mas preferimos observar os azulejos que cobrem parte da catedral. São únicos e, juntos, fazem um belo quadro/telhado.
Aproveitamos o resto da tarde para desfrutar da cidade, passear e comer. O nosso lanche foi num dos cafés mais emblemáticos do mundo, o Café Central, no distrito número 1, na rua Herrengasse. Rigorosamente bonito e atencioso, este espaço oferece-nos o que de mais clássico existe em Viena. Esperámos que alguém nos viesse buscar à entrada e depois encaminharam-nos para a mesa. Depois, (um conselho) deixem a carta do menu pousada e observem a típica pastelaria de Viena. Aconselhamos, de olhos fechados, o doce de rum e violeta, algo que a Princesa Sissi saboreava nos seus tempos livres de dieta. O serviço é excelente e ainda fomos brindados com um mini-concerto de piano.
Antes de irmos descansar, fomos a um dos restaurantes mais típicos (e muito admirado pelos locais) de Viena, o Rosnovskyundco, que curiosamente ficava a 10 metros do nosso hotel. Provámos e aprovámos o típico Goulash, acompanhado de um excelente vinho e de um serviço muito competente. Ah, e até ouvimos fado, mesmo sem saberem da presença de portugueses.
O segundo dia foi dedicado aos museus mais conhecidos da cidade, o Palácio de Schönbrunn e o Palácio Imperial de Hofburg. Ambos de visita obrigatória para quem passa por Viena. Podem não gostar de Reis e Princesas, mas estes palácios são muito mais do que isso. Aqui não há espaço para desilusões, uma vez que conseguimos ter uma clara noção de como era a vida monárquica da altura e tudo muito bem explicado. Diríamos até que nos sentimos como se fizéssemos parte da família imperial. A história da dinastia desta família real é tão envolvente que só queremos saber mais. Quem gosta de ver louças, vestidos, utensílios de cozinha, móveis, vai adorar estes dois palácios.
Gasta-se muito tempo para o Schönbrunn e o Hofburg, por isso acordem cedo e aproveitem bem o vosso dia. Ao final de tarde ainda deu para visitar a Cripta Imperial de Viena, o principal local de enterro dos Hofburg austríacos, que está muito perto do Palácio Imperial. Aqui, ao todo, foram sepultados 12 imperadores e 18 imperatrizes.
Depois, fomos a correr para o hotel vestir os nossos melhores fatos. Era dia de ver e ouvir uma peça na belíssima Ópera Estatal de Viena. Quando dizemos que em Viena a classe impera não estamos a mentir. Se acham que, por força dos tempos modernos, não precisam de levar o vosso melhor vestido ou o melhor fato para assistir a uma ópera desenganem-se, a tradição ainda é o que era. Antes de lá chegar, receámos ser os únicos a empenhar-se na roupa, mas bastou-nos aproximar do edifício para perceber que todos, mas todos, estavam rigorosamente bem vestidos. O protocolo também ainda é o que era e, em todos os corredores e andares, existem funcionários que nos encaminham para os nossos lugares.
Os nossos bilhetes para assistir a ópera foram comprados em dezembro [a viagem foi em fevereiro] e reservámos os dois únicos lugares lado a lado disponíveis. Por isso, se estão a pensar em assistir a uma ópera em Viena (obrigatório) façam a reserva de bilhetes com mais antecedência, assim poderão escolher os melhores lugares.
Ficamos num compartimento com vista reduzida, mas, acreditem, ficamos fãs de ópera depois desta experiência. Também tivemos a sorte de nos termos estreado com uma das mais emblemáticas, a Tosca de Puccini. Lembrámos que um espetáculo destes dura aproximadamente três horas, com intervalos.
Ainda assoberbados pela ópera, voltamos a correr (tudo a pé, porque em Viena tudo é perto) até ao nosso restaurante previamente escolhido no dia anterior, o eletrizante Medusa (bem perto da Cripta Imperial). Neste restaurante tudo é bom, o serviço, a música ambiente-eletrónica com um volume um pouco mais alto, o espaço e sobretudo a comida, foi mesmo divinal. Agora até olhamos para as sopas de forma diferente. No final do jantar, ainda houve tempo de subir ao piso superior para terminar a noite em grande com um cocktail servido com um estilo muito profissional.
No dia seguinte, já tristes por ser o último na capital austríaca, ainda tivemos tempo de visitar o Palácio Belvedere. Tal como tudo em Viena, os jardins e os espaços envolventes são magníficos e aqui não é exceção. As obras expostas são interessantes, mas todos querem ficar à frente do “O Beijo” de Gustav Klimt. Ao vivo é ainda mais espetacular. Podem tirar fotos em todos os espaços, menos aqui. Há ainda mais obras do pintor austríaco, mas a verdadeira beleza é mesmo o quadro que o tornou famoso, valendo bem o preço de entrada no museu.
E foi assim que passámos dois dias e meio em Viena, uma cidade muito segura, limpa, com uma rede de transportes de fazer inveja aos japoneses, e com muita, mas mesmo muita, arte ao ar livre. Se há cidade que nos marcou e que já tem um bilhete de regresso, essa é a imperial Viena.
Notas:
Orçamento para estes dois dias e meio: Aproximadamente 300 euros para os dois (para despesas de refeições e transportes);
Como chegámos lá: Comboio de Salzburgo a Viena: 25 euros por pessoa pela Westbahn;
Mês escolhido: Fevereiro
Preço médio da refeição: Se for em restaurante, com entrada, prato, copo de vinho e sobremesa, pagam aproximadamente 60 euros por pessoa;
Alojamento: Hotel Alpha Wien, perto da estação de metro de Rathaus, 134 euros para duas noites com pequeno almoço incluído.
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