Interrupções inesperadas, viagens canceladas e muitas mudanças de planos deram origem a uma exposição de ilustrações e desenhos de Ana Aragão, que retratam um Japão mais imaginado do que vivenciado e que pode ser visitado no Museu do Oriente a partir de 5 de novembro.

“No Plan for Japan” é composta por seis coleções de trabalhos da arquiteta portuense, num olhar de quem perdeu a viagem e ficou no aeroporto à espera, a desenhar traços como quem conta o tempo, num esforço, não de encontrar o Japão – tarefa falhada à partida –, mas antes, de não o perder para sempre.

Lugar iminentemente gráfico, o Japão é, contudo, ilegível. Para contornar este problema, a arquiteta desafiou-se a construir novas narrativas gráficas a partir do expoente máximo do gráfico. É assim que surgem as várias coleções que compõem “No Plan for Japan”.

‘Blind Dates’ é onde encontros insólitos dão origem a megaestruturas que deliraram depois de engolirem a cidade. Sem contexto, são uma espécie de contentores de tudo. Já em ‘Forever Lost’, mostra-se uma espécie de teoria sobre as relações, a fragilidade, a complexidade, a transitoriedade, a imperfeição, o equilíbrio, a duplicidade e outros conceitos não listáveis.

‘Fictions’ são casas voadoras, estruturas instáveis, cidades de bambu, edifícios origami e outras ficções que passaram diante da folha de papel. ‘Kanji’ mostra o preto sobre o branco, em traços tão rigorosamente dispostos quanto aleatórios.

Passa-se, então, para ‘The Metabolic Ones’, narrativas distópicas que reinventam a Nakagin Capsule Tower (Kurokawa, 1972) e o Centro de Imprensa e Difusão Shizuoka (Tange, 1967). E, a terminar o percurso, ‘Obi’, uma sequência acerca da impossibilidade da repetição: unidades com anterioridade dividem temporariamente o infinito.

Ana Aragão é licenciada em Arquitetura pela Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto (FAUP, 2009) e bolseira da FCT. Atualmente, dedica-se exclusivamente ao desenho, explorando a temática do imaginário urbano e da arquitetura em papel.

Alguns dos seus projetos recentes incluem a participação na Representação Portuguesa de Arquitetura na edição de 2014 da Bienal de Veneza, o destaque do Arquivo de Luerzer como um dos "200 Melhores Ilustradores do Mundo" (2014), bem como, colaborações com ARTWORKS, Vista Alegre, Porto Barros, Tapeçarias Ferreira de Sá, Jofebar, Centro Cultural de Belém, Casa da Memória de Guimarães, entre outros.