Numa tarde fria de outono, em que as folhas das árvores da Praça do Marquês de Pombal exibiam o seu dourado ao sol, cruzamos a pesada porta de madeira da Fundação Instituto Arquiteto José Marques da Silva (FIMS).
Ao entrar, o olhar prende-se, curioso, nos dois edifícios ligados por um belo jardim, quase secreto ao bulício da cidade. Salta também à vista uma escultura que destoa com o resto da arquitetura daqueles edifícios distintos. É uma obra de Álvaro Siza Vieira, peça da exposição Siza – Inédito e Desconhecido que vai mostrar as várias facetas deste nome maior da arquitetura portuguesa.
É a primeira vez que esta exposição vai estar em Portugal, depois de ter estado em Berlim. Além de contar com esculturas inéditas, reúne “desenhos do próprio arquivo do Siza, parte do legado profissional mas também familiar”, explica ao SAPO Viagens Luís Urbano, vice-presidente da fundação.
Divida pelos vários espaços do rés-do-chão da casa-atelier Marques da Silva, os desenhos de Siza dão uma nova dinâmica à antiga habitação do arquiteto responsável por alguns dos edifícios mais emblemáticos do Porto, como a estação de São Bento, o Teatro Nacional São João ou a Casa de Serralves.
Cruzamos o jardim e entramos no palacete Lopes Martins, que era da família da esposa de Marques da Silva. Aqui está a exposição Mais que Arquitetura que levanta o véu do rico acervo da FIMS.
A fundação nasceu com o objetivo de divulgar o espólio Marques da Silva mas, com o tempo, outros arquitetos doaram os acervos. Mais de 200 mil desenhos e 700 maquetes fazem parte do arquivo e nesta exposição o público vai conhecer diferentes visões de arquitetos, desde exercícios académicos, projetos para habitações e edifícios públicos, até viagens e coleções de arte.
Com a mais importante escola de arquitetura de Portugal e dois dos arquitetos mais reconhecidos, Siza Vieira e Souto Moura, fazia falta na cidade do Porto um polo que divulgasse este legado ao público. “Faz todo o sentido que o Porto tenha um espaço de divulgação e defesa da arquitetura”, completa Luís Urbano.
Para o futuro estão previstas mais exposições e a construção do novo Centro de Documentação que irá acolher os arquivos da Fundação Marques da Silva e da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto. O projeto é assinado por Siza Vieira e o espaço vai surgir entre o jardim da FIMS.
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