Imagem: Quinta dos Termos - créditos: Fábio Giacomelli

No centro do país, a poucas horas das grandes cidades, podemos encontrar Aldeias Históricas, de Montanha e até de Xisto, pelo caminho, os olhares não ficam indiferentes às vinhas plantadas a até 700 metros acima do nível do mar, nesta que é a região vitivinícola mais alta de Portugal. E o que os olhos não podem ver, cabe ao paladar saborear o resultado da vindima, vinhos a maturar em galerias de minas desativadas de estanho e volfrámio, a 50 metros de profundidade.

Terra de vinhos brancos aromáticos e de exuberante frescura, e de tintos com aromas frutados e complexos, a Beira Interior foi demarcada como região vitivinícola em 1999 pela união de três sub-regiões: Castelo Rodrigo, Pinhel e Cova da Beira.

Uma enorme variedade de castas desenvolve-se entre montanhas, em solos graníticos ou xistosos e com um clima de grandes oscilações entre o verão e o inverno. Nesta combinação de fatores, junta-se a altitude com vinhas plantadas entre os 400 e os 700 metros acima do nível do mar resultando em vinhos únicos, com sabores só encontrados por essas paisagens.

Neste roteiro de vistas às adegas, planeado pelas Casas de Alpedrinha, os hóspedes aproveitam o primeiro dia de passeios para conhecer dois importantes empreendimentos da nossa região. Com propostas diferentes e complementares, as adegas Quinta dos Termos, em Belmonte, e Adega 23, em Vila Velha de Rodão, encantam não só pela qualidade dos seus vinhos, mas pela estrutura de produção.

Casas de Alpedrinha
Casas de Alpedrinha Casas de Alpedrinha créditos: Fábio Giacomelli

A Quinta dos Termos é um empreendimento familiar, adquirido em 1945, que está na terceira geração de administradores da mesma família. Junto à tradição das vinhas antigas, plantadas em 1931, e que lá ainda existem e produzem ótimo vinho, uniu-se a vontade de inovar e reinventar. Em 1997 desenvolveu um campo de clones de videiras, laboratório vivo destinado à investigação de castas, e responsável pela recuperação da casta Fonte Cal, uma variedade autóctone que estava quase perdida. No passeio de quase 1h30min pela adega, fique a conhecer todo o processo de produção, desde os cuidados com as vinhas, o período da vindima, estágio, armazenamento e finalize a visita com a degustação de três vinhos.

Já a Adega 23 é um projeto moderno desde o princípio. Criada em 2015, a adega une a produção de vinho à arquitetura e ao design, que podem ser observados no próprio prédio, cujos arquitectos revestiram de textura e nuances de dourado o imponente edifício paralelipipédico. O edifício situa-se na cota mais alta dos 12 hectares, pelo que não passa despercebido a quem circula pela autoestrada A23, a qual atravessa a vinha.

Do vinho ao minério…

Há 50 anos, centenas de trabalhadores, entre homens, mulheres e crianças, movimentavam as galerias repletas de volfrámio e estanho das Minas da Recheira, ou Mina do Alemão, como era popularmente conhecida. Aos pés da Serra da Argemela e às margens do rio Zêzere, essas galerias que durante muitas décadas alimentaram a economia da região, hoje recebem turistas que desejam passar um período como mineiros e apreciar as belezas naturais e geológicas da área.

Beira Interior: roteiros por vinhas plantadas em altitude e vinhos a maturar em minas desativadas
Beira Interior: roteiros por vinhas plantadas em altitude e vinhos a maturar em minas desativadas Galeria onde se encontram vinhos e espumantes a estagiar nas Minas da Recheira créditos: Fábio Giacomelli

Desde 2020, a Quinta das Minas da Recheira recebe visitantes em passeios guiados pelas galerias desativadas e que hoje, além de museu, dispõe de um Salão de Eventos Mineiro e uma galeria onde vinhos estagiam a 50 metros de profundidade. São 4.800 garrafas de espumante, produzidas em 2017 e 2019, e quatro pipas de vinho tinto, que fazem parte do primeiro conjunto de vinhos e espumantes, em todo país, a maturarem em uma mina desativada.

Após um passeio pelas adegas, o roteiro das Casas de Alpedrinha sugere passar a tarde nesta aventura como mineiro, onde os visitantes equipam-se como tal e fazem uma viagem cultural e histórica, com auxílio de um guia, às galerias desativadas, onde podem observar a geologia, os filões de quartzo hidrotermal mineralizados, a grandiosidade das chaminés de ventilação e como acontecia a exploração mineira.