Dizem que a melhor forma de conhecer uma pessoa é viajar com ela e não podia estar mais de acordo. Decidimos viajar juntos pela primeira vez para os Açores - não foi a primeira opção, mas os acasos da vida têm sempre um propósito - o nosso foi o de ir até a uma ilha encantada, fugir do “ruído” do continente e iniciar um processo de autodescoberta e provações.

Conviver com a nossa cara-metade 24 sobre 24 horas tem os seus prós e desafios. No nosso caso, e para uma primeira viagem em casal, acho que passamos no teste. Optamos por ficar em Ponta Delgada a dormir e alugamos um carro para explorar a ilha. Disseram-nos que os Açores têm uma magia inexplicável, só não estávamos à espera de nos apaixonar mal colocamos um pé fora do avião - sim, foi amor à primeira vista.

Os Açores são conhecidos pelos seus miradouros e lagoas de beleza extraordinária e nós iniciamos viagem até à Lagoa das Sete Cidades de manhã cedo para explorar o máximo possível. Passamos pelo Miradouro do Pico do Carvão, Lagoa do Canário, Miradouro da Boca do Inferno, Miradouro da Vista do Rei e chegamos às Sete Cidades, onde tivemos a oportunidade de encontrar uma das estradas mais bonitas que já vimos - imaginem um caminho repleto de hortênsias em que não parece existir fim e que acabou de sair de uma tela a aguarela, de tão perfeito que consegue ser.

Lagoa das Sete Cidades
Lagoa das Sete Cidades créditos: Sofia Baptista Soares

E como bons turistas que fomos, exploramos praticamente tudo a que tínhamos direito. Fomos à Ribeira Grande, ao famoso Chá Gorreana, à Vila do Nordeste e ao Farol da Ponta do Arnel. Tomamos banho nas águas quentes da Poça da Dona Beija e visitámos as igrejas que conseguimos (não vamos casar já, mas gostamos de ver todo o património existente).

Nos últimos dias, fomos ao Parque Terra Nostra e a todas as outras Lagoas existentes. E, sim, fomos sendo constantemente postos à prova. Pelo tempo que teimava em mudar constantemente (dizem que nos Açores temos as quatro estações num só dia e é bem verdade), pelas vezes que nos perdemos sem conhecer, pela falta de paciência que tenho em caminhar e pela vontade infindável de o Diogo andar a pé e explorar (namorar com um antigo escuteiro tem disto).

Numa viagem a dois estamos mais expostos a tudo: ao bom e ao menos bom, ao medo, aos imprevistos e às reações por impulso. E claro que durante uma semana sempre juntos também precisamos de ter o nosso espaço, mas soubemos respeitar o silêncio de cada um sempre que foi preciso. Acima de tudo, se estás a pensar fazer uma viagem a dois, aconselho-te a falar e a respeitar as opiniões e dinâmicas da pessoa com quem estás.

Os kms de uma exploração à ilha
Os kms de uma exploração à ilha créditos: Sofia Baptista Soares

Costumo dizer que as pessoas fazem os locais e se os Açores já seriam incrivelmente belos a um, com a companhia perfeita tornaram-se uma casa onde pretendemos voltar. E de São Miguel, mais que os registos fotográficos, levamos e guardamos a incrível autodescoberta de cada um e de nós enquanto casal. Numa ilha perfeita, aprendemos, ainda mais, a respeitar-nos e a ter a certeza de que somos o destino perfeito de cada um.

Abaixo podes encontrar um conjunto de dicas que certamente te irão ajudar na hora de pôr a mala às costas com a tua cara-metade. Não são as únicas e bem sabemos que cada casal tem a sua dinâmica, mas podem ser um bom ponto de partida. Acompanha-nos por aqui quinzenalmente para mais dicas e não percas todas as semanas o Consultório AGYP no Instagram da Gap Year Portugal.

A RELAÇÃO NUMA VIAGEM A DOIS

1. Interpreta e respeita o silêncio de cada um. Durante uma viagem a dois vão existir momentos em que precisas do teu espaço e de tempo para ti e é nos silêncios que vais encontrar a resposta que procuras.

2. Respeita as dinâmicas do/a teu/tua parceiro/a. Todos temos as nossas manias e momentos e é através do respeito por isso que vais fortalecer a tua relação e conhecer melhor o/a teu/tua parceiro/a.

3. Organiza-te internamente e com a pessoa com quem estás. No meio da azáfama que uma viagem consegue ser, quanto mais alinhados melhor pode correr.

Texto por: Sofia Baptista Soares, Voluntária na Associação Gap Year Portugal