Foto: Alexandre Seiça

Para muitas pessoas, a praia é como uma segunda casa, repleta de memórias felizes de verões que passam sempre depressa demais. Há ainda aqueles para quem este cenário é eterno, nos dias que correm chuvosos no inverno e solarengos no verão. A Nazaré nasce disso: das pessoas que não deixam de respirar o mar que tanto lhes diz. Em tempos, uma vila de pescadores que talvez se tenha tornado uma vila mais turística, mas que nunca perdeu a sua essência. É uma vila cheia de cultura, com um sotaque e linguagem muito próprios, com gentes muito distintas, e com o melhor peixe (ou pêxe) de Portugal (na minha opinião, claro). É ainda um pequeno paraíso para os aventureiros do mar e um ainda maior para os amantes de beleza no geral, porque o que não falta na Nazaré é, de facto, beleza.

Primeiro, há que tirar o elefante da sala: sim, a Nazaré é internacionalmente conhecida pelas suas ondas gigantes, na praia do Norte. Se tu, que queres fazer um gap year, gostares desse tipo de surf, então para de ler. Este é o sítio para ti, ponto final. Se não fores, continua, porque este é o sítio para ti na mesma, mas talvez não saibas ainda porquê. A Nazaré é muito mais do que apenas ondas gigantes (e elas só existem em momentos muito específicos, por isso não vás com expectativas de vê-las a meio do verão).

Começando por um dos meus sítios preferidos, o Sítio (sim, é mesmo o nome). Lá de cima terás o privilégio de presenciar um dos cenários mais incríveis sobre a vila e a sua praia. Senta-te e aproveita, deixa-te inspirar. No fim, dá uma voltinha pelo largo da igreja e aproveita para comer uns tremoços que as Nazarenas, nos seus típicos trajes de sete saias, costumam vender por lá. Daí podes descer até dois lados: à praia do Norte, ou à praia da Vila.

Vamos até à praia da Vila primeiro? Aconselho-te a descer pelo ascensor (ou elevador ou funicular, como lhe queiras chamar), que te oferece perspetivas muito variadas da paisagem e uma experiência bastante agradável, para além de ser prático para pessoas com problemas de mobilidade. Se gostares de andar a pé, tens uma escadaria não muito longe do ascensor por onde podes descer. A paisagem é igualmente bonita, e evitas filas. Já lá em baixo, nada como uma voltinha pela marginal. Absorve o ambiente, desde as gelatarias, às Nazarenas a anunciar quartos (quartos, zimmers, rooms, chambres…), do peixe a secar ao sol, até aos barcos em exposição no areal. De seguida, descansa um pouco na praia. A melhor zona para estenderes a toalha é, sem dúvida, a zona norte, que tem o mar mais calmo e menos vento. Contudo, esta é também a zona mais lotada. Talvez um meio termo seja a melhor opção. Delicia-te também com o mar, que é sempre uma incógnita, podendo variar de piscina a afogamento iminente numa questão de horas (aconselho-te a teres sempre cuidado, e ouvires as indicações dos nadadores-salvadores).

Quando te fartares da vida na vila, sobe de novo ao Sítio, e faz a caminhada que o separa até à praia do Norte. Esta é uma caminhada que vale a pena fazer, principalmente ao pôr-do-sol, pela paisagem de cortar a respiração sobre o mar infinito que se estende tanto à direita quanto à esquerda. E não dispenses, claro, uma subida ao Forte de São Miguel que, para além da vista, tem uma exposição muito interessante sobre o surf de ondas gigantes. No verão encontrarás lá muita gente, mas se fores no inverno (fora da época das ondas gigantes, claro) garanto-te que terás um momento muito teu, num lugar que tem tanto de imponente quanto de belo, de silencioso quanto estrondoso.

Se te pudesse sugerir uma época em que tens de estar na Nazaré, não diria o verão. Diria, sem dúvida, o inverno. Não por ter menos gente, mas por se passar algo de muito especial nessa altura: o Carnaval ou, como manda a tradição portuguesa, o Entrudo. Esta é uma das épocas mais importantes para a vila. Todos os Nazarenos, dos mais velhos aos mais novos, saem à rua com os seus fatos feitos à medida e com dedicação extrema para desfilar e festejar a ocasião. De sexta a terça-feira a festa é garantida, de manhã à noite, e promete um ambiente sem igual.

Muito importante também é a comida! Não é possível contar a quantidade de tascas e restaurantes com os quais te poderás deliciar, por haver tantos e tão bons. Mas, cá entre nós, as tascas são sempre a melhor opção. Tenho duas recomendações para te dar. A primeira é a Taberna da Adélia, com ótimos pratos tanto de peixe quanto de carne (principalmente a espetada). Se gostares de peixinho grelhado no carvão, o restaurante do veleiro é o lugar ideal. Nunca dispenses também de umas cervejinhas e uns berbigões ou mexilhões à beira-mar.

Por último, como gostamos de enfatizar na Gap Year Portugal, não te esqueças de contribuir com um pouco de ti à comunidade. Tenta limpar as praias, quando por lá passares, levando o teu próprio saquinho. Podes também juntar-te a ações de voluntariado, ou a instituições com missões com as quais te identifiques. Tens, por exemplo, os Bombeiro Voluntários da Nazaré, que muito fazem pela região. Que tal dares lá um saltinho e perguntares de que forma podes ajudar?

Há muitos locais por mencionar e muito por dizer. Se há algo mais valioso que as palavras, são as vivências. A Nazaré não é um sítio que se descreva, é um sítio que se sente. No teu gap year, passas por lá?

Texto: Carolina R. de Sousa

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