A carruagem com as suas cores fortes brilha à luz do sol do meio-dia na Praça do Comércio, mas a maioria dos turistas parece mais interessada em tirar selfies junto à estátua de D. José I do que no futuro do Metro de Lisboa. É isso que está em causa no interior desta pesada sala de exposições (29 toneladas é o peso da automotora), tirada dos túneis da capital e posta ao serviço das comemorações dos 75 anos da fundação da transportadora pública.
O Metro de Lisboa tem razões para pensar à frente numa altura em que ainda não conseguiu recuperar totalmente os milhões de passageiros perdidos durante a pandemia (em 2022, ficou 34% aquém do valor registado em 2019) e já passaram 10 anos desde que abriu estações novas.
A visão de futuro que oferece na Praça do Comércio mostra que a empresa conta, no imediato, com a expansão da rede na parte ocidental de Lisboa, a par de uma reconfiguração, muito debatida, de uma das suas linhas, para deixar o impacto da pandemia no passado.
A Linha Amarela passa a Verde e o Metro chega a Alcântara
O prolongamento da estação Rato (da atual linha Amarela) à estação Cais do Sodré (da linha Verde) é o desenvolvimento mais palpável no terreno, com as obras já em avançado estado. A união destas duas estações formará uma linha circular que contará com dois quilómetros de rede e duas novas estações na frente ribeirinha de Lisboa: Estrela e Santos. A abertura da linha Circular está prevista para o último trimestre de 2024, sendo que pode ser preciso mais algum tempo depois disso para avaliar o seu impacto na mobilidade dos passageiros das atuais linhas amarela e verde.
O prolongamento da Linha Vermelha até Alcântara é a outra grande aposta da operadora nos próximos anos. A inauguração da exposição coincidiu com abertura do concurso público relativo à construção e abertura até ao final de 2026 de 4 novas estações: Amoreiras/Campolide, Campo de Ourique, Infante Santo e Alcântara. Foi o próprio primeiro-ministro, António Costa, a avisar que a empreitada precisa de estar concluída até ao último dia de 2026.
Novo material circulante e sistema de sinalização
O Metro de Lisboa procedeu à aquisição de 14 novas unidades triplas (formadas por 42 carruagens) já equipadas com um novo sistema de comunicação que, a par da substituição da sinalização atual, deverá permitir um controlo contínuo do movimento dos comboios, com ganhos de segurança e uma potencial diminuição dos tempos de espera (que também depende da contratação de mais maquinistas).
No interior dos comboios, a diferença mais visível para os passageiros será ao nível da disposição dos lugares sentados, feita de forma longitudinal, "garantindo maior fluidez no movimento dos passageiros e no circuito de entradas e saídas", segundo a transportadora. As novas carruagens deverão começar a circular até ao final do próximo ano.
Fora de Lisboa, o Metro só ganha ramificações à superfície
A transportadora lisboeta e as câmaras municipais de Loures e Odivelas estão a planear a criação de uma nova linha de metro ligeiro de superfície que permitirá aproximar estes concelhos à atual Linha Amarela. Com um total de 19 estações e cerca de 13 quilómetros de extensão, a nova Linha Violeta irá ligar os dois municípios, com transbordo e interface para Lisboa na estação de metro Odivelas. A data de conclusão da empreitada está prevista para o segundo trimestre de 2026.
Perto do rio Tejo também estão previstas duas novas linhas complementares: a LIOS Ocidental, que ligará Oeiras à futura estação de Alcântara e a LIOS Oriental, que unirá Santa Apolónia a Sacavém. Para já, todavia, não passam de planos, sem datas previstas para o início de obras ou dados concretos sobre itinerários e número de paragens.
Como visitar
"O Metro dá vida à cidade" é uma exposição de entrada livre, que pode ser visitada até dia 28 de fevereiro, todos os dias, das 10h00 às 20h00.
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