Na sua origem é uma anta do milénio quarto ou terceiro antes de Cristo, um monumento funerário que foi transformado em capela. Esta mudança teve lugar no século XVII.
Rapidamente, foi apropriada como lugar do sagrado e passou a ser designada por vários nomes: Anta de São Brissos ou Anta da Nossa Senhora do Livramento.
Os dois nomes, São Brissos e Senhora do Livramento, estão relacionados.
Uma lenda até diz que tiveram uma relação. São Brissos é um santo português, terá sido bispo em Évora e morto pelos romanos em 312, e a Santa do Livramento está associada à fertilidade. Desta relação terá resultado um menino que também está na anta-capela.
Quando havia seca, os habitantes de São Brissos levavam a santa até à igreja da aldeia, a cerca de um quilómetro, e colocavam-na de costas para São Brissos. Como o menino ficava na Anta, a Senhora chorava de tristeza e as suas lágrimas eram transformadas em chuva.
A crença durou até um passado recente e agora é mais uma lenda.
Quando se chega ao local, lê-se a indicação de que para se visitar o interior tem de se pedir a chave, e há vários números de telefone. Uma das possibilidades é através da Junta de Freguesia do Escoural.
No interior da Anta-Ermida de Nossa Senhora do Livramento cabem 4 a 5 pessoas e há um altar dedicado a Nossa Senhora do Livramento. Há também ex-votos, em particular de emigrantes, e figuras de cera.
A estrutura tem 4 metros de diâmetro e mantém cinco dos esteios de granito que constituíam a anta. Os esteios medem três metros de altura. O espaço correspondente à antiga anta é agora o átrio da capela.
No exterior, em frente, estão duas pedras que, provavelmente, fariam parte do corredor de acesso à anta. A mamoa, parte da cobertura da anta, ainda é visível.
A Anta-Ermida de Nossa Senhora do Livramento está classificada como Imóvel de Interesse Público.
A anta-capela está caiada com as tradicionais cores desta região do Alentejo, branco e azul. Está próximo da estrada para São Brissos e rodeada de árvores e mato.
A aldeia de São Brissos pertence à freguesia de Santiago do Escoural, no concelho de Montemor-o-Novo.
Um dos habitantes esteve à minha frente a contar os seus conterrâneos e concluiu que serão entre 60 a 70 pessoas, a grande maioria idosos. Por ser um lugar isolado, têm muitas reservas em relação a estranhos.
A aldeia tem um edifício público, que é uma réplica da Anta-Capela de Nossa Senhora do Livramento.
A construção que mais sobressai é a Igreja Paroquial de São Brissos, ao lado da escola primária.
É uma edifício também com um património relevante e que até já originou um contencioso entre a população e um antigo pároco.
A igreja é do século XVI, com influências manuelinas e a nave tem 15 painéis representando o Apostolado e os bispos de Évora: S. Manços, S. Jordão e S. Brissos.
Tentaram a sua classificação como património cultural, mas a iniciativa não teve sucesso.
Fazer chover em São Brissos faz parte do podcast semanal da Antena1 Vou Ali e Já Venho e pode ouvir aqui.
A emissão deste episódio, Fazer chover em São Brissos, pode ouvir aqui.
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