No centro histórico de Castelo de Vide encontramos muitas casas com características judaicas. A arquitetura tradicional com a porta para a residência, dá para um pequeno lance de escadas para o primeiro piso e, ao lado a porta mais larga, para a loja destinada de comércio ou oficinas de artesãos.
São ruas estreitas, sinuosas e em castelo de Vide têm a particularidade de terem dois ou três pisos. A sinagoga está no alto de uma rua muito íngreme que vai dar à icónica Fonte da Vila.
É um pequeno edifício e tem uma excelente vista para a área urbana e algumas montanhas do Parque Natural da Serra de S. Mamede.
A sinagoga tem vários objetos em exposição e alguns são achados arqueológicos, como refere Alexandra Carapito que recebe os visitantes. Foram encontrados em escavações realizadas nos silos da casa. Outros foram oferecidos por membros da comunidade judaica em Portugal.
Podemos ver ainda alguns objetos que são utilizados no culto e também informação sobre a passagem dos judeus por castelo de Vide. Alguns residiram aqui e um dos maiores vultos foi Garcia de Orta que nasceu em Castelo de Vide, foi um médico ilustre e também investigador de outras práticas medicinais como por exemplo na Índia.
No presente ainda se verifica uma relação forte com o passado e há visitantes que vêm aqui reconstituir alguns desses laços e procurar as suas raízes.
A judiaria de Castelo de Vide terá sido mais dinâmica no século XV, depois da expulsão dos judeus de Espanha mas depois teve o declínio com a perseguição em Portugal.
O edifício da sinagoga acompanhou de certa forma esse evoluir e sofreu profundas alterações.
Em 1972, foi reconstruída de acordo com a traça original e mais recentemente foi adaptada a museu.
O bairro da judiaria preserva no entanto algumas casas onde judeus desenvolveram a sua atividade comercial ou de artesãos. Um dos exemplos é a oficina de ferreiro.
Na rua Nova eram 12 os ferreiros e a maioria de cristãos novos. Uma das últimas oficinas a fechar foi a do Mestre Carolino e foi também adaptada a museu. No interior encontram-se inúmeros instrumentos e muitos mais objetos alguns com mais de 500 anos. Há também cartazes da República.
Fechamos o roteiro, alargando-o ao concelho de Marvão, vizinho de Castelo de Vide. A começar pelo lugar de Portagem. Uma ponte e uma torre sobre o rio Sever. Era o ponto de passagem entre Portugal e Espanha. Foi o caminho de muitos judeus expulsos de Espanha. Para Castelo de Vide foram mais de 4 mil, em 1492.
Outros ficaram na Portagem e na torre há uma placa alusiva a esta passagem.
No Museu municipal há ainda duas cabeceiras de sepultura, medievais, com inscrição da Menorá, o candelabro de sete braços e um dos símbolos judaicos mais antigos.
Retomar os laços na sinagoga de Castelo de Vide faz parte do programa da Antena1, Vou Ali e Já Venho, e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.
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