Marialva é uma das 13 Aldeias Históricas de Portugal. Localizada no distrito da Guarda, a apenas 7 km da cidade de Mêda, as sua origens são muito antigas.
Os Túrdulos, uma antiga tribo pertencente ao grupo dos chamados povos Lusitanos, terão sido os primeiros a fundar aqui, no século VI AC, a antiga cidade de Aravor. Tratava-se de um castro situado numa eminência sobranceira aos campos de arvoredo, conhecido como Castro dos Aravos, por ser esta a designação pela qual ficou conhecida a comunidade que habitava Aravor. Conquistada depois pelos Romanos, que a apelidaram de Civitas Aravorum, foi reconstruída durante a governação dos imperadores Adriano e Trajano sendo à época um importante centro de confluência e cruzamento de vias. Depois, vieram os Visigodos, um povo germânico do grupo dos bárbaros que conseguiu penetrar no Império Romano. A esta ocupação seguiram-se os árabes que terão dado à cidadela o nome de Malva.
A designação Marialva foi atribuída por Fernando Magno, rei de Leão, responsável pelo início da Reconquista Cristã da Península Ibérica, e que em 1063 tomou Marialva aos Mouros. Devido às guerras da Reconquista, Marialva acabou despovoada mas D. Afonso Henriques, o primeiro rei de Portugal, mandou-a repovoar e em 1179 concedeu-lhe o primeiro foral. Mas foi o seu filho e sucessor, D. Sancho I, quem reedificou o castelo que foi posteriormente reformulado no reinado de D. Dinis, que lhe atribuiu a carta de feira em 1286, e D. Manuel, que lhe concedeu Foral Novo em 1512. Por essa altura a vila era uma das mais imponentes e fortes praças de guerra do reino e o castelo estava muito próximo dos vestígios que hoje podemos encontrar.
Marialva é constituída por três núcleos distintos: a Cidadela, que é a vila que existia no interior do castelo e que está hoje despovoada; o Arrabalde, que se prolonga para além das muralhas e que atualmente apresenta uma malha urbana predominantemente medieval, onde proliferam igrejas, capelas, casas quinhentistas e senhoriais, bem como habitações rurais com características típicas da casa beirã; e a Devesa, uma zona de arvoredo que se estende pela planície até à ribeira de Marialva. Do antigo recinto muralhado apenas alguns trechos da muralha e torres defensivas subsistem.
A localização fronteiriça de Marialva e a feira que aqui se realizava todos os meses atraiu, a partir do século XIII, a fixação de muitos judeus, dando origem à criação de uma judiaria. Em 1440 o rei D. Afonso V deu o título de Conde de Marialva a D. Vasco Coutinho, que se destacara nas campanhas militares do Norte de África; mais tarde, em 1675, D. Afonso VI fez de D. António Luís de Menezes o primeiro Marquês de Marialva, pelo seu papel decisivo na Revolução de 1640. No entanto, o Marquês de Marialva que deu origem ao significado que hoje em dia se dá à palavra Marialva, e que remete para um homem sedutor e boémio, foi o quarto Marquês - D. Pedro Noronha Coutinho, exímio cavaleiro. Ele teve um papel decisivo no aperfeiçoamento da arte equestre em Portugal na segunda metade do século XVIII, deixando uma obra notável: A Liberal e Nobre Arte da Cavallaria, popularmente conhecida como Tratado de Marialva. Para além disso, ele era um notório boémio e fadista frequentador das vielas de Lisboa.
Hoje em dia, esta aldeia histórica mantém vários testemunhos da ancestralidade portuguesa e calcorrear as suas ruas estreitas é fazer uma autêntica viagem no tempo. Para recriar um dos períodos mais prósperos de Marialva realiza-se nos dias 18, 19 e 20 de Maio o Mercado Medieval organizado pelo Município de Mêda. A recriação acontece, como não podia deixar de ser, no antigo castelo que durante três dias vai estar imerso num ambiente medieval. No mercado vão estar representados as artes e os ofícios da Idade Média e não vão faltar mercadores a vender os produtos da região, malabares, acrobatas, dançarinas orientais, encantadores de serpentes e músicos. Vão acontecer batalhas e duelos, espetáculos de fogo, exibições de falcoaria e até um assalto ao castelo.
Para conhecer melhor esta aldeia histórica, bem como a região envolvente, descarregue o guia de Mêda e deixe-se guiar numa magnífica viagem por fortificações Lusitanas, marcas da ocupação Romana, castelos medievais da Reconquista, locais de culto e solares barrocos, a par das belíssimas paisagens do planalto Beirão e do Alto Douro.
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