Mêda é, para muitos certamente, um destino desconhecido. Integrado hoje no distrito da Guarda, este território é um testemunho da passagem dos tempos, contendo em si a memória dos momentos mais simbólicos da história de Portugal.

Delimitado pelo Alto Douro Vinhateiro, com o qual partilha diversas semelhanças, e a serrania a sul, este é um território de transição e contrastes. A sua ocupação remonta a milhões de anos atrás, tendo-se perpetuado ao longo dos tempos de forma ininterrupta. Sinais desses povoadores pré-históricos estão dispersos por todo o concelho e a herança da cultura castreja e dos povos lusitanos que habitaram a região estão ainda hoje muito presentes.

Barragem de Ranhados
Barragem de Ranhados Barragem de Ranhados créditos: JAC/iClio

Foi assento dos Romanos, que por aqui deixaram vários testemunhos e iniciaram a exploração daquele que é, ainda hoje, um dos grandes tesouros da região: as nascentes termais. Os Banhos de Longroiva existem desde esse período, tendo atraído ao longo dos séculos visitantes que procuram os benefícios das águas sulfúreas da região. A sua utilização tem hoje assento numa estância termal inteiramente renovada, que honra a larga história do uso deste recurso natural, incluindo também tratamentos modernos de SPA. Também dos Romanos permanecem hoje vestígios de uma antiga villa na Coriscada, assim como um balneário romano e até um mosaico semelhante aos encontrados em Conímbriga.

Durante o período da Reconquista, Mêda teve especial relevância devido à sua localização geográfica. Deste período datam também os primeiros castelos, alguns deles ainda hoje visíveis no topo dos montes das freguesias desta região. Em Marialva, uma das Aldeias Históricas portuguesas, o castelo e muralha preserva ainda no seu interior alguns dos edifícios que compunham a antiga vila muralhada.

Marialva
Marialva Castelo de Marialva créditos: JAC/iClio

Pelo que é hoje o concelho de Mêda passaram e fixaram-se os Cavaleiros Templários, da Ordem do Templo, chegados de Jerusalém para ajudar na reconquista do território aos Mouros. Desse período há sinais que ainda hoje prevalecem, como os vestígios de um antigo convento em Marialva, cruzes gravadas nas paredes de casas antigas e templos de influência oriental na vila de Mêda.

A herança judaica é, também, um dos patrimónios mais importantes da região, que teve em tempos uma judiaria e sinagoga dentro dos limites do seu território. Contam-se largas dezenas de judeus, então residentes no concelho, entre os perseguidos pela Inquisição. Vestígios dessa presença Judaica encontram-se no património do concelho, nomeadamente numa lamparina de Sabat - o dia de descanso semanal judaico - presumivelmente oriunda de uma antiga sinagoga e hoje guardada na Igreja Matriz de Mêda.

Mêda
Mêda Cruzeiro da Torre do Relógio em Mêda créditos: JAC/iClio

Nos limites das freguesias do concelho contam-se também diversos pelourinhos, erigidos no reinado de D. Manuel I, aquando da atribuição dos forais concedidos a estas localidades e que hoje subsistem em povoações como Marialva, Longroiva e Mêda.

O território de Mêda primou sempre por uma forte economia agrícola, dependendo da produção de cereais, vinho e azeite. Partilha com a vizinha região do Alto Douro Vinhateiro culturas mediterrânicas, como a amendoeira, que na Primavera atrai muitos visitantes que procuram apreciar a sua floração exuberante. Terão sido os benefícios desta atividade que permitiram a construção de várias casas solarengas no século XVIII, pela mão de famílias nobres da região. Destacando-se pelo seu traçado barroco, algumas delas - como o Solar da Quinta do Redondo, no Rabaçal - estão hoje convertidas em espaços de hotelaria, podendo ser usufruídas de uma perspetiva inteiramente nova. Por algumas destas casas senhoriais passaram também figuras de importância nacional. Por exemplo, o escritor Alexandre Herculano terá ficado alojado na Casa Grande da Prova, aquando de um périplo que realizou pela região, assim como o estadista António Oliveira Salazar, a convite do então proprietário.

Marialva
Marialva Marialva créditos: JAC/iClio

Foi já no século XIX que o concelho de Mêda adquiriu os seus limites atuais, acrescentando às suas fronteiras novas freguesias. Entre castelos medievais, igrejas centenárias, casas nobres, povoações romanas e tesouros naturais inigualáveis, o património destas freguesias inclui os elementos que fazem de Mêda um destino capaz de agradar a todos.


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